O Instagram não escuta o microfone do seu celular, jurou Adam Mosseri, diretor-geral da rede social, em uma publicação feita nesta quarta-feira (01). “Eu juro, nós não escutamos o seu microfone”, escreveu.
A declaração rebate um dos mitos mais conhecidos sobre a plataforma: a ideia de que o app estaria constantemente ouvindo as conversas dos usuários para exibir anúncios e conteúdos personalizados.
Essa suspeita ganhou força porque a rede social muitas vezes parece “adivinhar” o que o usuário discutiu com outras pessoas.
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No entanto, Mosseri defendeu que essa vigilância não acontece e apresentou alguns pontos que sustentam sua fala:
- Seria uma profunda violação de privacidade;
- Geraria um consumo excessivo de bateria perceptível ao usuário;
- O sistema mostraria um indicador visual de microfone ativo.
No vídeo, o executivo detalha como os anúncios realmente aparecem de forma “coincidente”. Segundo ele, o direcionamento ocorre por outros fatores, como pesquisas prévias, cliques em links, informações compartilhadas por anunciantes e até pela eficiência do algoritmo, que pode prever interesses a partir de padrões de uso e conexões sociais.
Os argumentos de Mosseri são válidos
Os pontos levantados pelo chefe do Instagram fazem sentido, principalmente ao considerar o consumo de bateria e o indicador de uso do microfone. Atualmente, tanto no Android quanto no iOS, há alertas visuais sempre que câmera, microfone ou localização estão ativos. Esses recursos são nativos do sistema e não podem ser burlados com facilidade.
Além disso, o uso constante do microfone exigiria um desempenho computacional elevado, algo que seria facilmente percebido no gasto anormal de energia.
Esse tipo de vigilância é característico de spywares, apps maliciosos construídos especificamente para vigiar sua atividade no dispositivo. Softwares antivírus percebem esse tipo de comportamento estranho — e acusariam o Instagram de ser um malware, caso ele de fato vigiasse você o tempo inteiro.
Você é observado de outras formas
Apesar de o microfone não ser usado dessa maneira, isso não significa que suas preferências estejam a salvo. Sites na internet são repletos de rastreadores, muitos em forma de cookies, que podem compartilhar dados de navegação com anunciantes. Essas informações ajudam a construir um perfil de consumo detalhado, usado depois para exibir publicidade direcionada no Instagram e em outras plataformas.
O algoritmo também considera interesses de amigos mais próximos, detectados pela frequência de interações (curtidas, comentários e compartilhamentos), além de qualquer clique em anúncios — até mesmo os acidentais. Tudo isso cria uma representação precisa dos seus gostos e interesses.
No fim das contas, o Instagram pode até parecer prever o que você está pensando, mas não é pelo microfone. É por uma rede complexa de rastreamento digital, bem mais invisível — e, para muitos, igualmente distópica.
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