Home Variedade É possível teletransportar o planeta Terra? Astrofísica esclarece polêmica de Quarteto Fantástico

É possível teletransportar o planeta Terra? Astrofísica esclarece polêmica de Quarteto Fantástico

by Fesouza
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As críticas ao filme Quarteto Fantástico: Primeiros Passos têm sido, em sua maioria, positivas. Com 86% de aprovação dos críticos e 92% do público no Rotten Tomatoes, a nova produção superou outros lançamentos da Marvel em 2025 — além de ser a melhor recepção de um filme da família fantástica até hoje.

Entretanto, algumas escolhas narrativas geraram debates nas redes sociais. A mais surpreendente (e gigantesca) delas foi a solução encontrada por Reed Richards para derrotar Galactus: teletransportar o planeta Terra para outro ponto da galáxia.

Mas essa ideia tem base científica? Seria possível teletransportar o planeta, mesmo que em teoria? Conversamos com Roberta Duarte, doutora em astrofísica e especialista em inteligência artificial aplicada ao clima, para tirar algumas dúvidas científicas sobre o filme.

O sonho do teletransporte é viável?

Muitas das invenções que vemos em filmes, principalmente os de super-heróis, parecem boas demais para serem verdade. Um exemplo grandioso é a viagem no tempo que guia a linha narrativa de Vingadores: Ultimato. Mas será que alguns desses experimentos ficcionais podem se tornar realidade? A humanidade têm planos de seguir nesse caminho? Pelo menos sobre o teletransporte, Roberta acha que não.

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“É muito difícil, não existem planos. A única coisa que existe são os entrelaçamentos quânticos, mas isso é um efeito da mecânica quântica que não é aplicável a nós. Já houve até um experimento na China em que conseguiram teletransportar uma partícula para uma estação espacial, mas isso ocorre apenas no nível quântico”, explica a cientista.

“Então, muita gente se pergunta: ‘Se conseguimos teletransportar uma partícula, conseguimos fazer isso com qualquer coisa, certo?’. Mas não é bem assim, até porque a partícula está entrelaçada — ou seja, há um sinal aqui e ele é recebido simultaneamente em outro lugar. Portanto, é impossível realizar um teletransporte como vemos na ficção científica.”

A ponte de Einstein-Rosen e os “portais”

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Se o teletransporte como conhecemos nos filmes não é viável, há alguma alternativa teórica? Roberta aponta a ideia da ponte de Einstein-Rosen, popularmente conhecida como buraco de minhoca.

“Em tese, seria parecido com um teletransporte, mas usando portais. A ideia envolve um buraco negro conectado a um buraco branco, permitindo uma travessia entre dois pontos do espaço. Logo depois, até mesmo Einstein já havia colocado que isso é extremamente hipotético, não tem como existir.”

Ficção científica: ajuda ou atrapalha?

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Enquanto filmes como Quarteto Fantástico acabam não sendo tão precisos em sua ciência, Roberta acredita que esse tipo de produção pode ser positiva para a área. A astrofísica vê isso como uma forma de divulgação científica e que, mesmo com exageros, o impacto pode ser positivo.

No entanto, assim como na internet, é importante não acreditar em tudo que se vê. Seja como um problema, uma solução ou até um complemento da narrativa, ainda é importante não tomarmos como verdade tudo que nos é apresentado nesses casos, afinal, não há como negar que alguns filmes até forçam a barra nesse sentido.

“Principalmente os filmes de super-herói no início dos anos 2000. Hoje em dia já tá um pouco melhor, eles estão respeitando mais a física. Acho que até mesmo aquela história do Super-Homem de 1978, que ele pega Lois Lane, mas, com aquela velocidade, não daria para ele segurá-la. Hoje eu acho que estão tomando mais cuidado com essas coisas justamente porque virou meme.”

Entretenimento vs ciência

Apesar de ideias como a de Reed Richards serem fascinantes, é importante separar a ficção da realidade. Para Roberta, esse discernimento é essencial — e ainda assim, não impede que a arte inspire a ciência, e vice-versa.

“Hoje em dia tento desligar a ‘chavinha’ da física para curtir os filmes. Mas é bom ver que a indústria está se preocupando mais com a precisão científica”, diz a astrofísica. Ela menciona, inclusive, produções como Oppenheimer e Interestelar, que além de serem ótimos filmes, também trazem um nível de precisão extremamente detalhista, sendo uma ótima pedida para cinéfilos e cientistas.

Mas e você? O que acha desse crossover entre ficção e ciência? Comente nas redes sociais do Minha Série! Estamos no Threads, Instagram, TikTok e até mesmo no WhatsApp. Venha acompanhar filmes e séries com a gente!

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