Usuários de colchões inteligentes da Eight Sleep tiveram uma madrugada inesperada devido à falha nos servidores da Amazon Web Services (AWS), que deixou diversos serviços fora do ar na segunda-feira (20). Enquanto bancos, plataformas de jogos e equipamentos de ginástica enfrentavam instabilidades, alguns donos das camas conectadas relataram que os dispositivos ficaram presos em posição inclinada, apresentaram temperaturas fora de controle ou ativaram alarmes sozinhos.
O incidente mostrou como diferentes aspectos da vida cotidiana estão cada vez mais dependentes de serviços em nuvem. Quando os servidores da AWS saíram do ar, os sistemas conectados à internet da Eight Sleep também deixaram de funcionar corretamente, gerando desconforto para os consumidores que dormiam em seus colchões inteligentes.
Pedido de desculpas da Eight Sleep
O diretor-executivo da empresa, Matteo Franceschetti, se pronunciou nas redes sociais após o ocorrido e pediu desculpas aos clientes afetados. “Essa não é a experiência que queremos proporcionar e peço desculpas por isso”, afirmou Franceschetti no X.
Ele explicou que os problemas foram resultado direto da falha na AWS e garantiu que os engenheiros da companhia já trabalham em um modo de operação independente, capaz de manter as funções básicas mesmo durante futuras interrupções de rede.
The AWS outage has impacted some of our users since last night, disrupting their sleep. That is not the experience we want to provide and I want to apologize for it.
We are taking two main actions:
1) We are restoring all the features as AWS comes back. All devices are currently…— Matteo Franceschetti (@m_franceschetti) October 20, 2025
A Eight Sleep não respondeu aos pedidos de comentário feitos pelo The Washington Post. Franceschetti informou que, até a noite de segunda, todos os dispositivos haviam retomado o funcionamento, embora alguns ainda apresentassem “atrasos no processamento de dados”.
Como funcionam as camas inteligentes
Os colchões da Eight Sleep permitem ajustar a temperatura entre 13 °C e 43 °C, elevar o corpo em diferentes posições e até ativar sons imersivos e alarmes vibratórios. O modelo mais avançado é vendido por cerca de US$ 5 mil (quase R$ 27 mil) e requer uma assinatura anual entre US$ 199 e US$ 399 (entre R$ 1 mil e R$ 2 mil) para liberar o controle de temperatura e demais funções conectadas.
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Dependência da nuvem e riscos
O caso reacendeu o debate sobre a dependência de tecnologias baseadas em nuvem no cotidiano. Alan Woodward, professor de computação da Universidade de Surrey, no Reino Unido, explicou ao The Washington Post que falhas são inevitáveis em sistemas tão complexos.
“A complexidade sempre causa problemas. Quanto mais complexa é a funcionalidade, mais difícil é prever o que acontecerá quando parte dessa cadeia falhar”, afirmou.
De acordo com a Amazon, a instabilidade foi causada por um problema no DNS (Domain Name System), sistema que traduz nomes de domínio em endereços IP. “Os servidores basicamente desapareceram da internet. Então, para os dispositivos, não havia nada com o que se comunicar”, explicou Woodward ao jornal.
Segundo o professor, quando sistemas desse tipo perdem a conexão com a nuvem, acabam entrando em modos de falha automáticos — comportamento comum em dispositivos programados para depender de instruções externas. “Computadores são relativamente burros. Eles fazem o que você manda, mas se você não disser o que fazer, eles apenas entram em pânico”, completou.
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