Os modelos de inteligência artificial atuais funcionam como alunos que passaram a vida inteira dentro de uma biblioteca virtual, mas nunca saíram para explorar a rua. Ou seja, esses modelos são bons em aprender com as informações já existentes – textos, imagens e vídeos –, mas não sabem lidar com situações do mundo real.
E é aí que, segundo o The Wall Street Journal, uma revolução silenciosa começa a ganhar força. Os chamados “modelos de mundo” podem transformar a maneira como a tecnologia aprende, tornando-a capaz de prever, agir e até mesmo raciocinar em cenários complexos.
A abordagem “modelo de mundo” já está presente no dia a dia
Especialistas acreditam que os “modelos de mundo” são fundamentais para a IA de nova geração, sendo vitais para o surgimento de uma “inteligência geral artificial (IAG)”. Tanto que a professora Fei-Fei Li, da Universidade de Stanford, arrecadou US$ 230 milhões para criar a startup World Labs, voltada para a criação de “modelos de mundo”.
Essa abordagem já pode ser vista no uso de drones militares, robôs e veículos autônomos mais seguros.
Moritz Baier-Lentz, sócio e investidor da Lightspeed, empresa de capital de risco, ao WSJ.
Apesar da atenção nos grandes modelos de linguagem, é a IA baseada em modelos de mundo que pode dar o próximo salto para assumir um papel de destaque na vida dos usuários.
Modelos atuais ainda apresentam falhas significativas
A matéria no WSJ destaca que os modelos de IA atuais apresentam falhas importantes em suas respostas. Como as IAs aprendem de acordo com as informações fornecidas, essas informações podem estar incompletas ou serem contraditórias, tornando as simulações extremamente complexas quando precisam lidar com o mundo real.
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Não importa quantos dados as IAs generativas sejam treinadas, elas só conseguem aprender um modelo probabilístico de como o mundo funciona.
Gary Marcus, ex-chefe de esforços de IA da Uber, ao WSJ.
A possível solução está no Genie 3, modelo de IA que consegue gerar paisagens virtuais fotorrealistas do mundo real a partir de um prompt de texto.
Inteligência artificial que comete erros e aprende com eles
Desenvolvido pelo Google DeepMind, o Genie 3 tem como foco a criação de “modelos de mundo”: ambientes virtuais realistas onde a IA pode aprender a agir, prever situações e tomar decisões.
A plataforma pode ser comparada a um bebê em fase de crescimento. Ele brinca, comete erros e aprende até atingir seus objetivos, explica a matéria, da mesma forma que um ser humano faria no mundo real.
Como o Genie 3 irá revolucionar a IA no futuro próximo?
- Em um ambiente seguro e simulado, o Genie 3 irá treinar IAs para controlar robôs e veículos autônomos.
- Criará cenários virtuais com pessoas e obstáculos, permitindo que a IA aprenda a interagir com humanos.
- Usará dados de plataformas como Medal.tv, que registram jogabilidade e ações de usuários para enriquecer o treinamento.
- Contará com ambientes realistas para testar comportamentos complexos, evitando riscos do mundo real.
- Irá acelerar o desenvolvimento de sistemas capazes de operar com segurança fora do ambiente virtual, como carros autônomos.
Ou seja, o Genie 3 funciona como um campo de treinamento virtual para IAs, reduzindo riscos e custos e preparando a IA para funções mais práticas no mercado de trabalho.
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