As exportações da China para os Estados Unidos podem reduzir em cerca de US$ 488 bilhões (R$ 2,71 trilhões pela cotação atual) até 2027 se não houver um acordo entre os países em relação às tarifas impostas por Donald Trump. A previsão foi feita esta semana pelo novo simulador de cenário tarifário do Observatório da Complexidade Econômica (OEC).
Para essa previsão, a plataforma considerou a tarifa de 34% imposta ao gigante asiático pelo governo americano no início de abril, mais as tarifas que existiam anteriormente. Desde então, a Casa Branca já chegou a aumentar a taxa para 245%, embora tenha suspendido a medida por 90 dias, prazo que está perto de vencer.

Quais setores serão os mais impactados?
De acordo com o novo simulador da OEC, a queda nas exportações da China para os EUA, em caso de ausência de acordo comercial entre as duas potências, pode afetar diversos segmentos. O cenário previsto também leva em conta a aplicação das tarifas mais altas reveladas por Trump.
- O setor de computadores deve ser um dos mais afetados, segundo os cálculos da plataforma, com uma redução de dezenas de bilhões de dólares nos próximos dois anos;
- Equipamentos elétricos e de radiodifusão, brinquedos e roupas também devem sofrer um forte impacto, conforme a ferramenta;
- Por outro lado, os bens que podem deixar de ser enviados aos EUA não permanecerão no mercado chinês, tendo outros países como destino;
- O simulador prevê aumento nas exportações da China para o Sudeste Asiático, principalmente, caso o acordo com a Casa Branca não aconteça;
- Em menor escala, toda a Europa seria beneficiada, especialmente países como Itália, Holanda e França.
A simulação sugere, ainda, crescimento dos negócios com a Índia e o Vietnã, que receberiam US$ 40 bilhões (R$ 222 bilhões) e US$ 38 bilhões (R$ 211 bilhões) a mais em produtos da China, respectivamente, nos próximos dois anos. Já a Rússia teria a possibilidade de aumentar a importação de itens chineses em US$ 33,1 bilhões (R$ 183 bilhões).
A ferramenta também prevê que a China diminuirá a compra de produtos originados dos EUA, com uma queda estimada em US$ 101 bilhões (R$ 560 bilhões) no mesmo período. Os principais setores afetados seriam soja, circuitos integrados, petróleo bruto, gás de petróleo e automóveis.

Washington e Pequim seguem negociando
Desde o início do tarifaço de Trump, EUA e China se encontraram três vezes para tentar um acordo sobre as tarifas. A reunião mais recente aconteceu na última segunda-feira (28) em Estocolmo (Suécia), enquanto as anteriores foram em Genebra (Suíça) e Londres (Inglaterra).
Dias antes do último encontro, o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent disse em entrevista que as conversas entre os dois países têm sido boas, apesar de o acordo ainda não ter acontecido. Na ocasião, o representante da Casa Branca revelou a possibilidade de extensão da suspensão das tarifas, que vence no dia 12 de agosto.
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