A denúncia de espionagem contra a 99Food ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (29) com o início de uma investigação interna que vai apurar tentativas de acesso indevido a dados, furtos de laptops e assédio de supostas consultorias a funcionários.
A plataforma ligada ao grupo chinês Didi Global voltou a operar no Brasil em junho – acirrando a disputa com o iFood, que domina 80% do mercado de delivery.
“A 99 já encontrou indícios suficientes de que informações confidenciais e sensíveis da empresa podem ter sido comprometidas em ações criminosas, como planos e datas de lançamento da 99Food em outras cidades, contratos com restaurantes, além de estratégias e estruturas comerciais de expansão da operação da plataforma no Brasil”, diz o comunicado.
Funcionários da empresa estariam recebendo mensagens de supostas consultorias que oferecem valores de US$ 200 a US$ 1.000 em simulações de pesquisas de mercado buscando informações confidenciais. A plataforma também denunciou o furto de notebooks corporativos de pessoas diretamente ligadas a lideranças da 99 e da 99Food.

“A investigação da companhia incluirá relatos e boletins de ocorrência de funcionários que sofreram perseguições em cidades onde a 99Food atua e desenvolve seus negócios, além de evidências de múltiplas tentativas, algumas diariamente, de tentativa de invasão aos sistemas internos da empresa e ao aplicativo”, acrescenta a nota.
Em pé de guerra
Desde o anúncio do retorno da 99Food ao país, o setor recebeu uma escalada de investimentos sem precedentes, diz a empresa, acrescentando que a proposta do aplicativo foca em “custos menores para restaurantes, promovendo liberdade de prática de preço de balcão em comida de delivery”.
“Enquanto a 99 revoluciona um mercado há muito dominado por práticas que prejudicam restaurantes, entregadores e consumidores, acreditamos haver indícios que apontam para uma campanha para comprometer nossas operações: assédio para obtenção de dados, furtos de laptops, perseguições e tentativas diárias de acesso não autorizado. Temos sinais de violações envolvendo informações sensíveis e já iniciamos uma investigação minuciosa.”

Em setembro, representantes da 99 anunciaram que vão dobrar os investimentos no Brasil, totalizando R$ 2 bilhões no primeiro ano de operação (até junho de 2026). Com o novo aporte, a companhia pretende chegar a 15 cidades até o fim de 2025 e 20 cidades até janeiro de 2026. Atualmente, ela opera em Goiânia e São Paulo.
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Não para por aí
Por outro lado, a 99Food também tem sido acusada de práticas desleais de concorrência – a denúncia foi feita pela Keeta, plataforma chinesa que estreia no Brasil ainda neste ano. A plataforma controlada pela Meituan recorreu ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) alegando que a 99Food tem celebrado contratos de exclusividade com restaurantes para impedir a entrada do novo aplicativo no mercado.

Em entrevista ao jornal O Globo, o diretor de Comunicação da 99, Bruno Rossini, argumentou que a conduta da empresa é legal e está dentro de todas as práticas regulatórias. “Estamos protegendo o espaço que conquistamos. Se não fizermos isso, vai ter uma ‘pancada’ de empresa entrando no mercado para disputar os 20% que não são do iFood”, disse ele.
Após a declaração, representantes da Keeta voltaram ao Cade solicitando que o órgão proíba a prática de contratos de exclusividade com restaurantes pela rival. Na avaliação da plataforma, o porta-voz da 99 teria confessado à reportagem as medidas anticompetitivas para prejudicar a empresa chinesa.
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