Depois de algumas semanas intensas de especulação (e esperança), um número considerável de laboratórios foi capaz de recriar a apatita de chumbo modificada. Também chamada de LK-99, essa invenção de um grupo de pesquisadores sul-coreanos surgiu com a promessa de ser um supercondutor – mas, infelizmente, tal capacidade não se confirmou.
“Com muita tristeza, agora acreditamos que o jogo acabou. LK99 NÃO é um supercondutor, nem mesmo em temperaturas ambientes (ou em temperaturas muito baixas). É um material altamente resistivo de baixa qualidade. Ponto final. Não adianta brigar com a verdade. Os dados falaram”, diz uma postagem feita nesta terça-feira (8) no Twitter do Centro de Teoria da Matéria Condensada, da Universidade de Maryland, nos EUA.
Três novos estudos comprovam a ausência de supercondutividade no cristal LK-99, desenvolvido por cientistas sul-coreanos. Crédito: Rokas Tenys – Shutterstock
Vamos recapitular essa história:
Físicos da Coreia do Sul desenvolveram um material chamado LK-99, que eles alegam ser capaz de transmitir eletricidade sem resistência, o que o tornaria um supercondutor;Tão logo o material foi anunciado ao mundo, alguns cientistas já disseram ter encontrado inconsistências no estudo e na possibilidade de aplicação real;Uma equipe da China conseguiu replicá-lo e testá-lo com sucesso;No entanto, outros testes se faziam necessários para comprovar a eficácia do material em condições regulares;Caso fosse confirmado, isso seria digno de um Prêmio Nobel de Física, tamanha a importância de tal descoberta, que teria uma extensa variedade de aplicações;Para decepção de muitos, ainda não foi desta vez: três novos estudos concluíram a inaplicabilidade do LK-99.
Seguindo as instruções do artigo original, os laboratórios reproduziram o material e não encontraram nenhuma evidência de supercondutividade. Na verdade, muito pelo contrário.
O que os novos estudos dizem sobre o pretenso supercondutor da Coreia do Sul
A supercondutividade começa a uma temperatura crítica abaixo da qual o material pode transmitir eletricidade sem resistência. De acordo com alguns dos novos dados, a resistividade elétrica do cristal LK-99 aumenta à medida que se diminui a temperatura, como uma espécie de “anti-supercondutor”.
“Quando estamos medindo supercondutores, a propriedade mais óbvia é a resistência zero”, disse a professora Susannah Speller, do Centro de Supercondutividade Aplicada de Oxford, ao site IFLScience. “O que se busca é que o material tenha alguma resistência. Você o resfria e, de repente, ele deve perder essa resistência, e deve ser absolutamente zero quando está no estado supercondutor. Você deve ver uma mudança muito clara na resistência na temperatura em que ela começa a superconduzir”.
Outras propriedades que deveriam ser identificadas eram uma mudança dramática na capacidade térmica na temperatura crítica e a alternância entre ser não-magnético para ser diamagnético.
O diamagnetismo foi visto em vários vídeos (o que um dos artigos afirma que é ferromagnetismo), mas, por si só, isso não é tão interessante. Muitos materiais são diamagnéticos sem muitas aplicações revolucionárias.
Embora esses resultados sejam certamente decepcionantes, a ciência dos materiais continua a fazer avanços na supercondutividade, e se espera que novos materiais cheguem ao mercado com propriedades inovadores até a próxima década.
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Há muita coisa que os cientistas não sabem sobre como a supercondutividade emerge em um material e, por essa razão, é difícil encontrar um material que seja supercondutor à temperatura ambiente e à pressão ambiente. A busca continua.
Os três estudos que comprovam a ausência de supercondutividade no cristal LK-99 estão disponíveis no servidor de pré-impressão arxiv.org nos links abaixo:
Ausência de supercondutividade em LK-99 em condições ambientaisMeia levitação ferromagnética de amostras sintéticas do tipo LK-99A banda ultraplana induzida por cobre no supercondutor de temperatura ambiente
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