Do post à demissão: empresas vigiam redes sociais de funcionários, alerta jornal

Empresas nos Estados Unidos têm apertado o cerco sobre o que seus funcionários publicam nas redes sociais. Inclusive, em períodos fora do expediente. É o que aponta o jornal Washington Post neste sábado (13).

Segundo a reportagem, o medo de crises de reputação, boicotes e pressões políticas levou companhias a revisar políticas internas e ampliar o monitoramento do comportamento online de seus colaboradores.

O movimento ganhou força após a repercussão de postagens sobre a morte do influencer Charlie Kirk, assassinado em setembro. A reação pública a esses conteúdos funcionou como um alerta: para muitas empresas, o que antes era tratado como opinião pessoal passou a ser visto como risco direto à marca, ao negócio e ao ambiente interno.

Postagens pessoais viram risco corporativo e acionam resposta das empresas

Um dos casos citados pelo Washington Post ajuda a entender essa virada. Chase Thieme, de 37 anos, publicou no LinkedIn um texto genérico sobre “sinais de um mau chefe”, sem citar empresas ou pessoas. Pouco depois, foi demitido. 

Segundo ele, o gestor mencionou diretamente a postagem durante a conversa que resultou na dispensa, mesmo o conteúdo tendo sido publicado em perfil pessoal e fora do horário de trabalho.

Conteúdo postado ou compartilhado fora do expediente de trabalho já rendeu demissões nos EUA, segundo reportagem (Imagem: 13_Phunkod/Shutterstock)

O episódio ilustra o que especialistas descrevem como fronteiras cada vez mais borradas entre fala privada e punição no ambiente de trabalho. 

De acordo com fontes ouvidas pelo jornal, empresas passaram a tratar postagens sobre temas sociais e políticos como potenciais gatilhos de crise, especialmente quando ganham alcance e começam a circular fora do controle do autor original.

Esse receio se intensificou após o caso Charlie Kirk. A reportagem lembra que, em novembro, a Reuters contabilizou pelo menos 600 trabalhadores investigados, punidos ou demitidos por postagens relacionadas ao assassinato

Entre eles, estavam professores, funcionários de grandes companhias aéreas, redes varejistas e empresas de tecnologia. Algumas mensagens exaltavam violência; outras apenas comentavam o episódio. O ponto é: todas acabaram no radar corporativo.

Diante desse cenário, executivos de recursos humanos passaram a adotar uma postura mais preventiva. Para muitos deles, a ideia de “rede social privada” simplesmente deixou de existir

Mesmo conteúdos publicados em contas pessoais podem viralizar, ser associados à empresa e gerar pressão externa. O resultado tem sido um aumento do monitoramento e ajustes rápidos em códigos de conduta e manuais internos.

Liberdade de expressão tem limites diferentes no trabalho

O problema é que, do ponto de vista legal, funcionários do setor privado têm poucas proteções quando o assunto é liberdade de expressão

A Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que trata de liberdade de expressão, protege mais os empregadores do que os empregados (Imagem: PeopleImages.com – Yuti A/Shutterstock)

Especialistas explicam ao Washington Post que, na maioria dos casos, esses trabalhadores são contratados no regime conhecido como “at will”. Traduzindo: eles podem ser demitidos com ou sem justificativa formal. E a Primeira Emenda da Constituição americana, nesse contexto, protege muito mais os empregadores do que os empregados.

Ainda assim, advogados alertam que políticas internas excessivamente vagas ou amplas podem gerar conflitos. Quanto mais detalhadas e rígidas são as regras sobre comportamento online, maior a chance de contestação. 

Empresas tentam equilibrar a proteção da marca com o risco de parecerem censoras ou arbitrárias, o que pode afetar clima interno e até a atração de talentos.

A situação muda parcialmente no setor público. Servidores e professores, por exemplo, costumam ter mais garantias quando falam sobre temas de interesse público, desde que isso não interfira diretamente no funcionamento do trabalho. 

A reportagem cita ações judiciais movidas por docentes e funcionários públicos punidos por comentários sobre Charlie Kirk. Alguns deles conseguiram decisões favoráveis, incluindo reintegração ao cargo.

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Mesmo assim, o cenário segue nebuloso. A legislação trabalhista americana protege discussões sobre salários, benefícios e condições de trabalho. Mas muitos empregadores ignoram ou desconhecem esse limite. 

No fim, como resumem especialistas ouvidos pelo jornal: de um lado, empresas tentam evitar virar um “Big Brother” digital; de outro, sabem que, na internet, qualquer postagem pode escapar do controle. Aí, em questão de minutos, isso vira um problema de todos.

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