A ética na inteligência artificial (IA) é um debate em alta, que deve ser cada vez mais presente na sociedade. Afinal, essas ferramentas já faz parte do nosso cotidiano em uma série de esferas: utilizamos elas para criar conteúdos, fazer pesquisas, pedir sugestões e otimizar tarefas no ambiente de trabalho.
Só que essa popularização também levanta alguns desafios e questionamentos que envolvem tópicos como transparência, privacidade, futuro do trabalho. A seguir, conheça alguns desses dilemas e como lidar com as discussões mesmo que você ainda não seja usuário frequente dessas plataformas.
Como funciona a ética na inteligência artificial?
A ética na IA tem o papel de garantir que os sistemas sejam desenvolvidos e utilizados de forma responsável. O uso dessas ferramentas despertas questionamentos sobre como esses serviços podem servir para fins inadequados, como criminosos ou prejudiciais a alguém, ou uma instituição.
Até por isso, apesar de funcionarem com base em dados e algoritmos, ela ainda deve manter uma influência humana tanto no desenvolvimento quanto na supervisão das atividades. Isso ao menos ajuda a garantir que ela siga princípios que também são prezados em nossa sociedade.
Sistemas de IA devem ser construídos com base nos mesmos princípios fundamentais da comunicação e interação entre seres humanos. Isso significa que a plataforma deve prezar por argumentações lógicas e verdadeiras, não causar danos aos usuários e prezar por valores como justiça, transparência e empatia.
As empresas da indústria possuem ainda um dilema ético (e financeiro) que pode atingir também os usuários: a questão de direitos autorais. Afinal, serviços de grande porte, como ChatGPT, Claude e Gemini, são treinados com base em dados retirados da internet e usam eles para gerar novos conteúdos.
Em quase todos os casos, esse processo é feito sem autorização ou compensação aos detentores do material original — e esse debate já rendeu algumas ações judiciais de artistas que estão em andamento nos tribunais.
Qual é a importância da ética no uso da IA nas empresas?
Se você utiliza os mais variados tipos de ferramentas de IA no ambiente corporativo, os desafios éticos são ainda mais importantes e podem ser diferentes do que as questões cotidianas, em especial por envolver questões ainda mais delicadas.
Um dos dilemas e riscos envolve questões de privacidade. Em especial ao usar um chatbot alimentado constantemente com arquivos da internet e dados compartilhados pelo próprio usuário, você arrisca treinar a IA com documentos sigilosos, dados privados e estratégias confidenciais — que podem ser reaproveitadas mesmo que parcialmente em respostas da plataforma para outras pessoas.
É preciso ainda ter atenção na transparência sobre o uso de sistemas automatizados. Cada empresa tem a sua própria política a respeito, mas é recomendável avisar equipes e superiores quando você utilizou uma ferramenta de IA para fazer um trabalho parcialmente ou como um todo.
Outro ponto importante envolve a automação de certos processos. Apesar de agilizar e encurtar tarefas, algoritmos de IA podem tomar decisões equivocadas ou que não levem em consideração questões éticas e humanas. Nesse caso, o papel de pessoas que revisem, complementem e eventualmente corrijam essas decisões em uma empresa não deve ser ignorado.
Para além desses casos internos, empresas que adotam a IA em suas atividades precisam se preocupar em equilibrar a eficiência operacional da automação com riscos como a reputação da marca, o relacionamento com os clientes e até questões regulatórias.
Quais são os desafios éticos da inteligência artificial?
No caso da utilização de serviços de IA, os debates sobre ética devem envolver quais são os valores e princípios que serão seguidos tanto pelo sistema automatizado quanto pelo usuário em si — tanto no desenvolvimento quanto na implementação e adoção dessas ferramentas.
Plataformas de IA cada vez mais são usadas de forma benéfica em uma variedade de setores da sociedade, ajudando a otimizar ações como atendimento ao cliente, geração de projetos e como assistentes de profissionais de inúmeras áreas. Alguns dos desafios encarados hoje nessa área incluem os seguintes tópicos:
- o risco de viés e discriminação dos algoritmos. Tecnologias como a IA podem refletir preconceitos e problemas estruturais da nossa sociedade. Na prática, isso significa que chatbots podem conter em sua programação ou treinamento dados enviesados, que prejudicam ou negligenciam camadas inteiras da população, em especial as minorias ou propostas de diversidade;
- a contribuição para o aumento da desinformação. As IAs generativas podem produzir de forma massiva conteúdos de má qualidade ou falsos espalhados em plataformas digitais, como mensageiros e redes sociais. Em vários desses casos, a produção é feita sem que o sistema se oponha a realizar esse tipo de tarefa;
- os impactos negativos na sociedade. Aqui, fala-se em especial de dois tópicos: a empregabilidade, com IAs eliminando postos de trabalho e causando demissões em massa, e sustentabilidade, devido aos altos gastos energéticos desses sistemas em data centers, gerando o consumo elevado de água e eletricidade.
- as discussões ainda raras sobre privacidade e vigilância. Plataformas automatizadas devem não apenas prezar pela proteção dos dados dos usuários, mas também evitar monitoramento massivo por conter tantas informações sobre hábitos de pessoas e empresas. Neste caso, garantir que a IA atenda leis como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) pode reduzir problemas futuros.
Encarar cada um desses desafios exige um trabalho cooperativo entre empresas, entidades regulatórias, programadores e usuários. Garantir que os sistemas de IA sejam desenvolvidos e utilizados de forma responsável é uma forma de ampliar a longo prazo os benefícios dessas ferramentas em toda a sociedade.
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