O Banco Central (BC) decidiu mudar o teor inicial da moeda digital Drex (Digital Real X), que seria usada para simplificar operações financeiras por meio de tokenização. O projeto, iniciado em 2020, esbarrou em problemas de privacidade e foi adiado para 2026, mas com uma mudança de foco.
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Com essa nova “roupagem”, o Drex não terá mais a funcionalidade de pagamentos. O BC teria informado aos consórcios que participam do desenvolvimento do sistema na terça-feira (4) de que parte da infraestrutura do DLT (Distributed Ledger Technology) será desligada na próxima segunda-feira (10).
- O Drex foi iniciado em 2020 com a criação de um grupo de trabalho para estudar a criação da moeda digital;
- No ano seguinte, foram divulgadas as diretrizes de desenvolvimento do Drex: pagamentos no varejo, operações online e offline, além da possível extensão para uma moeda física estavam previstos;
- Os testes com a moeda digital foram iniciados em 2023, assim como a seleção dos 16 primeiros participantes (entre consórcios e instituições) e o próprio nome Drex (antes, era chamado de Real Digital);
- No mesmo ano, a primeira transferência entre bancos por meio do Drex aconteceu, também em caráter de teste;
- A segunda fase de testes foi iniciada em 2024, enquanto a terceira ficou prevista para 2025;
- Já o lançamento para o público, que era previsto para até o início deste ano, segue sem previsão. O BC estima uma nova fase de testes para 2026.
O que acontecerá com o Drex?
A mudança de planos aconteceu porque o Drex estaria baseado em uma infraestrutura blockchain com problemas de privacidade ainda não corrigidos — como sigilo bancário, por exemplo. No primeiro semestre de 2026, o Banco Central deverá definir qual tecnologia será empregada na próxima etapa do programa piloto. Um dos focos das correções será um serviço que garanta os registros, de forma segura, sobre o uso de ativos como garantia de crédito.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Fabio Araujo, coordenador do projeto, admitiu que as “soluções testadas até o momento, apesar de promissoras, ainda não apresentam nível de maturidade compatível com o que é requerido pelos serviços operados no sistema financeiro nacional”. Ele também ressalta que chamar a tecnologia de “moeda digital” pode ser um engano, já que “não é seu ponto central”.
Internamente, o BC não avalia a mudança como um fracasso da moeda digital e estuda o seu uso em novos modelos de negócio.