Do medo à estratégia: o novo papel do CISO na redução de riscos

Por muito tempo, a cibersegurança foi pautada sob a lógica do medo. A imagem do “hacker no porão” ou do “vírus devastador” servia para justificar investimentos e alertar sobre riscos invisíveis. Esse discurso até funcionava quando a tecnologia era periférica, limitada a alguns servidores no data center.

Mas, com a digitalização dos negócios, a transformação da nuvem em padrão, a proliferação de identidades e o uso cada vez maior de inteligência artificial, a segurança deixou de ser um apêndice técnico e passou a ser questão central de continuidade do negócio, receita e reputação.

Nesse cenário, o CISO não pode mais se apoiar em narrativas de catástrofe, CISO não vende medo, vende redução de risco. É assim que a conversa deixa de ser técnica, saindo de “temos mil CVE´s” ou “precisamos de ZTNA, CTEM e IAM” para exatamente qual o risco real e a entrega para o board em uma linguagem simples e que seja realmente acionável. A linguagem do alto escalão é compreendida em termos monetários, “quanto custa uma hora de paralisação do negócio?”, “qual seria o dano a reputação da companhia?”. 

Somente com entendimento pleno o CEO consegue considerar quais riscos ele está disposto a correr e quais ele absolutamente quer riscar da sua lista, e a decisão aqui, não é do CISO isolado, mas, sim do board com contexto e visão geral da companhia.

A lista de CVEs não paga boletos nem aprova orçamento. O que destrava investimento é mostrar, com clareza, como o risco afeta a receita, margem, continuidade e privacidade de clientes e colaboradores. Trata-se de fazer entender qual vulnerabilidade precisa ser resolvida em15 segundos, e qual pode esperar 15 dias. 

Nesse ponto entra o gerenciamento de exposição, que traz consigo o contexto. Quando conectamos “o que” (a falha), “onde” (o ativo/processo), “quem” (identidade/credencial) e “quanto” (impacto financeiro), priorizar deixa de ser uma disputa de narrativas soltas e se transforma em uma jornada de ações verdadeiras e eficientes.

Além disso, com uma média de 83 ferramentas de cibersegurança nas empresas segundo o Relatório da IBM (“Capturing the cybersecurity dividend”), de janeiro de 2025, ambientes distribuídos, nuvem, identidades por toda parte e apps novos toda semana, não se trata de encontrar ainda mais soluções, mas sim de orquestrar os recursos já existentes. O gerenciamento de exposição faz essa costura, une vulnerabilidades, identidades, superfície externa, cloud e até OT numa visão normalizada, com um score corporativo que todos entendem, “seu risco na escala de 0 a 10, é 9. Está disposto a correr?”.

Com essa régua única, a empresa deixa de apagar incêndios e passa a prevenir, removendo risco estrutural com cadência e controle.

Aqui vale um movimento cultural de toda a empresa, não apenas do setor de segurança. Quando cada time mede risco de um jeito, ganha quem grita mais alto e o negócio perde. Ao unificar os líderes em torno da cibersegurança, sejam eles de RH, Operações, Financeiro ou qualquer outro setor, o conjunto fará a força em torno do mesmo painel de informações e com as mesmas bases de dados para uma confiança contínua que vira orçamento previsível, com menos tickets, mais decisões objetivas, mais confiança do board e solidez aos stakeholders.

Trilhando este caminho, o CISO passa a habilitar a inovação como motor de vantagem competitiva. O papel dele não é frear a tecnologia, mas sim governar seu uso. Inventariar onde a tecnologia aparece, gerenciar credenciais e permissões, aplicar políticas claras e, principalmente, ser um comunicador para todos os níveis hierárquicos da companhia sobre a redução de risco – mostra-se um bom caminho. Afinal, risco zero é algo que não existe no mundo real. 

O bom CISO já mudando a pergunta de “quantas vulnerabilidades temos?” para “quanto risco removemos?”. Esse caminho passa por definição de metas, relatórios unificados e simplificados, impactando o público-alvo e facilitando o fator de decisão. 

Lembre-se, o medo paralisa, o negócio orienta. E segurança eficaz é, no fim do dia, a arte de gerenciar risco.
 

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