O Exército dos Estados Unidos fechou um contrato de US$ 98,9 milhões (cerca de R$ 553 milhões) com a startup TurbineOne, de São Francisco, para levar inteligência artificial (IA) ao bolso e às mochilas de seus soldados, revelou o Wall Street Journal (WSJ) nesta quinta-feira (04).
A tecnologia promete acelerar em até 25 vezes a análise de dados em combate, o que garante vantagem num campo de batalha dominado por drones e marcado por bloqueios de comunicação frequentes.
Startup contrata pelo Exército dos EUA coloca IA no front
O software da TurbineOne pode rodar em notebooks, smartphones e drones. Assim, permite que cada soldado identifique rapidamente ameaças, como locais de lançamento de drones inimigos ou tropas ocultas, sem depender de analistas remotos.
A grande diferença é que todo o processamento acontece diretamente no dispositivo. Ou seja, dispensa conexão com a nuvem – recurso considerado fundamental em cenários de guerra com forte uso de bloqueadores de sinal (jammers), como se observa atualmente no conflito entre Rússia e Ucrânia.
Velocidade como arma
Andrew Evans, diretor de estratégia e transformação do Exército, disse ao WSJ que o objetivo é processar dados entre dez e 25 vezes mais rápido do que adversários, algo visto como crucial para garantir a superioridade no campo de batalha.
A plataforma da startup reduz tarefas que antes levariam 20 horas para 20 segundos. A IA analisa imagens de satélite, sinais de rádio, radares e sensores infravermelhos. Assim, soldados podem solicitar desde a detecção de “qualquer drone aéreo” até a identificação de modelos específicos de tanques e armas.
Startup em ascensão durante transformação no Exército
Fundada há apenas quatro anos, a TurbineOne nasceu fora do círculo tradicional de fornecedores do Pentágono. A empresa é liderada por Ian Kalin, ex-oficial da Marinha que se tornou investidor e executivo no mercado de tecnologia.
Até agora, a empresa levantou US$ 57 milhões (R$ 311 milhões) em capital de risco e alcançou uma avaliação de mercado de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão). Além disso, testou seu software em exercícios militares na Europa, no Pacífico e na fronteira norte dos EUA.
O novo contrato se insere numa diretriz do secretário de Defesa, Pete Hegseth, que pressiona as Forças Armadas a adotarem softwares comerciais e tecnologias mais baratas. A ideia é substituir sistemas tradicionais caros por drones e aplicações de IA.
O Exército iniciou a implementação da ferramenta em unidades de infantaria e cavalaria, com foco em testes práticos e feedback dos soldados antes de uma adoção mais ampla.
Lições da Ucrânia e próximos passos
O modelo também reflete aprendizados recentes. A guerra na Ucrânia mostrou que futuros conflitos devem ocorrer em cenários de “apagão de comunicações”, nos quais rádios e GPS deixam de funcionar devido a bloqueadores eletrônicos.
Ao evitar a transmissão de sinais que podem ser rastreados, a estratégia de processamento local reduz riscos para as tropas.
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Além da análise de ameaças, a TurbineOne já explora o uso da IA para coordenar enxames de drones autônomos, capazes de atacar alvos de forma sincronizada.
Essa modalidade de combate, que ganha destaque na guerra da Ucrânia, deve se tornar um dos principais eixos de modernização das forças armadas dos EUA.
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