Uma iniciativa audaciosa está prestes a mudar a forma como a inteligência artificial (IA) é desenvolvida e operada. A startup californiana Aetherflux, fundada em 2024, anunciou, nesta terça-feira (9), seu projeto “Galactic Brain“, que visa colocar centros de dados de IA alimentados por energia solar diretamente em órbita.
Com o objetivo de superar os gargalos energéticos e de infraestrutura enfrentados na Terra, a empresa planeja lançar o primeiro nó de sua constelação de satélites no primeiro trimestre de 2027, com uma demonstração de transmissão de energia espacial já prevista para 2026 na órbita baixa da Terra.
Revolução da IA no Espaço: por que mudar para a órbita?
A corrida por uma IA cada vez mais avançada exige um poder computacional gigantesco, que, por sua vez, demanda quantidades massivas de energia.
Os centros de dados terrestres se deparam com desafios crescentes, como o alto consumo energético, o tempo e custo de construção de novas instalações, e as limitações geográficas. O “Galactic Brain” surge como uma resposta a essas questões, propondo uma solução inovadora que aproveita as vantagens do ambiente espacial.
Sendo assim, a proposta da Aetherflux se encaixa sob o seguinte contexto:
- A demanda global por capacidade computacional para a IA cresce exponencialmente;
- Centros de dados convencionais na Terra enfrentam sérias restrições relacionadas ao consumo de energia e longos prazos de construção;
- A Aetherflux propõe construir centros de dados em órbita, usando uma constelação de satélites alimentados por energia solar ininterrupta;
- Esta abordagem não só visa acelerar o desenvolvimento de IA, mas, também, promete otimizar a transmissão de energia para a Terra, criando uma infraestrutura energética espacial;
- A empresa busca criar uma “rede elétrica estadunidense no espaço“, integrando a computação de IA à sua visão de energia solar espacial.
Profundidade do conceito “Galactic Brain” e o futuro da Computação
A visão da Aetherflux vai além de simplesmente mover servidores para fora do planeta. O cerne do “Galactic Brain” é aproveitar a energia solar contínua e os sistemas térmicos avançados disponíveis no Espaço para eliminar as barreiras que os centros de dados terrestres enfrentam.
“A corrida pela inteligência artificial geral [IAG] é fundamentalmente uma corrida por capacidade computacional e, por extensão, por energia”, afirmou Baiju Bhatt, fundador e CEO da Aetherflux, que também é um dos cofundadores da empresa de serviços financeiros Robinhood. Essa compreensão impulsiona a busca por fontes de energia mais eficientes e sustentáveis.
A iniciativa da Aetherflux não é um movimento isolado. O setor de tecnologia tem demonstrado um crescente interesse em soluções orbitais para as necessidades computacionais de IA. Gigantes, como OpenAI, Google e Amazon, já estão considerando seriamente o potencial de centros de dados espaciais.
Conforme apontou Elon Musk, CEO da SpaceX, em publicação realizada no X no domingo (7), “satélites com computação de IA localizada, onde apenas os resultados são transmitidos de órbita síncrona solar de baixa latência, serão a forma de menor custo para gerar fluxos de bits de IA em menos de três anos”. Sua declaração sublinha a viabilidade e a atratividade econômica dessa fronteira tecnológica.
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O plano da Aetherflux prevê que muitos pequenos satélites transmitirão a energia coletada por meio de lasers infravermelhos para estações terrestres, que, então, farão a distribuição da energia e dos dados.
A empresa antecipa que a “transmissão de energia será dramaticamente mais confiável do que a geração de energia solar atual no solo”, devido à ausência de interrupções climáticas ou noturnas. Com o lançamento do primeiro satélite de demonstração de transmissão de energia em 2026, a empresa dará um passo crucial para materializar essa promessa.
A implantação de centros de dados de IA em órbita tem o potencial de mudar não apenas o desenvolvimento tecnológico, mas, também, a vida cotidiana.
Ao desvincular a computação de alto desempenho das limitações terrestres, a Aetherflux pode acelerar pesquisas em áreas, como medicina, previsão climática e exploração espacial, gerando avanços que impactarão diretamente a saúde e o bem-estar da humanidade. A capacidade de processar dados massivos em tempo real, com energia contínua e confiável, abrirá novas fronteiras para a inovação.
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