Uma pesquisa publicada no The Astronomy Journal descobriu um planeta “elo perdido”. Formado entre dez e 30 milhões de anos atrás, o V1298 Tau b é considerado jovem e é classificado como um sub-Netuno (exoplanetas que têm raios menores que Netuno, mas que podem ter massas maiores ou menores que ele).
Ele é considerado um “elo perdido”, pois sua atmosfera rica em hidrogênio e menos metais e seu interior mais quente desafiam os modelos atuais de formação de sub-Netunos maduros, sugerindo que ele pode estar em um “cruzamento de caminhos” evolutivo, com o potencial de se tornar dois tipos diferentes de mundos.
Características incomuns do planeta “elo perdido”
- O V1298 Tau b possui atmosfera muito mais clara e pobre em metais, com 100 vezes menos metano;
- Ele também é, em geral, 100 vezes menos enriquecido em metais quando comparamos com um sub-Netuno maduro;
- Além disso, seu calor interno é inconsistente com o modelo de formação típico para sub-Netunos. Essas diferenças indicam que processos evolutivos significativos ainda estão ocorrendo;
- As observações do Telescópio Espacial Kames Webb (JWST) foram cruciais para estimar, com precisão, a massa do V1298 Tau b e sua composição atmosférica;
- O JWST permitiu o acesso a múltiplas características de absorção molecular (H₂O, CH₄, SO₂, CO₂, CO) no infravermelho próximo, fornecendo dados vitais para analisar sua atmosfera e determinar as diferenças em relação a outros planetas.
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Dois mundos distintos em um só?
As simulações da equipe indicam que V1298 Tau b pode evoluir para dois tipos de planetas.
Em alguns cenários, ele se tornará o esperado sub-Netuno. Em outros, ele se transformará em uma super-Terra considerável, um mundo rochoso maior que o nosso. Em alguns casos, a perda de sua atmosfera pode ocorrer em apenas 7,5 milhões de anos.
“Descobrimos que o V1298 Tau b tem atmosfera muito mais clara e metal-pobre e interior mais quente do que as observações dos sub-Netunos revelaram anteriormente. Isso sugere que os processos evolutivos ainda estão se desdobrando e, potencialmente, transformarão a composição atmosférica deste planeta com a idade”, disse o principal autor da pesquisa, Saugata Barat, da Universidade de Amsterdã (Holanda), em comunicado.
“No geral, essas descobertas desafiam nossa compreensão de como os planetas sub-Netuno se formam e evoluem. Mostramos que, em seus estágios iniciais, esses planetas possuem atmosferas que diferem significativamente das de seus colegas maduros e de bilhões de anos”, acrescentou o co-autor Jean-Michel Déser, também da Universidade de Amsterdã.
A equipe está co-liderando um extenso programa do JWST para observar sete exoplanetas jovens, com idades entre 20 e 200 milhões de anos. O objetivo é obter novas visões sobre a evolução das atmosferas deles e aprofundar a compreensão dos diversos caminhos da formação planetária.
Os resultados desta pesquisa estão disponíveis no servidor de pré-impressão ArXiv.
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