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Death Stranding 2 On the Beach é um apocalipse de acessibilidade e decepciona feio! Confira review

by Fesouza
7 minutes read

Death Stranding 2: On the Beach expande o universo do primeiro jogo sem perder o tom contemplativo e existencial que marcou a experiência original. A narrativa permanece introspectiva, mas agora com novas camadas, explorando o peso das conexões em um mundo ainda em reconstrução. Ao mesmo tempo, a jornada está mais fluida, com movimentação mais ágil, desafios mais acessíveis e interações mais diretas com o ambiente. É como se tudo estivesse mais polido, mas ainda carregado de silêncio, vazio e significado.

Com todo esse potencial e o histórico da Sony como distribuidora engajada na acessibilidade de seus jogos, é natural se perguntar: Death Stranding 2 é acessível para jogadores com deficiência? Ou as barreiras impostas por seu design afastam justamente quem mais precisa dessas adaptações?

Nesta análise, trago minhas impressões como pessoa com baixa visão. O objetivo aqui é destacar os recursos de acessibilidade presentes (ou ausentes) e mostrar como essa ausência impactou diretamente minha experiência, que, infelizmente, não consegui concluir. E isso já diz muito.

A imagem mostra o protagonista segurando uma criaçã no colo e ao lado deles aparesse o titulo do jogo

Esta análise foi feita com uma cópia do jogo cedida gratuitamente pela equipe da Nuuvem. A plataforma vende o game com opções de parcelamento na versão digital, que atualmente custa R$ 400.

Interface e Legendas

Quando falamos de interface, é importante separar a UI externa (menus e configurações) da interna (ícones e elementos durante o gameplay). Infelizmente, ambos os lados decepcionam bastante.

Logo ao iniciar o jogo, não há qualquer menu de acessibilidade. Nenhuma instrução, nenhuma sugestão, nenhuma preocupação. Isso já antecipa o que nos espera: um jogo com acessibilidade extremamente limitada. De fato, os menus não possuem nenhuma aba específica para esse público e, fora algumas opções voltadas aos controles, não há ferramentas que realmente acolham jogadores com deficiência.

Os textos são pequenos, difíceis de ler e com transparência que prejudicam o contraste o que dificulta muito a navegação. Não há possibilidade de ajustar o tamanho da fonte ou o fundo dos menus. Já dentro do gameplay, a situação continua: não é possível redimensionar ícones, mudar cores ou adaptar a HUD de forma significativa. O máximo que se pode fazer é ativar ou desativar elementos da tela, o que é extremamente básico para os padrões atuais.

A imagem mostra o tamanho padrão das fontes dos menus de configuração do jogo

As legendas, por sua vez, são praticamente inexistentes em termos de personalização. Além de poder exibir o nome do personagem que está falando, não há mais nada. Nada de tamanho ajustável, fundo opaco, destaques em palavras-chave ou legendas ocultas para representar sons. O tamanho padrão não é péssimo, mas a falta de personalização torna o uso frustrante para pessoas com dislexia, surdez ou baixa visão.

De forma geral, a interface de Death Stranding 2 é uma das piores que vi nos últimos anos em termos de acessibilidade. Nem filtros para daltônicos o jogo oferece. Seria cansativo listar tudo que poderia existir o básico já seria um bom começo. Se você precisa de adaptações visuais para jogar, infelizmente este título não é para você.

Dificuldade

O jogo oferece quatro modos de dificuldade: 

  • História (o mais fácil)
  • Casual
  • Normal
  • Brutal. 

Todos podem ser alterados a qualquer momento durante a campanha.

É importante dizer: nível de dificuldade não é sinônimo de acessibilidade. Ainda assim, em alguns casos, pode ser uma maneira de tentar adaptar a experiência  mesmo que de forma improvisada. No caso de Death Stranding 2, os modos disponíveis são bem genéricos, sem nenhuma subdivisão entre combate, exploração ou quebra-cabeças. Outros títulos recentes já permitem esse tipo de ajuste separado, e aqui, essa opção faz falta.

A tela mostra o mnu do game com as opções de modos de dificuldade presentes para o jogador escolher

Gameplay

O núcleo do gameplay segue a proposta do original: entregar cargas em um mundo aberto, enfrentando obstáculos naturais e inimigos, com foco em exploração e estratégia. Mas quando falamos de acessibilidade, há pouquíssimo a ser dito. Tirando uma assistência de mira básica e a seção de controles (que abordarei a seguir), o jogo praticamente ignora jogadores com deficiência.

E isso é frustrante. Como uma sequência de um dos títulos mais marcantes do PlayStation, e um dos primeiros grandes AAA da Sony nesta geração, era de se esperar um avanço ou ao menos manutenção do que já vinha sendo feito. O que vemos aqui, porém, é um retrocesso.

A imagem mostra uma cena do gameplay em terceira pessoa

Tanto Death Stranding 2 quanto Clair Obscur: Expedition 33  considerados por muitos os melhores lançamentos de 2025 até agora  possuem acessibilidade extremamente precária. E o mais preocupante: poucos veículos falam sobre isso em suas análises.

É doloroso ver que, mesmo sendo parte do público consumidor, nós, jogadores PCD, seguimos invisíveis na indústria tanto no desenvolvimento quanto na cobertura da imprensa. Em pleno 2025, ver uma experiência tão promissora ser bloqueada por falta de recursos básicos não é apenas frustrante. É desrespeitoso.

Controles

A boa notícia: essa talvez seja a única área onde o jogo demonstra algum esforço.

É possível customizar controles com opções como:

  • Ativar/desativar sensores de movimento em mecânicas específicas;
  • Alternar entre manter pressionado ou apenas apertar um botão para ações como correr ou construir;
  • Ajustar a zona morta dos analógicos.

A imagem mostra os menus das opções para configuração dos controles do jogo
São opções úteis, principalmente para quem tem limitações motoras. No entanto, ainda falta o básico: não é possível remapear os botões diretamente no jogo, algo que o próprio PS5 permite via sistema, mas que nem todos os jogadores conhecem. Ter essa função embutida no jogo é uma questão de acessibilidade e praticidade.

No geral, é a parte mais completa da acessibilidade, mas ainda assim, muito limitada.

Vale a Pena?

Death Stranding 2: On the Beach é, sem dúvida, um dos jogos mais aguardados do ano. Visualmente impressionante, com uma trilha sonora marcante e uma narrativa profunda. Mas, para quem precisa de recursos de acessibilidade, essa aventura pode se tornar uma parede intransponível.

A jornada que deveria conectar acaba, infelizmente, separando.

A única área com algum cuidado é o controle, e mesmo assim, com limitações. Todo o resto interface, gameplay, legendas, contraste, leitura apresenta obstáculos constantes. O jogo exige “gambiarras” para ser jogado por parte do público, e isso, por si só, já o torna excludente.

Como jornalista, jogador e pessoa com deficiência, não posso recomendar Death Stranding 2 como uma experiência acessível. A jornada que deveria conectar acaba, infelizmente, separando.

Por fim, um recado aos colegas gamers PCD: Com os preços atuais dos jogos no PlayStation, precisamos ser ainda mais exigentes. Não vale a pena investir R$ 400 em um jogo que não se preocupa com a sua experiência. Se nem com acesso gratuito eu consegui aproveitar como gostaria, imagina quem pagou caro por isso?

Se quiser ficar ligado no que rola no mundo dos games com foco em acessibilidade, fique de olho no Voxel e no TecMundo.

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