Na noite desta quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão sobre o tarifaço de 50% imposto pelo governo Donald Trump.
Partindo do tema, o presidente brasileiro destrinchou outros assuntos relacionados, como a presença das plataformas digitais no país, o ataque ao Pix e a questão do desmatamento da Amazônia.
Principais pontos abordados por Lula
- Lula chamou a carta de Trump, enviada a ele na última semana, de “chantagem inaceitável“;
- Também reiterou que as informações sobre um suposto déficit dos Estados Unidos em relação ao Brasil são falsas, citando os números apurados pelo governo;
- Ainda, chamou os políticos brasileiros que apoiam as últimas atitudes de Trump contra o Brasil de “traidores da pátria“;
- Sobre as big techs e plataformas de mídias sociais, Lula reiterou que, “para operar no nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras são obrigadas a cumprir as regras” e que, “no Brasil, ninguém — ninguém — está acima da lei“.
Lula reiterou que o Brasil aposta na diplomacia e boas práticas comerciais para resolver impasses e que vem se reunindo com representantes dos setores produtivos, sociedade civil e sindicatos. “Essa é uma grande ação conjunta que envolve a indústria, o comércio, o setor de serviços, o setor agrícola e os trabalhadores”, afirmou.
O presidente também abordou as questões do meio ambiente, já que Trump pediu uma investigação que abrange o desmatamento da Amazônia. “O Brasil hoje é referência mundial na defesa do meio ambiente. Em dois anos, já reduzimos pela metade o desmatamento da Amazônia. E estamos trabalhando para zerar o desmatamento até 2030“, pontuou.
Ele ainda citou o Pix, que virou alvo de críticas e investigação dos EUA. Trump alega que o sistema de pagamentos brasileiro prejudica as empresas estadunidenses que trabalham com pagamentos. “Além disso, o Pix é do Brasil. Não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo e vamos protegê-lo“, frisou.
Para encerrar, Lula citou números relacionados ao mercado brasileiro e as parcerias comerciais que o governo construiu desde que assumiu. Também falou que, “se necessário, usaremos todos os instrumentos legais para defender a nossa economia. Desde recursos à Organização Mundial do Comércio até a Lei da Reciprocidade”.
“Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos. Acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações”, completou.
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Íntegra do pronunciamento
Leia, a seguir, a íntegra do discurso de Lula:
“Minhas amigas e meus amigos,
Fomos surpreendidos, na última semana, por uma carta do presidente norte-americano anunciando a taxação dos produtos brasileiros em 50%, a partir de 1º de agosto.
O Brasil sempre esteve aberto ao diálogo. Fizemos mais de 10 reuniões com o governo dos Estados Unidos, e encaminhamos, em 16 de maio, uma proposta de negociação. Esperávamos uma resposta, e o que veio foi uma chantagem inaceitável, em forma de ameaças às instituições brasileiras, e com informações falsas sobre o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos.
Contamos com um Poder Judiciário independente. No Brasil, respeitamos o devido processo legal, os princípios da presunção da inocência, do contraditório e da ampla defesa. Tentar interferir na justiça brasileira é um grave atentado à soberania nacional.
Só uma pátria soberana é capaz de gerar empregos, combater as desigualdades, garantir saúde e educação, promover o desenvolvimento sustentável e criar as oportunidades que as pessoas precisam para crescer na vida.
Minha indignação é ainda maior por saber que esse ataque ao Brasil tem o apoio de alguns políticos brasileiros. São verdadeiros traidores da pátria. Apostam no quanto pior, melhor. Não se importam com a economia do país e os danos causados ao nosso povo.
Minhas amigas e meus amigos, a defesa da nossa soberania também se aplica à atuação das plataformas digitais estrangeiras no Brasil. Para operar no nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras são obrigadas a cumprir as regras.
No Brasil, ninguém —ninguém— está acima da lei. É preciso proteger as famílias brasileiras de indivíduos e organizações que se utilizam das redes digitais para promover golpes e fraudes, cometer crime de racismo, incentivar a violência contra as mulheres e atacar a democracia, além de alimentar o ódio, violência e bullying entre crianças e adolescentes, em alguns casos levando à morte, e desacreditar as vacinas, trazendo de volta doenças há muito tempo erradicadas.
Minhas amigas e meus amigos,
Estamos nos reunindo com representantes dos setores produtivos, sociedade civil e sindicatos. Essa é uma grande ação conjunta que envolve a indústria, o comércio, o setor de serviços, o setor agrícola e os trabalhadores.
Estamos juntos na defesa do Brasil. E faremos isso de cabeça erguida, seguindo o exemplo de cada brasileiro e cada brasileira que acorda cedo, e vai à luta para trabalhar, cuidar da família e ajudar o Brasil a crescer.
Seguiremos apostando nas boas relações diplomáticas e comerciais, não apenas com os Estados Unidos, mas com todos os países do mundo.
Minhas amigas e meus amigos,
A primeira vítima de um mundo sem regras é a verdade. São falsas as alegações sobre práticas comerciais desleais brasileiras. Os Estados Unidos acumulam, há mais de 15 anos, robusto superávit comercial de US$ 410 bilhões de dólares.
O Brasil hoje é referência mundial na defesa do meio ambiente. Em dois anos, já reduzimos pela metade o desmatamento da Amazônia. E estamos trabalhando para zerar o desmatamento até 2030.
Além disso, o Pix é do Brasil. Não aceitaremos ataques ao Pix, que é um patrimônio do nosso povo. Temos um dos sistemas de pagamento mais avançados do mundo, e vamos protegê-lo.
Minhas amigas e meus amigos,
Quando tomamos posse na Presidência da República, em 2023, encontramos o Brasil isolado do mundo. Nosso governo, em apenas dois anos e meio, abriu 379 novos mercados para os produtos brasileiros no exterior.
Estamos construindo parcerias comerciais com a União Europeia, a Ásia, a África e nossos vizinhos da América Latina e do Caribe.
Se necessário, usaremos todos os instrumentos legais para defender a nossa economia. Desde recursos à Organização Mundial do Comércio até a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso Nacional.
Minhas amigas e meus amigos,
Não há vencedores em guerras tarifárias. Somos um país de paz, sem inimigos. Acreditamos no multilateralismo e na cooperação entre as nações.
Mas que ninguém se esqueça: o Brasil tem um único dono —o povo brasileiro.
Muito obrigado.“
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