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Descoberta no Caribe, maior bactéria do mundo é visível a olho nu

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Um estudo publicado na revista Science nesta quinta-feira (23) descreve a descoberta do que, até agora, é a maior bactéria do mundo. Denominado Thiomargarita magnifica, o micróbio não tem nada de “micro”: a espécie pode ser vista, inclusive, a olho nu, segundo os pesquisadores.

Na imagem acima, é possível ver a bactéria Thiomargarita magnifica (filamentos brancos) em comparação com uma moeda. Imagem: Lawrence Berkeley National Laboratory

Essa bactéria tem mais de 9 mil micrômetros de comprimento (unidade de medida equivalente à milésima parte de um milímetro), ou seja, 0,9 cm. “A princípio, isso nos faz questionar até o uso de ‘micro’ para descrever essas bactérias, já que a microbiologia lida com coisas que a gente não vê a olho nu”, disse a bióloga Sylvia Maria Affonso Silva, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em entrevista à BBC. 

Segundo Sylvia, as maiores bactérias conhecidas chegam a, no máximo, 750 micrômetros. Na média, no entanto, essas criaturas têm em torno de 2 micrômetros. Sendo assim, T. magnifica tem 12 vezes o tamanho das maiores bactérias e é até 4,5 mil vezes mais longa do que um micróbio comum.

Encontrados nos mangues de Guadalupe, território ultramarino francês no sul do mar do Caribe, esses seres “desafiam o conhecimento tradicional sobre as células bacterianas”, escreveu a equipe, composta por cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, nos EUA, e da Universidade das Antilhas, que fica na ilha caribenha onde a bactéria foi descoberta.

A bactéria T. magnifica habita os mangues da ilha Guadalupe, no Caribe. Imagem: Lawrence Berkeley National Laboratory

Nem todas as bactérias são prejudiciais à nossa saúde, e a T. magnifica parece fazer parte de um grupo que não representa ameaça, vivendo em equilíbrio no ambiente em que habita.

Segundo o estudo, essa bactéria gigante é classificada como sulfurosa, o que significa que utiliza o enxofre, um elemento químico abundante naquelas águas, para viver e se multiplicar. 

Como seres unicelulares (ou seja, compostos de uma única célula), as bactérias têm o material genético disperso em seu interior, enquanto em organismos mais complexos, o DNA fica guardado dentro do núcleo da célula.

Visão mais aproximada mostra detalhes do organismo. Imagem: Lawrence Berkeley National Laboratory

Segundo Sylvia, a T. magnifica parece estar no meio do caminho. Seus mais de 11 mil genes, número três vezes superior ao código genético de outras bactérias, são encapsulados dentro de estruturas membranosas.

 “Essa organização genética diferenciada é algo muito interessante e que chama a atenção, porque ela parece ficar na transição entres seres procarióticos, como outras bactérias, e os eucarióticos, que são mais complexos”, disse a bióloga.

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Essa configuração diferente, segundo os autores do estudo, representa uma inovação característica de células mais complexas. “É possível que essa organização espacial única indique um ganho de complexidade que pode ter permitido à T. magnifica superar limitações de tamanho e de volume tipicamente associadas às bactéria”.

Eles dizem que ainda não se sabe porque essa nova espécie ficou tão grande em relação às demais. “Por que esses organismos precisam ser tão compridos é outra questão intrigante e desafiadora”, disse a microbiologista Petra Anne Levin, da Universidade Washington em St. Louis, nos EUA, que assina uma breve análise sobre a descoberta, também publicada na Science.

“Outra pergunta mais filosófica é se a T. magnifica representa o limite máximo do tamanho de uma bactéria”, acrescentou a cientista. “Isso parece improvável mas, como o próprio estudo ilustra, as bactérias são infinitamente adaptáveis e surpreendentes, e nunca devem ser subestimadas”.

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