Depois de meses de expectativa e investimentos bilionários, as empresas começam a ver retorno concreto com os agentes de inteligência artificial (IA) – sistemas capazes de executar tarefas e tomar decisões sem depender de comandos diretos.
Companhias como BNY e Walmart já relatam ganhos de produtividade e redução de custos com o uso desses “funcionários digitais”, segundo o Wall Street Journal.
O movimento indica que a IA começou a sair do estágio experimental e a entregar resultados mensuráveis no mundo corporativo. No entanto, o avanço dos agentes também amplia o desafio de financiar a infraestrutura bilionária necessária para sustentar essa nova geração de ferramentas inteligentes.
O que são agentes de IA e por que agora começaram a dar retorno
Os chamados agentes de IA são programas capazes de agir de forma autônoma. Eles aprendem com dados, executam tarefas e se comunicam com outros sistemas.
Diferente dos chatbots comuns, eles não apenas respondem a comandos, mas tomam decisões, priorizam ações e podem até supervisionar outros agentes.
Segundo o WSJ, essa é a próxima fronteira da automação corporativa: sistemas que operam sozinhos, dentro de regras definidas por humanos. E seu uso começou a mostrar ganhos reais de eficiência.
Até agora, boa parte das empresas ainda testava esses sistemas em projetos piloto, sem resultados concretos. Pesquisas iniciais, como uma do MIT, indicavam que os agentes geravam baixo retorno sobre investimento — o que alimentou o ceticismo no mercado.
No entanto, esse quadro começou a mudar em 2025, à medida que algumas corporações conseguiram levar os agentes do laboratório para a operação, de acordo com o WSJ. Elas os aplicaram em tarefas cotidianas de engenharia, finanças e varejo, por exemplo.
O resultado é que as primeiras experiências bem-sucedidas já mudam a percepção sobre o valor da IA generativa. Casos como o do banco BNY e do varejista Walmart mostram que, com estrutura e supervisão adequadas, os agentes podem aumentar a produtividade sem substituir totalmente as pessoas.
Cases de empresas que já lucram com agentes de IA
Um dos exemplos mais emblemáticos vem do BNY, um dos maiores grupos financeiros do mundo. O banco já opera com cerca de 100 “funcionários digitais”, cada um com login próprio, que se comunicam por e-mail ou Microsoft Teams e respondem a um gestor humano.
Esses agentes de IA analisam códigos, identificam vulnerabilidades e chegam a aplicar correções automáticas em problemas simples. Eles foram desenvolvidos sobre modelos da OpenAI, Google e Anthropic, com reforços internos de segurança e precisão dentro da plataforma do banco, chamada Eliza.
No varejo, o Walmart adotou um agente batizado de Trend-to-Product, que conecta dados de consumo e tendências – como o que adolescentes têm comprado — ao processo de criação de roupas.
O sistema consegue encurtar em até 18 semanas o tempo entre o design e a chegada das peças às lojas. Um exemplo é o vestido No Boundaries Off-Shoulder Mini Dress, cuja especificação e modelagem foram feitas com ajuda do agente de IA.
Segundo o CTO da empresa, Vinod Bidarkoppa, a tecnologia atua como um “multiplicador de força”, aumentando a produtividade sem eliminar funções humanas.
Esses casos ajudam a mudar a percepção de que a IA corporativa ainda não entrega resultados concretos. Estudos que apontavam baixo retorno teriam captado apenas um “momento no tempo”, antes de os projetos amadurecerem.
Agora, com plataformas como a Agentforce, da Salesforce, registrando crescimento de cinco vezes em um ano, a adoção dos agentes começa a se consolidar como o primeiro sinal de retorno prático na corrida pela IA.
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Big techs buscam novos meios para bancar revolução da IA
Enquanto empresas como BNY e Walmart começam a provar o valor dos agentes de IA no dia a dia, as big techs por trás desses sistemas enfrentam um desafio diferente: como financiar a infraestrutura colossal que sustenta essa nova geração de ferramentas.
Companhias como Meta, OpenAI e xAI têm fechado acordos bilionários com bancos e fundos de investimento para construir data centers e garantir poder computacional.
A Meta, por exemplo, lançou o projeto Hyperion, avaliado em US$ 30 bilhões (cerca de R$ 168 bilhões), em parceria com o fundo Blue Owl Capital — operação que combina private equity, financiamento de projeto e títulos de dívida numa mesma estrutura .
O mesmo tipo de “engenharia financeira” aparece em projetos como o Stargate, que conta com a OpenAI e a Oracle, e o Colossus 2, da xAI de Elon Musk.
Todos apostam em modelos híbridos de investimento e dívida para expandir seus data centers e atender à explosão de demanda da IA. Mas esse ritmo acelerado preocupa o mercado.
Analistas ouvidos pelo Wall Street Journal alertam que a combinação de alto endividamento e euforia tecnológica pode lembrar períodos que antecederam antigas bolhas financeiras.
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