Entenda como os “fatbergs” ameaçam sistemas de esgoto

Volumosos, pegajosos e um pesadelo para o sistema de esgoto de qualquer cidade. Os “fatbergs“, ou icebergs de gordura, estão a poucos metros de profundidade em quase todas as cidades do mundo e isso pode ocasionar problemas que, só agora, as autoridades (nem todas) começaram a se preocupar.

Esses monstros são formados por óleo de cozinha, gordura, restos de fraldas, lenços umedecidos, restos de perfume, remédios e todo tipo de material jogando inadvertidamente pelas pessoas nos esgotos, alcançando dimensões imensas e obstruindo as redes, afirma matéria do New Atlas.

Blocos de gordura se espalham por redes de esgoto no mundo inteiro, causando milhões de reais em prejuízos (Imagem: Will Wright/Universidade RMIT)

Casos com fatbergs crescem em todo o mundo e causam milhões em prejuízo

A cidade de Nova York (EUA), segundo a prefeitura, por exemplo, gasta anualmente cerca de US$ 18,8 milhões (cerca de R$ 102 milhões) removendo fatbergs antes que eles causem problemas maiores. Em Londres (Reino Unido), em 2017, um gigantesco iceberg de gordura alcançou 250 metros de comprimento e 130 toneladas. E, para desobstruir as redes de esgoto, além do dinheiro envolvido, é preciso monitoramento constante e mão de obra especializada.

No Brasil, entupimentos na rede de esgoto causam um prejuízo de mais de R$ 2 milhões aos cofres da cidade. Segundo o Terra, o “descarte irregular de gordura, principalmente óleo de cozinha” é o maior responsável por 51% dos entupimentos na rede de esgoto de Curitiba (PR).

Descarte irregular de óleos, restos de alimentos, fraldas, cotonetes e lenços umedecidos, entre outras coisas, é responsável pelo acúmulo de gordura que forma os fatbergs (Imagem: Dmitriy Prayzel/Shutterstock)

Para reduzir esse prejuízo, uma equipe de engenheiros da Universidade RMIT (Austrália) busca formas de reduzir esses acúmulos.

As causas principais para acúmulo de fatbergs são:

  • Descarte inadequado de óleos e gordura;
  • Mistura de águas residuais (projetos que não separam águas de pias e chuveiros das águas de sanitários);
  • Descarte de itens não biodegradáveis, como lenços umedecidos, cotonetes, absorventes e outros materiais;
  • Ausência de caixa de gordura que retenha a gordura antes que ela chegue à rede pública de esgoto.

Formados basicamente de gordura, óleo e graxa (FOG, na sigla em inglês), eles se misturam com a água de esgoto e o cálcio liberado pelas tubulações de concreto se solidificando com o tempo. E, mesmo que boa parte desses resíduos seja interceptado antes que cheguem às tubulações de esgoto — o que consegue superar possíveis barreiras —, como as caixas de gordura, causam grandes estragos.

Pesquisadores construíram um coletor de gordura mais eficiente

Para reduzir os resíduos que chegam às redes de esgoto, a equipe do RMIT desenvolveu um coletor de gordura ainda mais eficiente do que os sistemas atuais. Segundo o New Atlas, por fora, o projeto desenvolvido lembra um coletor normal, mas, internamente, traz uma “série de defletores físicos que diminuem o fluxo de águas residuais e separam partículas maiores de gordura”.

Dr. Biplob Pramanik (à esquerda) e Dr. Nilufa Sultana (à direita) da RMIT ao lado de seu interceptador de gordura avançado com vários defletores para capturar gordura e graxa (Imagem: Will Wright/Universidade RMIT)

Além disso, ele adiciona o alúmen, um produto químico para tratamento de água, que aglomera gorduras menores em suspensão e permitem que sejam recolhidas facilmente.

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“Enquanto os interceptadores tradicionais removem apenas cerca de 40% da gordura, nosso sistema alcançou até 98% — mesmo quando testado com águas de cozinha reais”, diz a Dra. Nilufa Sultana, principal autora do artigo que descreve o sistema, publicado na revista ACS ES&T Water.

Ela também destacou que o sistema funciona em altas temperaturas e quando detergente de louça também fluía pelas águas residuais. Sultana explica que a tecnologia “pode ser adaptada a sistemas de gerenciamento de gordura existentes para cozinhas grandes e pequenas”.

Apesar disso, os próprios pesquisadores afirmam que o sistema não é perfeito e que ainda será preciso incorporar “princípios de dinâmica de fluidos para que a remoção de FOG seja aprimorada”, sem que produtos químicos sejam necessários e ele possa ser comercializado de acordo com as regulamentações de infraestrutura pública.

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