O tigre dentes-de-sabre foi um animal pré-histórico caracterizado por longos dentes caninos que podiam atingir até 20 centímetros de comprimento. Estes felinos eram exímios caçadores e até hoje fazem parte do imaginário popular.
Apesar da fama, não se sabe ao certo o que causou a extinção da espécie. Agora, dois novos estudos analisam como interações entre predadores e presas podem ter contribuído para o desaparecimento destas populações.

Diminuição da diversidade da espécie foi identificada
No primeiro trabalho, publicado no Journal of Evolutionary Biology, os cientistas utilizaram bancos de dados de fósseis, estimativas de tamanho corporal e dados sobre a variação climática na América do Norte e na Eurásia nos últimos 20 milhões de anos. Dessa forma, foi possível traçar a história evolutiva e as interações que podem ter influenciado a extinção do tigre-dentes-de-sabre.
Uma das hipóteses é a de que o fim dos tigres-dentes-de-sabre poderia estar ligado à extinção da megafauna no final do Pleistoceno, que ocorreu entre 50 mil e 11 mil anos atrás. Esses animais de grande porte foram extintos por conta de mudanças climáticas e ações humanas e, com isso, os predadores teriam ficado sem suas principais presas.
No entanto, verificamos que o processo começou milhões de anos antes. Ao longo da história do grupo houve várias espécies diferentes de dentes-de-sabre. Nosso estudo mostra que as extinções de algumas delas, ao longo de toda a história do grupo, ocorreram geralmente nos momentos em que a diversidade de presas era menor.
João Nascimento, pesquisador da FAPESP e um dos autores do estudo

Na outra pesquisa, publicado na revista Evolution, os autores observaram uma correlação no sentido oposto. O aumento da diversidade de predadores fez com que a diversidade de espécies de um grupo de herbívoros, os antilocaprídeos, declinasse. Hoje, estes animais são representados por uma só espécie vivente, o antílope-americano, um dos herbívoros mais velozes do mundo.
Uma das duas subfamílias, Merycodontinae, foi totalmente extinta cerca de 6 milhões de anos atrás. O evento coincide com o surgimento dos proboscídeos, grupo dos elefantes atuais, que competiam por ambientes florestais. A outra subfamília, Antilocaprinae, teve o início de seu declínio há cerca de 6 milhões de anos, coincidindo com o aumento da diversidade de felídeos.
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Diminuição das presas causou a extinção dos felinos
- A conclusão destes dois estudos é que a interação entre predadores e presas pode ter efeito nos grandes padrões evolutivos.
- Essa possibilidade é debatida há décadas, mas não havia um conjunto de resultados realmente robusto dando suporte a essa hipótese.
- Agora, os pesquisadores defendem que o período em que os dentes-de-sabre declinaram em diversidade coincide com mudanças que tornaram o clima mais árido, ampliando os ambientes abertos.
- Isso culminou com o aumento no número de animais ruminantes que se alimentam das gramíneas que dominam essas paisagens.
- Ao mesmo tempo, espécies que se alimentam de folhas perderam os ambientes florestais que proporcionavam sua dieta e refúgio.
- Os trabalhos não encontraram uma relação direta entre esse evento e a redução dos dentes-de-sabre, mas essas mudanças no ambiente tiveram um impacto indireto nas extinções dos animais em função da redução da disponibilidade de presas.
- As informações são da Agência FAPESP.
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