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Crítica: A Hora do Mal é um ótimo filme amaldiçoado com um péssimo nome

by Fesouza
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Um grupo de 17 crianças desaparece misteriosamente durante a madrugada, direto de suas casas, colocando uma pequena cidade do interior dos Estados Unidos em pânico. Em meio ao caos da situação, os pais culpam a professora do grupo pelo ocorrido, que jura ser inocente. Mas, afinal, por que as crianças desapareceram? Quem é o culpado por trás disso tudo?

Essa é a premissa básica de Weapons, novo filme dirigido por Zach Cregger, que ganhou fama com o longa Noites Brutais. No entanto, o nome do filme em português pode te enganar.

Com o título A Hora do Mal, a produção pode parecer apenas mais uma das muitas obras de terror que chegam mensalmente aos cinemas para movimentar a venda de pipoca, mas estamos falando de algo que realmente ultrapassa os limites do gênero.

Crítica: A Hora do Mal é um ótimo filme amaldiçoado com um péssimo nome

A seguir, confira mais detalhes sobre A Hora do Mal e como o filme vai muito além do seu título amaldiçoado — tudo sem spoilers.

Um ótimo filme, mas com título amaldiçoado

As adaptações controversas de títulos de filmes no Brasil já rendem debates há anos, e o caso de A Hora do Mal é mais uma prova de que você não pode julgar um livro pela capa. Em defesa da Warner, imagino que não tenha sido fácil bolar algo para adaptar o título Weapons para o português brasileiro além da tradução literal.

A Hora do Mal é mais uma prova de que você não pode julgar um livro pela capa.

Além disso, o título A Hora do Mal até faz certo sentido quando levamos em conta o trailer, que dá bastante atenção ao horário de desaparecimento das crianças: 2h17. No entanto, vale o aviso — a “hora” é apenas um detalhe dentro da narrativa densa e cheia de camadas do filme.

O “do mal” pode sugerir que a produção se trata de mais um filme repleto de jump scares e cenas grotescas. No entanto, a história segue por outro caminho: Zach Cregger investe pesado no suspense e nas surpresas, tornando o filme acessível até para quem não é fã do gênero.

No geral, A Hora do Mal não é apenas um ótimo filme de terror, mas também um longa-metragem de qualidade, que garante entretenimento e refresca seu gênero, abrindo portas para um público mais amplo com uma história original — assim como Pecadores.

Uma história contada por diferentes pontos de vista

Se o título em português pode não fazer jus à obra, a estrutura narrativa de Weapons deixa claro desde o primeiro ato que estamos diante de algo mais elaborado. Além de partir de um mote inicial instigante — crianças desaparecendo misteriosamente —, tudo é contado de uma forma que prende o espectador na cadeira a todo instante.

O filme narra o ocorrido pelo ponto de vista de seis personagens diferentes, revelando, aos poucos, o envolvimento de cada um na história. Essa divisão permite conhecer melhor cada ponta do enredo e aumenta a curiosidade sobre o que está acontecendo.

Crítica: A Hora do Mal é um ótimo filme amaldiçoado com um péssimo nome

Algumas trocas de personagens são inesperadas, tornando a história imprevisível em diversos momentos. A cada final de “capítulo”, você fica com ainda mais perguntas no ar, mas tudo acaba sendo respondido de maneira catártica no final.

A escolha narrativa também traz um ritmo interessante, tornando a estrutura amigável para quem não gosta de experiências muito assustadoras — como é o meu caso. O filme conta com cenas de arrepiar e um ou outro jump scare que faz o coração palpitar, mas tudo é dosado de forma que o suspense é o verdadeiro protagonista do horror.

Em alguns momentos, A Hora do Mal até subverte situações em que você claramente espera um susto, desconcertando o público e até rendendo algumas risadas. Tudo isso vem acompanhado de atuações de peso, com destaque para Julia Garner e Josh Brolin, que entregam personagens que vão além do esperado.

Muitas camadas de interpretação

Outro destaque de A Hora do Mal são as camadas de interpretação. Mesmo respondendo aos seus mistérios principais, o longa-metragem ainda deixa espaço para teorias e especulações do público.

Crítica: A Hora do Mal é um ótimo filme amaldiçoado com um péssimo nome

A obra de Zach Cregger também pode ser vista de diferentes maneiras, servindo como alegoria para diversos temas importantes e atuais. De situação política a violência, você pode interpretar o longa como quiser — e esse é um dos grandes acertos da obra: você sai do cinema com muito para refletir.

E mesmo tirando isso de lado, no fim das contas, a produção é uma boa pedida para passar o tempo e se entreter com uma história assustadora e cheia de surpresas. Seja você fã de terror ou não, A Hora do Mal prova que, quando o terror é bem feito, qualquer hora é boa para encarar o medo.

A Hora do Medo está em cartaz nos cinemas brasileiros atualmente. O longa-metragem chegará ao streaming HBO Max futuramente — confira a previsão de estreia online aqui

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