Descoberta abre caminho para contraceptivo não hormonal

Pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, deram um passo importante rumo à criação de um contraceptivo não hormonal, ao identificarem uma forma de impedir a fertilização agindo diretamente na superfície do óvulo. O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, descreve como um fragmento de anticorpo modificado consegue bloquear a fecundação ao atingir uma proteína específica no óvulo.

A descoberta representa uma nova abordagem na área de contracepção, ao propor uma alternativa aos métodos hormonais, que muitas vezes estão associados a efeitos colaterais como alterações de humor, dores de cabeça e risco aumentado de trombose. A estratégia apresentada no estudo contorna esses riscos ao atuar de forma localizada e sem afetar o equilíbrio hormonal do corpo.

Alvo é proteína essencial para ligação do espermatozoide

  • O foco da pesquisa é a proteína ZP2, presente na camada externa do óvulo e fundamental tanto para a ligação com o espermatozoide quanto para impedir a entrada de múltiplos espermatozoides.
  • O professor Luca Jovine, do Departamento de Medicina de Huddinge, explicou que o fragmento de anticorpo utilizado consegue bloquear essa interação com alta eficiência.
  • “Nosso estudo mostra como um pequeno fragmento de anticorpo pode bloquear a fertilização ao atingir a ZP2, uma proteína-chave na superfície do óvulo”, afirma Jovine.
O fragmento de anticorpo (em verde) utilizado pelos pesquisadores se liga à camada externa dos oócitos (óvulos em desenvolvimento) (Imagem: Luca Jovine / Instituto Karolinska)

Fragmento menor é eficaz e reduz riscos

A equipe usou cristalografia de raios-X para mapear em detalhes a interação entre a proteína ZP2 e o anticorpo IE-3, já conhecido por inibir a fertilização em camundongos. A versão modificada — um fragmento chamado scFV — manteve a mesma eficácia, bloqueando a fecundação em 100% dos testes in vitro com óvulos de camundongos.

Por não conter a região Fc, que normalmente aciona respostas do sistema imunológico, o scFV reduz a chance de reações adversas. “Apesar de seu tamanho reduzido, o fragmento permaneceu eficaz, diminuindo os potenciais efeitos colaterais”, destacou Jovine.

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Próximos testes mirarão óvulos humanos

A etapa seguinte da pesquisa será testar um anticorpo similar que atue sobre a versão humana da proteína ZP2. O objetivo é verificar se o fragmento scFV também consegue bloquear a fertilização em testes de fertilização in vitro com óvulos humanos. Caso os resultados se confirmem, os pesquisadores avançarão para testes de segurança, estabilidade e formas de administração.

A próxima etapa é realizar testes em óvulos humanos (Imagem: Anusorn Nakdee / Shutterstock.com)

Se bem-sucedido, o estudo poderá abrir caminho para um método contraceptivo reversível e livre de hormônios, atendendo à demanda por opções mais seguras e personalizadas de planejamento reprodutivo.

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