EUA reavaliam veto a chips de IA na China – e isso muda o jogo para a Nvidia

A Casa Branca iniciou uma revisão formal que pode liberar, pela primeira vez, a venda à China de chips avançados de inteligência artificial (IA) da Nvidia. A informação é da Reuters, que apurou o movimento junto a fontes do governo dos Estados Unidos. No centro da discussão está o H200, hoje o segundo chip mais poderoso da empresa para aplicações de IA.

Segundo a Reuters, o processo marca uma mudança relevante na política americana para exportação de tecnologia sensível. Depois de anos de restrições duras, o governo de Donald Trump sinaliza uma reabertura controlada, tentando equilibrar interesses econômicos, disputa tecnológica e preocupações com segurança nacional.

Revisão dos EUA pode reabrir a porta para chips avançados de IA da Nvidia na China

O foco da revisão é a possível autorização para vender o chip H200 à China, algo que nunca foi permitido até agora. Trata-se de um componente essencial para treinar e rodar modelos de IA em larga escala, abaixo apenas da linha mais recente da Nvidia, a Blackwell. Mesmo não sendo o chip mais novo, o H200 continua amplamente usado pela indústria.

(Imagem: Samuel Boivin/Shutterstock)

A iniciativa parte de uma promessa feita por Trump em dezembro. Ele afirmou que permitiria essas vendas, desde que o governo americano fique com uma taxa de 25% sobre cada transação. Na visão do republicano, a medida ajudaria a manter empresas dos EUA à frente das concorrentes chinesas e, ao mesmo tempo, reduziria a demanda por chips desenvolvidos na China.

Na prática, o processo já começou. De acordo com a Reuters, o Departamento de Comércio enviou pedidos de licença para avaliação conjunta dos departamentos de Estado, Energia e Defesa. Pelas regras de exportação, esses órgãos têm até 30 dias para se manifestar antes de uma decisão final.

Fontes ouvidas pela agência ressaltam que não se trata de um simples trâmite burocrático. Um funcionário da administração descreveu a análise como “profunda”, deixando claro que não é apenas uma formalidade. Ainda assim, pelas regras atuais, a palavra final cabe ao próprio Trump.

O movimento provocou reação imediata em Washington. Parlamentares e especialistas ligados à segurança nacional alertam que liberar chips avançados pode fortalecer a capacidade militar e tecnológica da China. Para esse grupo, os chips da Nvidia são justamente um dos principais gargalos que ainda limitam o avanço chinês em IA. E abrir mão disso seria um erro estratégico.

Disputa pelo domínio da IA vai além dos chips

Esse debate acontece num contexto mais amplo, no qual a força da Nvidia não está só no hardware. Como mostrou outra reportagem da Reuters, o verdadeiro trunfo da empresa está no software, especialmente no CUDA, conjunto de ferramentas que virou padrão para desenvolvedores de IA.

Força da Nvidia não está só no hardware – o verdadeiro trunfo da empresa está no software (Imagem: Hairem/Shutterstock)

Na prática, quem cria modelos raramente “fala” direto com o chip. O trabalho acontece dentro de frameworks como o PyTorch, ambiente que simplifica tarefas complexas. Ao longo dos anos, a Nvidia otimizou esse ecossistema para que ele funcione melhor em suas GPUs. O resultado foi um efeito de aprisionamento tecnológico: quanto mais gente usa, mais caro e difícil fica sair.

É justamente esse domínio que começa a incomodar grandes empresas. Google e Meta, por exemplo, articulam uma estratégia para reduzir a dependência da Nvidia atacando a camada de software. A ideia não é competir apenas em desempenho bruto, mas tornar seus próprios chips alternativas reais no dia a dia dos desenvolvedores.

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Um dos símbolos dessa ofensiva é o projeto TorchTPU, que busca tornar as TPUs do Google totalmente compatíveis com o PyTorch. Se o software roda sem adaptações, o chip passa a ser uma opção viável. Para a Meta, mantenedora do PyTorch, isso significa reduzir custos e ganhar poder de negociação frente à Nvidia.

É nesse cenário que a possível liberação do H200 para a China ganha outra leitura. Enquanto governos discutem riscos geopolíticos, gigantes da tecnologia já trabalham para diminuir a concentração de poder da Nvidia. A decisão americana, portanto, reflete uma disputa global em que chip, software e estratégia caminham juntos. E na qual cada movimento tem impacto muito além de uma única venda.

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