A Quantic Dream sempre foi lembrada como um estúdio de jogos narrativos, responsável por clássicos como Heavy Rain, Detroit: Become Human e Beyond: Two Souls. Por isso mesmo, ninguém esperava que o próximo grande projeto do estúdio francês seria… um multiplayer grátis.
E não estamos falando de qualquer multiplayer, mas um título claramente inspirado em MOBAs como League of Legends e Dota 2. O nome da vez é Spellcaster Chronicles, um game totalmente diferente de tudo que a empresa já fez.
Tivemos acesso antecipado à prévia do projeto e, apesar do estranhamento inicial, a proposta surpreende pelo foco em estratégia, ação e combates intensos em formato 3v3. Ele ainda está em desenvolvimento, mas já mostra personalidade suficiente para chamar atenção — mesmo que enfrente um dos mercados mais cheios e competitivos do mundo.
A Quantic Dream também será a publicadora do título, que chega como free-to-play e terá um beta fechado em dezembro de 2025 para PC. E diante de tanta mudança na identidade do estúdio, a pergunta é inevitável: esse “LOL da Quantic Dream” tem chance de se destacar? Depois de experimentar o gameplay, já dá para ter uma ideia do caminho que vem pela frente.
Um MOBA 3v3 com DNA de ação
Spellcaster Chronicles é descrito como um “action-strategy multiplayer” em terceira pessoa, com elementos de invocação de criaturas, disputa de rotas e duelos de magos. Trazendo embates 3 contra 3, cada jogador controla um Spellcaster — magos com estilos bem distintos entre si.
Cada personagem conta com uma classe própria e diferentes tipos de ataques. Além disso, o jogador seleciona um de habilidades antes da partida, fazendo com que até Spellcasters iguais tenham conjuntos de habilidades diferentes.
A partida acontece em uma arena com três rotas principais, e o objetivo é destruir as Lifestones do time inimigo, estruturas equivalentes aos “Nexus” de League of Legends. Mas a forma como o jogo faz isso coloca o jogador mais próximo da ação e menos preso às linhas tradicionais de MOBAs convencionais.

O game combina combate em terceira pessoa, habilidades de heróis, invocação de exércitos automáticos e captura de pontos no mapa. Diferente do clima point and click de MOBAs consolidados, o jogo traz movimentação fluida, com liberdade total para voar pela arena e reposicionar-se rapidamente.
A perspectiva, aliás, ajuda a reforçar a sensação de que o jogador está controlando um personagem ativo no campo de batalha, e não apenas microgerenciando tropas à distância. O jogador também possui um conjunto de habilidades ativas, o que permite atacar os inimigos e suas bases ao lado dos exércitos aliados.
Cada Spellcaster chega à partida com dois decks pré-definidos, escolhidos antes do início da partida, e essa seleção dita boa parte da estratégia. Os decks definem quais criaturas podem ser invocadas, quais construções podem ser erguidas e quais magias estarão disponíveis durante o combate.

Logo nos primeiros segundos, por exemplo, o jogo incentiva o jogador a criar a primeira onda de criaturas na base, determinando o ritmo da rota. Entre monstros gigantes até criaturas voadoras, a prévia inicial já mostrou que existem diferentes formas de abordar a exploração e dominar os pontos de interesse.
Captura de alta intensidade e rotas dinâmicas
A mecânica de captura de altares é essencial para o progresso da partida. À medida que as criaturas avançam automaticamente pelas rotas, elas tomam altares pelo caminho — pontos que funcionam como pequenos checkpoints estratégicos. Uma vez capturado, o altar passa a permitir novas invocações mais próximas do inimigo, acelerando a pressão na linha.
Essa estrutura cria um vai e vem constante, já que cada time tenta não apenas proteger seus altares como também contestar os do adversário. A movimentação livre pelo mapa deixa tudo mais dinâmico, permitindo que os jogadores respondam rapidamente a avanços inesperados ou reforcem uma rota que está prestes a desmoronar.
No meio disso tudo, a ação corpo a corpo tem papel central. Spellcasters podem lançar magias diretamente sobre inimigos, derrubar tropas adversárias e até eliminar outros jogadores. Com isso, a eliminação de um Spellcaster abre uma janela valiosa para empurrar tropas e tentar capturar novos altares sem resistência direta, o que cria picos de tensão bem característicos.
Sistema de progressão e escolhas no meio da batalha
Durante a partida, cada criatura derrotada e cada Spellcaster abatido derruba pequenos Wisps, partículas de energia usadas para ganhar experiência. Ao subir de nível, o jogador escolhe entre três melhorias aleatórias, remodelando sua estratégia ao longo da partida.
É um sistema parecido com roguelites leves dentro de um MOBA, oferecendo chances constantes de ajustar builds e criar combos interessantes. A solução também permite moldar cada personagem de de forma diferente, fortificando habilidades de defesa, vida ou ataque, por exemplo.
Alguns upgrades liberam tiers superiores de magias, que começam bloqueados. Outros aumentam o número de charges de feitiços, ampliam o limite populacional de criaturas ou fortalecem habilidades específicas. É um ciclo de progressão rápido, incentivando adaptação constante para responder às táticas do time inimigo.

Além disso, as magias contam com o sistema de Infusion, que permite “encantar” criaturas com efeitos elementais. Um Spellcaster de fogo, por exemplo, pode incendiar suas tropas, aumentando o dano. Elementos de raios aumentam velocidade, gelo adiciona defesa e veneno concede regeneração. Isso não apenas deixa as batalhas visualmente mais chamativas, como também aprofunda o elemento estratégico.
Em momentos mais intensos, a batalha fica repleta de elementos na tela, garantindo um visual caótico. Enquanto a experiência pode ser sobrecarregada, tudo fica bem divertido quando você começa a entender as mecânicas.
Titan é a arma suprema para quebrar o jogo
Com tantas tropas, magias e upgrades rolando ao mesmo tempo, o grande momento da partida chega quando a Titan Gauge finalmente enche. Esse medidor aumenta conforme o jogador causa danos, captura altares e participa de combates intensos. Quando atinge o limite, o Spellcaster pode invocar o Titã — a criatura mais poderosa de todo o jogo.
O Titã corre diretamente para a Lifestone inimiga, capturando altares instantaneamente e causando dano massivo. É, basicamente, o equivalente a um “ultimate de equipe”, capaz de virar partidas perdidas ou selar vitórias rápidas.
Ao mesmo tempo, ele pode ser parado se o time inimigo reagir rápido e acabar com sua barra de vida. A dinâmica cria momentos dramáticos em que ambos os times correm para conter o avanço da criatura gigante, ou ajudar o monstro a cumprir seu objetivo.
Um detalhe interessante é que você também pode utilizar o Titan ao mesmo tempo que outros jogadores. Ou seja, com tudo orquestrado, é possível lançar uma horda de monstros gigantes contra o inimigo, o que pode ser letal para a equipe adversária.
A presença desse sistema deixa cada partida com um ritmo bem claro: domínio de rotas no início, evolução e tentativas de captura no meio, e a corrida por dominar o campo antes que o rival consiga invocar o Titã no final.
Vale a pena?
O teste que tive acesso de Spellcaster Chronicles foi limitado, com cerca de uma hora e apenas duas partidas. No entanto, para um estúdio que é conhecido por narrativas, a Quantic Dream entrega um pacote cheio de potencial com seu novo game.
A Quantic Dream se aventura em um gênero competitivo pesado, com rivais gigantes e comunidades extremamente exigentes.
No entanto, apesar das boas ideias, o título enfrenta um mercado arriscado. A Quantic Dream se aventura em um gênero competitivo pesado, com rivais gigantes e comunidades extremamente exigentes. O formato 3v3, o combate direto e a mistura de ação com estratégia dão personalidade ao jogo, garantindo partidas movimentadas e momentos que podem empolgar ao jogar com amigos.
Ao mesmo tempo, é impossível ignorar que o mercado de jogos multiplayer gratuitos está saturado. MOBAs tradicionais, hero shooters, jogos de extração, tower defense competitivos — todos disputam o mesmo espaço e o mesmo tempo dos jogadores. Para ter alguma chance, Spellcaster Chronicles vai precisar mais do que boas ideias: terá de construir uma identidade clara, manter atualizações consistentes e conquistar uma comunidade fiel.
Ainda assim, o que vimos até agora indica que o estúdio está genuinamente tentando sair da zona de conforto, e isso já torna o projeto digno de atenção. No entanto, já vimos projetos similares, como Hawked, nadando e morrendo na praia.
Se a Quantic Dream conseguir equilibrar suas ambições com a realidade do mercado, Spellcaster Chronicles pode surpreender em 2026 — especialmente para quem busca um MOBA mais direto, mais rápido e com foco em ação.
Gratuito para jogar, Spellcaster Chronicles ainda não possui data de lançamento confirmada. No entanto, um beta do jogo será realizado em dezembro, com inscrições abertas no site oficial e na Steam. E aí, você acha que o jogo pode vingar? Comente nas redes sociais do Voxel e TecMundo!
