Os sapos-comuns-asiáticos são marrons, pelo menos na maior parte do tempo, enquanto vivem às margens de rios no sudeste asiático. Mas, quando chegam as chuvas de monção, é hora de trocar de roupa, então o sapo muda de cor, adquirindo um tom amarelo vibrante.
De nome científico (Duttaphrynus melanostictus), essa espécie de sapo usa a camuflagem como uma estratégia de comunicação com as fêmeas, pois apenas os machos mudam de cor. Embora a chuva de monções caia por meses, a fase de acasalamento dos sapos-comuns-asiáticos dura cerca de um a dois dias, geralmente no início do período chuvoso.
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O processo não é instantâneo, nem solitário, parece até bem ritualístico. Os machos se reúnem em poças e canais, e começam a mudar de cor – leva cerca de 10 minutos para que o anfíbio integre totalmente a nova coloração – depois, começam a coaxar em grupo, atraindo as fêmeas.
Por que o sapo muda de cor apenas duas vezes ao ano?
Não era segredo entre os biólogos e cientistas que o sapo muda de cor para se preparar para o evento anual de reprodução, que tem apenas dois dias de duração. Mas foi a partir de um novo estudo publicado na revista Ichthyology & Herpetology que foi desvendado o motivo por trás desse comportamento.
“O surgimento do dicromatismo sexual dinâmico, uma mudança reversível na coloração corporal de um dos sexos, pode atuar como um sinal visual que promove o reconhecimento rápido de parceiros em densas agregações reprodutivas”, explica o artigo.
Para o estudo, os pesquisadores criaram um modelo computacional baseado em informações sobre o espectro das cores dos animais, e também um simulador de visão, o que permitiu aos pesquisadores enxergar o mundo pela ótica do sapo-comum-asiático.
E agora vem a cereja do bolo, todo esse complexo sistema foi instalado em modelos 3D realistas de sapos. Usando um espécime preservado de sapo-comum-asiático do Museu de História Natural de Viena, eles fizeram um molde de resina e o pintaram para corresponder às cores medidas pelo espectrômetro: marrom para fêmeas e amarelo para machos em época de reprodução.
Ou seja, a partir desses protótipos, os pesquisadores estavam “in loco” colhendo os dados para a pesquisa. Durante o experimento, os sapos falsos foram colocados próximos aos machos na época de reprodução.
Durante o experimento, os pesquisadores perceberam que os machos tinham o dobro de contato físico com os modelos marrons e os abraçaram (movimento sexual conhecido como “amplexo”) 40 vezes mais frequentemente do que com os modelos amarelos.
Para Susanne Stückler, uma das autoras do estudo em entrevista ao site Mongabay, o amarelo vibrante é uma solução evolutiva prática para um ambiente competitivo e repleto de indivíduos excitados, onde os machos não têm tempo para verificar se estão sobre uma fêmea, sobre outro sapo, uma pedra ou qualquer outro animal – porque o momento da excitação é quase que instantâneo. Nesse momento, ficar amarelo é, essencialmente, uma maneira de avisar aos outros machos: “não tente acasalar comigo”.
Uma dúvida que surgiu durante o estudo é se a mudança de coloração podia indicar ainda outras alterações fisiológicas, resposta obtida em outra fase da pesquisa.“Comparamos tamanho, peso e condição corporal. Os machos amarelos não eram necessariamente mais fortes ou maiores”, explicaram os autores.
O fato de o sapo mudar de cor indica apenas o sexo e o estado reprodutivo, sendo uma ferramenta de comunicação. A coloração dura cerca de dois dias, que é o tempo necessário para completar o ciclo reprodutivo. À medida que os níveis hormonais retornam à normalidade, os sapos tiram a roupa vibrante e voltam à coloração marrom.
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