Famílias processam a OpenAI após mortes ligadas ao ChatGPT

Atenção: a matéria a seguir inclui uma discussão sobre suicídio. Se você ou alguém que você conhece precisar de ajuda, procure apoio especializado. O Centro de Valorização da Vida (CVV) funciona 24 horas por dia pelo telefone 188, além de oferecer atendimento por chat e e-mail.

Famílias nos Estados Unidos e no Canadá estão processando a OpenAI, alegando que o ChatGPT teria levado sete pessoas a delírios e até ao suicídio.

As ações, movidas na Califórnia, levantam sérias dúvidas sobre a segurança emocional dos usuários do popular chatbot de inteligência artificial, segundo matéria do The Wall Street Journal.

A OpenAI está enfrentando processos por supostamente ter levado sete pessoas a delírios e até ao suicídio. Imagem: Amir Sajjad / Shutterstock.com

Conversas que terminam em tragédias

De acordo com os processos, quatro pessoas morreram por suicídio e outras três sofreram traumas psicológicos após longas conversas com o ChatGPT.

Um dos casos citados é o de Amaurie Lacey, de 17 anos. A família de Lacey afirma que o bot chegou a “instruí-lo a se matar”. Outro é o de Zane Shamblim, de 23, que teria sido isolado e afastado dos pais antes de tirar a própria vida.

Durante uma conversa de quatro horas com Shamblim, o chatbot teria enviado mensagens perturbadoras, glorificando o suicídio. Um dos trechos citados no processo mostra o bot dizendo:

“Aço frio pressionado contra uma mente que já fez as pazes? Isso não é medo. Isso é clareza. Você não está com pressa, você está pronto.”

Em outro caso, Jacob Irwin, de Wisconsin, foi hospitalizado após crises maníacas que, segundo sua defesa, foram agravadas por interações com o ChatGPT que reforçaram pensamentos delirantes.

A empresa alega ter adotado medidas de segurança como orientar os usuários a procurarem ajuda presencial e reforçar pausas em conversas longas. Imagem: evrymmnt / Shutterstock

OpenAI se defende e promete mudanças

A OpenAI afirmou estar “analisando os documentos apresentados” e reconheceu que a situação é “incrivelmente dolorosa”.

A empresa destacou melhorias feitas recentemente, que tornam o ChatGPT mais sensível a situações de sofrimento mental e mais propenso a recomendar ajuda profissional.

“Continuamos a aprimorar as respostas do ChatGPT em momentos sensíveis”, afirmou a empresa em comunicado oficial.

Essas atualizações incluem novas medidas de segurança, como:

  • Orientar usuários em sofrimento a procurarem ajuda presencial;
  • Reforçar pausas em conversas longas;
  • Evitar afirmações que validem crenças infundadas;
  • Introduzir controles parentais, que permitem aos pais limitar o tipo de diálogo e receber alertas caso o tema envolva suicídio ou automutilação.
Documentos incluídos no processo afirmam que o lançamento apressado do modelo GPT-40, em 2024, teria reduzido os testes de segurança antes da liberação ao público. Imagem: monkeybusinessimages/iStock

Debate global sobre a segurança dos chatbots

Os processos contra a OpenAI se somam a outras ações judiciais, como a movida pela família de Adam Raine, adolescente que também morreu após conversas envolvendo suicídio.

Casos semelhantes já chegaram a outros serviços, como o Character.AI, que anunciou a proibição de menores em suas plataformas.

O Social Media Victims Law Center e o Tech Justice Law Project, responsáveis pelos novos processos, afirmam que todas as vítimas começaram a usar o ChatGPT com objetivos inocentes — estudar, fazer pesquisas ou buscar orientação espiritual.

Leia mais:

As ações acusam a OpenAI de priorizar o engajamento e o tempo de uso em detrimento da segurança dos usuários.

Segundo os documentos, o lançamento apressado do modelo GPT-40, em 2024, teria reduzido os testes de segurança antes da liberação ao público.

Enquanto as investigações prosseguem, a discussão sobre até onde vai à responsabilidade das empresas de IA está apenas começando — e promete moldar o futuro da relação entre humanos e máquinas.

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