É seguro consumir alimentos após a data de vencimento?

Certamente, em algum momento você já se deparou com algum alimento em casa, seja esquecido na geladeira ou no fundo da despensa, que estava lá há muito tempo e passou da data de validade por alguns dias. Surge então a dúvida: será que ainda é seguro consumi-lo?

A resposta para essa questão não é simples e exige bastante cuidado. Consumir produtos vencidos pode trazer sérios riscos à saúde, mesmo que pareçam estar em boas condições. 

Neste artigo, vamos explicar por que essa prática é perigosa. Acompanhe e entenda como funciona.

Como funciona o prazo de validade dos alimentos

O prazo de validade indica o período em que o alimento permanece seguro e adequado para consumo, desde que seja armazenado conforme as instruções do fabricante. Ele garante que o produto manterá suas propriedades sanitárias, nutricionais e sensoriais, como sabor, cor, textura e aroma.

Como os fabricantes definem o prazo de validade?

Para determinar a data impressa na embalagem, as indústrias realizam três principais tipos de avaliação:

  • Segurança microbiológica: testes que verificam se o alimento não desenvolverá microrganismos patogênicos nem produzirá toxinas acima dos limites permitidos.
  • Qualidade nutricional: análise da preservação de nutrientes ao longo do período indicado, algo essencial em produtos como fórmulas infantis e suplementos.
  • Características sensoriais: monitoramento de sabor, aroma, cor e textura, garantindo a aceitação do consumidor.
Data de validade em lata de alimento, close-up / Crédito: CalypsoArt, Shutterstock (divulgação)

Por que não consumir alimentos vencidos?

Agora que entendemos como funciona a data de validade, surge a dúvida: é seguro ingerir alimentos após esse prazo? A resposta é não. 

Consumir alimentos após a data de validade não é seguro. Mesmo que o produto pareça normal no cheiro, sabor ou aparência, ele pode estar contaminado por bactérias, fungos e toxinas invisíveis. O risco vai desde simples desconfortos gastrointestinais até intoxicações graves.

O congelamento não “pausa” a validade

Congelar alimentos em casa não estende com segurança o prazo indicado na embalagem. O congelamento pode até preservar a aparência, mas não impede o crescimento de microrganismos já presentes.

Geladeira cheia e desorganizada consome mais energia, segundo especialistas/Shutterstock_ARENA Creative

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Riscos de consumir alimentos vencidos

Contaminação invisível

Bactérias como Salmonella, Escherichia coli e Listeria podem se multiplicar mesmo em ambientes refrigerados, sem alterar o cheiro, a cor ou a textura do alimento. Isso torna a detecção impossível a olho nu. Além delas, fungos e bolores podem liberar micotoxinas, substâncias tóxicas e até cancerígenas.

Intoxicação alimentar e sintomas

Ao ingerir alimentos vencidos, a pessoa pode desenvolver sintomas de intoxicação alimentar, como náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, febre e calafrios. Em casos mais graves, pode ocorrer desidratação. Esses sinais costumam aparecer poucas horas após o consumo e podem exigir atendimento médico, especialmente em crianças e idosos.

Mão segurando garrafa de leite e verificando validade no supermercado / Crédito: 8th.creator, Shutterstock (divulgação)

Alterações nutricionais e químicas

Mesmo quando não há sinais visíveis de contaminação, os alimentos sofrem alterações nutricionais e químicas após a data de validade. As vitaminas se degradam, reduzindo o valor nutricional; as proteínas começam a se decompor; e as gorduras passam por oxidação, tornando produtos como óleos, castanhas e biscoitos rançosos. 

Esse processo de oxidação também gera radicais livres, substâncias associadas ao desenvolvimento de doenças crônicas, como problemas cardiovasculares e câncer.

Grupos de risco

O perigo do consumo de alimentos vencidos é ainda maior para grupos de risco, como crianças pequenas, gestantes, idosos e pessoas com a imunidade comprometida. Nesses casos, até mesmo pequenas contaminações podem provocar complicações sérias e exigir cuidados médicos imediatos.

Alimentos sem obrigatoriedade de validade

O vinagre não tem uma data de validade tradicional porque a sua acidez atua como um conservante natural, impedindo a deterioração do produto. /Imagem: masa44 / iStock

A Anvisa dispensa a data de validade em alguns casos, geralmente produtos de longa duração ou consumo imediato. Entre eles:

  • Bebidas alcoólicas acima de 10% de teor alcoólico
  • Vinagre
  • Açúcar sólido e sal
  • Balas e gomas de mascar
  • Produtos de padaria consumidos em até 24h
  • Hortaliças e frutas frescas não processadas

Mesmo nesses exemplos, a conservação correta é essencial, já que frutas e verduras, por exemplo, estragam rapidamente.

O debate sobre mudar as regras de validade

(Imagem: Gleb Usovich/Shutterstock)

No Brasil, já houve discussões sobre a possibilidade de alterar as regras de validade dos alimentos. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) sugeriu ao governo a flexibilização dos prazos e a adoção do modelo “Best Before” (“melhor consumir antes”). 

Diferente da validade tradicional, esse formato indicaria até quando o alimento mantém suas melhores características, deixando ao consumidor a decisão de avaliar se ele ainda está próprio para consumo após esse prazo. 

A proposta tem como objetivo reduzir o desperdício alimentar, mas enfrenta desafios importantes, como a necessidade de campanhas de educação para que os consumidores compreendam os riscos, o risco de confusão já que muitas pessoas se baseiam apenas na aparência do alimento, e a exigência de fiscalização rigorosa para evitar abusos por parte da indústria.

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