Degelo na América do Norte elevou os mares na última era glacial

Pesquisadores descobriram que, durante a última era glacial, os mantos de gelo da América do Norte foram mais influentes no aumento do nível do mar do que se pensava. A descoberta foi publicada na revista científica Nature Geoscience na última quinta-feira (9).

Por décadas, cientistas acreditaram que a Antártida teve uma contribuição maior durante a última era do gelo, entre 8 e 9 mil anos atrás. No entanto, o novo estudo revela o oposto: o derretimento da massa congelada da América do Norte elevou em mais de 10 metros o nível do mar, enquanto a Antártida teve um papel menor.

“Isso exige uma revisão significativa do histórico de derretimento durante esse intervalo de tempo. A quantidade de água doce que entrou no Oceano Atlântico Norte foi muito maior do que se acreditava, o que tem várias implicações”, disse Torbjörn Törnqvist, coautor do estudo e professor de geologia na Universidade de Tulane, em um comunicado.

Gelo da Groenlândia derretendo devido às mudanças climáticas. (Imagem: NASA ICE)

Sedimentos revelaram o passado da Terra

O Atlântico Norte tem um papel fundamental no clima da Terra. Com poderosas correntes oceânicas, como a Corrente do Golfo e a Deriva do Atlântico Norte, ele participa principalmente da regulação climática da Europa e de parte da América.

Estudos atuais revelaram que esses fluxos podem estar enfraquecendo devido ao derretimento da Groenlândia. Isso levaria a um resfriamento drástico no continente europeu e alterações do padrão de chuvas na Amazônia. O novo artigo revelou que esses sistemas eram mais resilientes no passado, o que colabora com as atuais pesquisas.

Para reconstruir milênios de história oceânica, a pesquisadora Lael Vetter, membro da equipe e pós-doutoranda em Tulane, coletou sedimentos milenares preservados ao lado do Rio Mississipi, nos EUA. Ao datar esse material por carbono-14, ela reconstruiu a situação do nível do mar há mais de 10 mil anos.

Perda de gelo no Hemisfério Norte nas últimas décadas. (Imagem: NASA/Goddard Scientific Visualization Studio)

A partir desse trabalho, a doutora em geologia Udita Mukherjee combinou os resultados obtidos por Vetter com dados do nível do mar da Europa e do Sudeste Asiático. Os resultados mostraram uma diferença notável nas taxas de elevação do oceano. Segundo a equipe, apenas um derretimento de gelo maior na América do Norte poderia explicar essa situação.

“Ampliar nosso foco para além da América do Norte e da Europa, incluindo dados valiosos e de alta qualidade do Sudeste Asiático, foi fundamental para esta pesquisa. Ao adotar uma perspectiva verdadeiramente global nos estudos climáticos, podemos aprimorar nossa compreensão e trabalhar juntos em prol de um futuro sustentável”, concluiu Mukherjee.

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