Fernando de Noronha pode se tornar ilha pioneira em energia limpa

A matriz energética de Fernando de Noronha está prestes a passar por uma grande mudança. O arquipélago vai ganhar uma usina solar para reduzir a dependência de óleo diesel usado para geração de energia na térmica Tubarão. A primeira fase estará operacional em abril de 2026 e a segunda em 2027.

O lançamento do projeto Noronha Verde faz parte da agenda do Brasil para a COP30, realizada nesta semana em Belém, no Pará. E mostra o compromisso do país com a descarbonização e a segurança energética em territórios sensíveis e de alta relevância ambiental, diz o governo. Se concluído, o projeto tornará Noronha a primeira ilha oceânica habitada da América Latina com geração 100% limpa. 

“Hoje, o Brasil inicia o processo de desligamento de uma térmica que consome 8,6 milhões de litros de óleo diesel por ano. Isso é uma mudança de paradigma: aquilo que durante tanto tempo castigou parte do Nordeste, o sol forte, hoje é uma grande fonte de energia para o nosso país. E com a entrada das baterias, nós passamos a ter capacidade real de armazenamento”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Lançamento do projeto Noronha Verde faz parte da agenda do Brasil para a COP30 (Imagem: Reuber Duarte/iStock)

“Vamos, literalmente, poder ‘estocar o vento’ das nossas eólicas e prolongar o tempo do sol, porque a energia que ele gera durante o dia poderá ser armazenada e utilizada depois. É assim que garantimos segurança ao nosso sistema. Avançar nas renováveis é essencial, mas precisamos avançar com segurança energética”, acrescentou.

A iniciativa

O projeto prevê a construção de uma usina solar fotovoltaica integrada a um sistema de armazenamento em baterias (BESS) de 49 MWh. A solução permitirá reduzir de forma progressiva a dependência atual da ilha do uso de diesel para geração de energia, o que, segundo o governo, garante estabilidade, eficiência e proteção ambiental.

No total, 30 mil painéis solares fotovoltaicos com capacidade de 22 MWp serão instalados por 24,63 hectares, o que equivale a 1,5% da área de Fernando de Noronha. As regiões foram cedidas pela Aeronáutica e pelo governo de Pernambuco, que é responsável pela administração da ilha. 

30 mil painéis solares fotovoltaicos serão instalados em uma área de 24,63 hectares (Imagem: Teerapong Kunkaeo/iStock)

Todo o sistema estará conectado à primeira usina solar flutuante do arquipélago, localizada no reservatório de Xaréu, com potência de 622 kWp e geração estimada de 1.083 MWh por ano. A instalação evitará a emissão de 717 toneladas de CO₂.

A implantação completa poderá evitar, por ano, o consumo de cerca de 8,6 milhões de litros de óleo diesel. A redução da logística de abastecimento e da queima do combustível contribui diretamente para a diminuição de emissões de CO₂ e reduz os custos hoje cobertos pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) — o que significa alívio para encargos do setor elétrico nacional.

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Quem está envolvido?

Com investimento estimado de R$ 350 milhões, o projeto Noronha Verde foi lançado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e o grupo Neoenergia, que atua com geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia em 18 estados e o Distrito Federal. O governo de Pernambuco é parceiro da iniciativa.

Usina solar fotovoltaica ficará integrada a um sistema de armazenamento em baterias (Imagem: AlexandreFagundes/iStock)

O projeto foi desenvolvido pelo grupo espanhol Iberdrola, do qual a Neoenergia é subsidiária, como parte de um plano da empresa de impulsionar a eletrificação com energias limpas e avançar na descarbonização. O grupo pretende investir mais de 7 bilhões de euros no Brasil nos próximos cinco anos.

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