O vídeo viral do influenciador Felca sobre um esquema de exploração de crianças e adolescentes, acumulando mais de 34 milhões de visualizações até agora, fez disparar o número de denúncias contra o crime no Brasil nos últimos seis dias, quando foi publicado.
O Disque 100, canal do governo federal para denúncias de violações de direitos humanos, registrou mais de mil ocorrências desde o último dia 6. Já a organização não governamental SaferNet viu um aumento de 114% no período. Os dados foram divulgados pelo Jornal Nacional.
No início do ano, a SaferNet já tinha alertado sobre o aumento de 80% no número de canais com imagens de abuso e exploração sexual infantil ativos no Telegram, reunindo 1,4 milhão de usuários. A plataforma não se pronunciou sobre o assunto. Denúncias podem ser feitas clicando aqui.

Exposição perigosa
- Ao Jornal Nacional, a juíza Vanessa Cavalieri, da Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro, explicou que as redes de pedofilia são alimentadas por imagens de crianças e adolescentes publicadas pelos próprios pais em redes sociais. Segundo ela, a “internet é a rua, um lugar público perigoso”;
- “Quando a gente pega aqui na Vara da Infância, computadores, celulares e extrai o conteúdo em grupos de pedofilia, em comunidades de abuso sexual infantil, 90% do material que a gente encontra não são imagens explícitas. São fotos e vídeos absolutamente normais, da rotina de uma criança, que qualquer mãe, qualquer pai tira, fotos e vídeos e posta nas suas redes”, disse;
- No Congresso, a expectativa é pelo envio de um projeto de lei pelo governo federal nas próximas semanas que cria punições para empresas de tecnologia em casos de divulgação de conteúdos criminosos no ambiente digital;
- Enquanto isso, parlamentares se articulam para criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação de influenciadores e plataformas digitais envolvendo exploração de crianças e adolescentes;
- Até agora, 70 senadores assinaram o requerimento. Hytalo Santos, um dos influenciadores denunciados por Felca, deverá ser convocado.

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Exploração infantil é problema desafiador
No ano passado, o Brasil se tornou o quinto país que mais contribuiu para o esforço global na detecção de páginas contendo material de abuso sexual de crianças, segundo relatório da associação internacional InHope, ficando atrás de Bulgária, Reino Unido, Holanda e Alemanha.
A SaferNet explica, no entanto, que a hospedagem é apenas uma parte de um quadro mais amplo quando se trata da criação, distribuição e consumo de material de abuso sexual infantil (que podem ocorrer em qualquer lugar).
“O abuso e a exploração sexual de crianças são problemas generalizados em todo o mundo e nenhum país está imune. A ausência de informações sobre hospedagem em um determinado país ou região geográfica não significa que o abuso não esteja ocorrendo”, diz um comunicado.

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