Todos os anos, entre dezembro e abril, um evento conhecido como ressurgência – reposição de águas frias e ricas em nutrientes no Golfo do Panamá. Este ano, porém, ela não aconteceu, e, segundo estudo citado pelo IFLScience, isso pode ter um impacto catastrófico.
De acordo com o Smithsonian Tropical Research Institute, a ressurgência acontece quando ventos fortes alísios do norte empurram as águas superficiais para longe da costa. Isso faz com que a água profunda suba para compensar, trazendo nutrientes, como nitratos e fosfatos.

La Niña pode ter uma parcela de culpa
Os pesquisadores acreditam que o fenômeno La Niña, que apareceu pela última vez em dezembro de 2024, pode ter ajudado a causar essa situação. Ele afeta uma região próxima ao equador, onde os ventos alísios se encontram, chamada Zona de Convergência Intertropical.
Mas os cientistas alertam que a forma exata como isso acontece ainda não está clara e que serão necessários mais estudos para entender melhor. Mesmo sem compreender totalmente a causa, eles sabem que o impacto será significativo.
Impactos socioeconômicos e ecológicos
- A ressurgência aumenta os nutrientes na água, alimentando o fitoplâncton, base da cadeia alimentar oceânica.
- Sustenta peixes, aves e mamíferos marinhos, garantindo a saúde dos ecossistemas.
- Protege recifes de corais contra o estresse térmico.
- Ajuda a manter o litoral do Panamá mais fresco durante o verão.
- Sustenta comunidades pesqueiras ao longo da costa panamenha.
- Qualquer falha no fenômeno pode afetar a pesca e a economia local, mostrando a ligação entre ecossistemas saudáveis e a vida humana.

Esse movimento de ressurgência, além de manter o equilíbrio ecológico, reforça como mudanças climáticas podem ter consequências diretas na vida das pessoas que dependem desses recursos naturais, preparando o terreno para as observações do estudo.
Fenômeno sustenta a pesca e protege recifes de corais
No artigo publicado na revista PNAS, os pesquisadores do Smithsonian sugerem que a falta de ventos foi responsável pela anomalia neste ano, deixando claro como as mudanças climáticas estão alterando os processos oceânicos que “sustentam comunidades pesqueiras há milhares de anos”.
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É exatamente esse evento sazonal que alimenta o crescimento do fitoplâncton, plantas que sustentam toda a cadeia alimentar oceânica, garantindo a alimentação de peixes, aves, mamíferos marinhos. Além disso, protege os recifes de corais contra o estresse térmico e ajuda a manter o litoral do Panamá mais fresco durante o verão no hemisfério norte, explica estudo do Smithsonian.

A descoberta também demonstra como esses ecossistemas são vulneráveis e mal monitorados, alertando para a necessidade urgente de fortalecer esse monitoramento e a previsão do clima nas regiões tropicais do planeta.
“Se o evento de 2025 sinaliza a primeira de futuras ressurgências fracassadas, isso justifica uma investigação por meio de monitoramento aprimorado, modelagem preditiva e pesquisa direcionada sobre as interações entre oceanografia, ecologia e dependência de recursos humanos em sistemas de ressurgência tropical”, finaliza o estudo.
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