Já imaginou contemplar um horizonte quase sem fim coberto de algodão? Bem, eu não. Mas isso aconteceu no dia 15 de julho, quando visitei uma plantação de algodão em Goiás, a convite da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), para conhecer o projeto Sou de Algodão e todos os avanços alcançados pelo Brasil no setor.
Segundo dados da Abrapa, a cultura do algodão é uma das que mais cresce no Brasil. Espera-se que o desenvolvimento tecnológico do segmento contribua para tornar o país uma referência no mercado mundial. Hoje somos o terceiro maior produtor de algodão e o maior exportador do produto no mundo.
Essa visita é organizada pela Sou de Algodão e é chamada de Cotton Trip, realizada todos os anos para aproximar os players do setor de todo o processo de produção.
Nosso passeio foi realizado na fazenda Pamplona, pertencente ao grupo SLC Agrícola, que fica em Cristalina (GO), a 270 quilômetros da capital. Lá mergulhamos num mar de algodão, processos avançados da cadeia de produção e todas as implementações tecnológicas que essa indústria adota para seu crescimento.
Mas quais dessas inovações estão presentes na sua roupa? Confira os destaques no texto abaixo.
Sua roupa sustentável
A Abrapa possui um programa de sustentabilidade, o ABR (Algodão Brasileiro Responsável), protocolo de padrão nacional de certificação socioambiental criado em 2012 junto a iniciativas regionais para regular as safras.
Abaixo estão os principais pontos do protocolo ABR:
- Protocolo de certificação brasileiro gerenciado pela Abrapa;
- Cumprimento da legislação ambiental e trabalhista brasileira;
- Auditoria anual nas fazendas por empresas reconhecidas internacionalmente;
- Certificação de toda a unidade produtiva, não apenas dos campos de algodão;
- Foco em aspectos ambientais, sociais e governança;
- Melhoria contínua como princípio.
Em seus programas, a ABR possui centenas de itens de verificação e certificação para garantir que todos os processos cumpram os requisitos necessários. Isso se resume nos três pilares da ABR:
- Desenvolvimento social e comunitário: saúde e bem-estar do trabalhador, desenvolvimento regional, combate ao trabalho infantil e escravo, promoção de diversidade e inclusão.
- Gestão ambiental: saúde do solo, manejo de pragas, conservação da biodiversidade, mitigação climática e gestão da água.
- Boas práticas de governança: transparência, cumprimento de normas, respeito aos direitos dos trabalhadores e comunidades, rastreabilidade da produção.
Esses procedimentos garantem que o Brasil continue ocupando o posto de maior fornecedor de algodão do mundo. Toda a cadeia produtiva também é submetida a esses processos, incluindo insumos, sementes, fiação, tecelagem, confecção e rastreabilidade.
Conheça a origem do que veste
Com dados compartilhados via blockchain, a rastreabilidade é o próximo passo para aprimorar ainda mais o algodão brasileiro. Com um QR Code é possível acessar:
- Produtor
- Certificação ABR
- Unidade produtiva
- Fardo
- Fiação
- Tecelagem/Malharia
- Confecção
- Varejo
A coleta de dados começa na fazenda e segue até o varejo. O consumidor pode verificar todas as informações de cada peça através de QR Code, aumentando a transparência e o poder de decisão na hora da compra.
No vídeo abaixo é possível conferir o passo a passo da verificação:
A rastreabilidade funciona como um controle de qualidade minucioso, aproximando o consumidor de sua marca preferida como nunca antes visto no Brasil.
Aprimorando nosso algodão para o mercado mundial
Com apoio do Ministério da Agricultura e Pecuária e parcerias internacionais, a indústria brasileira de algodão tem aprimorado seus laboratórios e treinamentos, segundo a Abrapa.
Com varejistas parceiros como C&A, Renner, Reserva, Calvin Klein, Dohler e YouCom, a rede já soma mais de 460 mil peças rastreadas, vindas de 99 fazendas de 79 produtores.
O principal ativo dessas fazendas é o fardo de algodão, que pesa mais de 2 toneladas. Após a colheita, ocorre a separação das sementes das fibras e limpeza cuidadosa. Drones são usados para combater pragas como o bicudo, de forma coordenada e tecnológica.
Graças ao clima, ao terreno e às inovações, o Brasil é o produtor com maior produtividade de sequeiro no mundo, com apenas 8% da área plantada irrigada na safra 2024/2025.
O processo até o varejo não transforma a peça em algo futurista, mas emprega práticas sustentáveis que consomem menos recursos do planeta, entregam produtos de melhor composição e compartilham pesquisas entre produtores. Tudo isso chega ao consumidor através do Sou de Algodão.
Criado em 2016, o movimento Sou de Algodão é uma iniciativa da Abrapa para unificar e valorizar os profissionais da cadeia produtiva e da indústria têxtil, dialogando com consumidores, parceiros, marcas e empresas.
E aí, você sabia que existia tanta tecnologia por trás do algodão brasileiro? Comente nas redes sociais do TecMundo!