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Detalhe na sua caminhada pode antecipar risco de Parkinson, diz estudo

by Fesouza
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A forma como uma pessoa vira o corpo ao andar pode guardar um sinal importante sobre o risco de desenvolver doença de Parkinson no futuro. Um estudo recente identificou que a redução da velocidade durante essas viradas aparece muitos anos antes do diagnóstico clínico da doença, quando os sintomas ainda não são evidentes.

A pesquisa, publicada na revista científica Annals of Neurology, acompanhou 1.051 pessoas com mais de 50 anos ao longo de uma década e mostrou que essa mudança no movimento surge, em média, quase nove anos antes do Parkinson ser oficialmente identificado. 

Essa descoberta reforça a ideia de que sinais motores muito sutis podem ajudar a antecipar o diagnóstico. E abrir espaço para intervenções mais cedo.

Como o jeito de virar ao andar se tornou um sinal precoce do Parkinson, segundo estudo

O Parkinson é uma doença neurológica que afeta o controle dos movimentos. Entre os sintomas mais conhecidos estão tremores, lentidão para se mover e desequilíbrio

Idosa fazendo caminhada com cachorro em trilha
Corpo pode dar sinais discretos de Parkinson – e um deles parece estar justamente na forma de virar durante caminhadas (Imagem: Pascal Huot/Shutterstock)

Essas manifestações costumam aparecer quando a doença já está em curso. Antes disso, o corpo pode dar sinais discretos. E um deles parece estar justamente na forma de virar durante a caminhada.

Foi isso que pesquisadores alemães investigaram. O estudo analisou se mudanças no desempenho desses giros poderiam estar associadas a um diagnóstico futuro de Parkinson. 

Para isso, os voluntários fizeram um teste simples: caminhar por cerca de um minuto num corredor de 20 metros de comprimento, no próprio ritmo, enquanto usavam um sensor na parte inferior das costas.

Esse dispositivo registrava detalhes do movimento, como duração da virada, ângulo e, principalmente, a velocidade angular máxima (ou seja, quão rápido o corpo gira no momento mais intenso da mudança de direção). Ao longo dos anos, esses dados foram comparados com quem desenvolveu a doença e quem não desenvolveu.

O resultado chamou atenção. Entre os participantes, 23 pessoas foram diagnosticadas com Parkinson cerca de 5,3 anos após a avaliação inicial. Mas, quando os pesquisadores olharam para trás, perceberam que essas pessoas já apresentavam giros mais lentos muito antes do diagnóstico. 

A diferença começou a aparecer, em média, 8,8 anos antes de qualquer avaliação clínica tradicional apontar o problema.

O que a descoberta muda — e quais são os limites do estudo

Identificar sinais tão precoces pode fazer diferença. Segundo os autores, detectar pessoas em risco antes do surgimento dos sintomas evidentes pode acelerar o desenvolvimento e o teste de tratamentos neuroprotetores (terapias pensadas para retardar a progressão da doença, mesmo sem cura definitiva).

doenca de parkinson
Identificar sinais precoces pode fazer diferença no tratamento da doença de Parkinson (Imagem: R Photography Background/Shutterstock)

A proposta não é substituir exames ou diagnósticos médicos, mas somar informações. Avaliações digitais dos movimentos de giro, feitas com sensores vestíveis, podem integrar uma bateria de triagem pré-diagnóstica, combinadas com outros sinais iniciais do Parkinson. 

A vantagem é usar um método objetivo, baseado em dados, e relativamente simples de aplicar em larga escala.

O estudo também testou um modelo de aprendizado de máquina, que combinou idade, sexo e velocidade da virada

Essa inteligência artificial (IA) identificou 60% dos casos em fase pré-diagnóstica e 80,5% dos não casos. Um destaque importante: o modelo teve alta capacidade de descartar risco, o que evitou alarmes desnecessários.

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Os próprios pesquisadores, porém, fazem ressalvas. O número de participantes que desenvolveram Parkinson ainda é limitado. E o estudo trabalhou com sete medidas específicas de giro. Além disso, o algoritmo usado tem restrições para medir com precisão o ângulo exato da virada

Por isso, o próximo passo é ampliar as análises, refinar os modelos e aumentar a sensibilidade e a especificidade dessas ferramentas antes que elas possam ser usadas de forma mais ampla na prática clínica.

(Essa matéria também usou informações do G1.)

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