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Energia nuclear: você deve ouvir falar muito disso nos próximos anos

by Fesouza
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As grandes empresas de tecnologia estão buscando novas fontes de energia para garantir o suporte às suas operações. Meta, Google, Microsoft e Amazon estão se associando a empresas de energia nuclear para garantir que suas aplicações em inteligência artificial e computação em nuvem funcionem ininterruptamente.

Mas não é apenas esse o motivo. Essas grandes empresas estão alinhadas à metas ambiciosas para lidar com o aquecimento global, com o compromisso de zerar as emissões de carbono. Pelo menos, em teoria. E isso estava caminhando rapidamente, até que a inteligência artificial deixou de ser uma tendência restrita a algumas iniciativas e chegou ao usuário médio, aumentando a necessidade de data centers mais robustos e potentes.

big techs
Um dos focos das big techs é alcançar metas cada vez mais significativas de carbono zero para suas operações. Crédito: Poetra.RH/Shutterstock

Isso fez com que todo o Vale do Silício percebesse que seria cada vez mais difícil alcançar as metas de emissões estipuladas. Afinal, à medida que novos avanços tecnológicos vão surgindo, as necessidades energéticas se mostram cada vez mais em desacordo com qualquer tentativa de alcançar metas de sustentabilidade.

A Microsoft, por exemplo, está pagando US$ 1,6 bilhão para reativar a usina de Three Mile Island – a mesma que sofreu um colapso em 1979 – para ter acesso a energia limpa por pelos próximos 20 anos.

Demanda por eletricidade continua a crescer

Relatório da consultoria Grid Strategies indica que a demanda por energia elétrica nos Estados Unidos deve crescer cerca de 15% nos próximos cinco anos. A maior parte desse crescimento é vital para suportar os data centers utilizados pelas big techs.

E a forma encontrada para garantir a quantidade de energia necessária e também manter as metas de neutralidade de carbono são as usinas nucleares.

data center
Data centers devem aumentar a demanda por energia nos Estados Unidos em 15%. Crédito: Make more Aerials/Shutterstock

Os data centers cresceram em tamanho e a IA está mudando drasticamente a previsão [energética] futura.

Dan Stout, fundador da Advanced Nuclear Advisors em entrevista à IEEE Spectrum.

Para Stout, como nos próximos anos a rede elétrica será menos dependente de usinas de carvão e gás, a alta confiabilidade da energia nuclear se mostra extremamente atraente para as empresas de tecnologia.

Reativação de usinas ajuda a cortar custos

E por que reativar usinas antigas? A resposta é simples: é muito mais barato que construir uma nova. Além disso, esse processo contribui para revitalizar usinas desativadas ou em vias de.

“A aquisição de usinas antigas ajuda as empresas a subsidiar as necessidades de energia durante a construção de novos data centers”, afirma o jornal The Washington Post.

Ilustração de redução de co2 na atmosfera
A energia nuclear é uma fonte livre de carbono, mas traz preocupações de segurança. Crédito: Khanchit Khirisutchalual / iStock

Leia mais:

Contraponto

  • Embora não polua da mesma forma que os combustíveis fósseis, a energia nuclear tem seu próprio conjunto de problemas ambientais.
  • Entre eles, as emissões indiretas liberadas pela extração do urânio, o acúmulo de resíduos radioativos e o risco de contaminação da água ou da ocorrência de um desastre como o de Chernobyl.

Você pode entender mais sobre o assunto na entrevista com Roberto Pena Spinelli, físico e especialista em IA, além de colunista do Olhar Digital News.

Entenda o que cada empresa busca ao investir na energia nuclear

Apesar de todas as grandes empresas de tecnologia focarem na redução da pegada de carbono, cada uma delas tem metas levemente diferentes para investir na energia nuclear:

  • Microsoft – Além de reativar a usina de Three Mile Island, a Microsoft também trabalha com a Helion Energy, startup de fusão nuclear, para abastecer seus data centers com energia limpa até 2028. Com isso, a empresa busca reduzir a pegada de carbono da nuvem Azure, sustentar o crescimento de serviços como o Copilot e Open AI, manter independência energética de rede públicas e conquistar vantagem competitiva com uma nuvem “carbon-free”.
  • Alphabet (Google) – Trabalha em parceria com a TAE Technologies para pesquisa em fusão nuclear e financia a Fervo Energy, empresa de geotermia com foco nuclear. Com isso, busca alcançar metas de 100% de energia limpa até 2030, garantir fornecimento contínuo e previsível de energia para seus data centers e IA e, futuramente, comercializar a tecnologia.
  • Amazon (AWS) – Explora contratos com fornecedores de energia nuclear e suporta indiretamente iniciativas de SMRs (pequenos reatores modulares). A meta é garantir energia estável e de baixa emissão para seus data centers, melhorar a imagem ambiental da empresa e reduzir custos a longo prazo.
  • Meta – Divulgou recentemente que procura empresas de energia nuclear para alimentar operações de IA. O foco é sustentar o consumo crescente de energia com o metaverso e inteligência artificial, alcançar metas de carbono zero até 2030 e garantir estabilidade energética para seus mega data centers.
  • NVIDIA – Apesar de não investir diretamente na energia nuclear, mostra interesse estratégico e discute o tema em fóruns industriais. Assim, poderá garantir que grandes clientes tenham energia suficiente para GPUs e clusters de IA, além de promover o crescimento contínuo do mercado de inteligência artificial e fortalecer a venda de chips.
  • Terra Power – A Terra Power, empresa de reatores nucleares, tem como fundador Bill Gates e trabalha no desenvolvimento de SMRs para uso prático e escalável para substituir usinas termoelétricas a carvão e estabilizar a rede elétrica com fontes confiáveis de energia.

Por outro lado, críticos ao uso da estratégia alertam que os consumidores poderão sofrer com aumento nos preços da energia ou possíveis interrupções no fornecimento. Agora, é esperar para ver.

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