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Fluência estatística é o novo idioma dos negócios

by Fesouza
4 minutes read

Por Andressa Junges*

Ter boa intuição, saber negociar e conhecer bem o mercado em que se atua são alguns sinais fortes de que alguém entende de negócios. Isso era verdade no passado e continua sendo verdade hoje. Contudo, há novas habilidades também imprescindíveis para o cenário corporativo atual, e nenhum empresário ambicioso vai chegar muito longe sem elas.

Em especial, falo da fluência estatística. Ler números, interpretar tendências e cruzar variáveis virou parte essencial da liderança. Não é só entender o que aconteceu, mas também enxergar por que aconteceu e o que pode acontecer depois.

Não que todo líder precise virar um cientista de dados, mas a verdade é que o impacto da análise na tomada de decisões já é visível mesmo no cotidiano empresarial. Por exemplo, um aumento repentino nas vendas pode parecer aleatório a quem não souber perceber se é um pico ligado a uma ação promocional pontual, a um movimento sazonal ou realmente a uma tendência de longo prazo. A resposta mudaria completamente a rota a ser seguida dali para frente.

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No marketing, então, esse tipo de leitura faz toda a diferença. Métricas como CAC (custo de aquisição de cliente), LTV (valor do tempo de vida do cliente) e churn (taxa de cancelamento) são indicadores estratégicos que mostram se a empresa está crescendo de forma sustentável. 

Mas não estou falando apenas de ver os números, e sim de compreendê-los profundamente. Imagine uma empresa que recebe milhares de visitantes em seu site; se você olhar apenas para isso, pode ter uma falsa sensação de sucesso. É só ao cruzar esse dado com outras métricas como taxa de rejeição, tempo médio na página e origem do tráfego, que será possível descobrir se essa quantidade de visitas é qualificada ou está gerando conversões. Talvez você perceba que o público está chegando por palavras-chave genéricas, sem real intenção de compra. Ou, ainda, talvez note oportunidades que só os dados foram capazes de mostrar.

Novamente, não se trata de se especializar em ferramentas de analytics. Existem profissionais capazes de fazer isso e o ideal é mesmo que a empresa possa contar com pessoas dedicadas à análise de dados no dia a dia. Ainda assim, para os empresários, é importante desenvolver uma mentalidade orientada por dados, com repertório suficiente para questionar, interpretar e decidir com base em evidências. 

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É uma habilidade, mas, mais do que isso, é uma forma de pensar. Por isso falo em fluência. Quando você aprende um novo idioma, acaba pensando na outra língua sem nem perceber, antes mesmo de falar. É isso que os dados devem ser para líderes antenados, o que inclui entender correlação versus causalidade, saber lidar com amostras e outliers, perceber padrões e ter curiosidade em relação às variáveis que estão por trás de cada número.

Quem se cerca de bons analistas já têm vantagem sobre muitos negócios que estão ficando para trás, isso é fato. Mas quando os líderes também sabem dialogar com os dados, eles conseguem fazer as perguntas certas e oferecer ao time perspectivas de negócio que só mesmo a liderança possui. E isso, sim, tem o poder de colocar a empresa em outro nível de competitividade.

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*Andressa Junges é formada em Administração e possui MBA em Data & Analytics pela USP/ESALQ. Atua com dados e tecnologia há quase 10 anos, unindo conhecimento técnico e visão estratégica para transformar dados em insights e decisões. Atualmente, coordena a área de dados e tagging na Adtail.

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