Vênus intriga cientistas. Nos últimos anos, pesquisas detectaram a presença de dois gases que, na Terra, só podem ser produzidos por atividade biológica e processos industriais. Seria um sinal de vida por lá?
Os estudos não chegaram a uma resposta definitiva. Agora, um trabalho apresentado nesta semana na Reunião Nacional de Astronomia de 2025, coordenada pela Royal Astronomical Society, em Durham (Inglaterra), revelou uma missão a Vênus que pode finalmente resolver esse mistério.

Vênus tem vida ou não?
Não sabemos. Nos últimos anos, pesquisas detectaram a presença de gases fosfina e amônia em Vênus, dois biomarcadores potenciais. Isso porque, na Terra, esses compostos só podem ser produzidos por atividade biológica e processos industriais.
No entanto, os estudos existentes não conseguiram explicar a presença dos gases a partir de fenômenos atmosféricos ou geológicos conhecidos no planeta. Então, como eles foram parar lá?
Essa é a questão que a professora Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, e sua equipe querem solucionar. Para isso, eles querem realizar uma missão espacial em Vênus.

Como vai funcionar a missão
- No evento, Greaves e sua equipe apresentaram o conceito da missão. O objetivo é pesquisar e mapear fosfina, amônia e outros gases ricos em hidrogênio que não deveriam estar em Vênus;
- Para isso, seria necessário a construção do VERVE (Venus Explorer for Reduced Vapors in the Environment), uma sonda do tamanho de um CubeSat, que custaria cerca de 50 milhões de euros (mais de R$ 325 milhões);
- A intenção é que a sonda embarque na missão EnVision, da Agência Espacial Europeia, programada para decolar em 2031.
- Chegando em Vênus, o EnVison vai investigar a atmosfera, superfície e interior do planeta. Já o VERVE se separaria do restante da missão e realizaria sua pesquisa de forma independente.
A missão apresentada no evento tem apoio do Reino Unido.

Equipe esperar confirmar presença dos biomarcadores em Vênus
De acordo com Greaves, os dados apontam para evidências de amônia em Vênus, com potencial de existir nas partes habitáveis das nuvens do planeta. Já a fosfina é um mistério: ela foi detectada pela primeira vez em 2020 nas nuvens venusianas, mas nenhuma observação posterior conseguiu replicar essa descoberta.
Como falamos, não há nenhum fenômeno ou evento em Vênus que explique a presença desses gases. A única forma de desvendar o que está acontecendo é indo até lá.
A esperança é que possamos estabelecer se os gases são abundantes ou estão presentes em quantidades mínimas, e se sua fonte está na superfície planetária, por exemplo, na forma de ejeções vulcânicas. Ou se há algo na atmosfera, potencialmente micróbios, que estão produzindo amônia para neutralizar o ácido nas nuvens venusianas.
Professora Jane Greaves, líder do estudo
A missão tem potencial para explicar os fenômenos que levam ao surgimento dos gases no planeta. E se a origem for parecida com a da Terra, podemos estar no caminho para descobrir criaturas vivas por lá, como micróbios extremófilos.
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Vale lembrar que, embora a superfície do planeta tenha cerca de 450ºC de temperatura, as nuvens variam entre 30 e 70ºC, com uma pressão atmosférica parecida com a da superfície da Terra. Ou seja, os micróbios podem viver por lá.
O único jeito de ter certeza é com a missão.
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