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Fósseis de “vampiros marinhos” revelam curiosidade sobre essas criaturas jurássicas

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Cientistas usaram técnicas avançadas de imagem 3D para analisar minuciosamente fósseis raros de uma espécie de “vampiro marinho” jurássico. O resultado do estudo foi descrito em um artigo publicado na Scientific Reports.

Segundo a pesquisa, esses animais, que se assemelhavam a lulas, tinham ventosas de “supersucção” para segurar suas vítimas e mantê-las presas. A espécie, denominada Vampyronassa rhodani, é um parente extinto da lula moderna, cientificamente chamada de Vampyroteuthis infernalis.

Reconstrução 3D da espécie Vampyronassa rhodani com base em fósseis raros dessas criaturas jurássicas preservados em relevo. Crédito: A. Lethiers, CR2P-SU)

“Pela primeira vez, podemos mostrar que havia uma combinação de fatores anatômicos em V. rhodanica não identificada até então”, disse ao site Live Science a primeira autora Alison Rowe, pós-doutoranda do Centro de Pesquisa em Paleontologia de Paris (CR2P), um laboratório apoiado pela Universidade de Sorbonne, pelo Centro Nacional francês de Pesquisa Científica e pelo Museu Nacional de História Natural de Paris.

Para o estudo, foram examinados três fósseis escavados em La Voulte-sur-Rhône Lagerstätte, um antigo depósito paleontológico na região de Ardèche, no sudeste da França. Com cerca de 164 milhões de anos, o local data do meio do período jurássico (201,3 milhões a 145,5 milhões de anos atrás) e contém um conjunto de diferentes organismos marinhos fossilizados.

“O La Voulte-sur-Rhône Lagerstätte na França é realmente especial, pois preserva espécimes em 3D”, disse Alison. Isso porque, em vez de deteriorar, a carne foi substituída por minerais ricos em ferro ao longo do tempo. “É incomum encontrar cefalópodes fossilizados com qualquer resquício de tecido mole, e quando isso acontece, eles tendem a ser esmagados”. Por isso, os fósseis encontrados no La Voulte-sur-Rhône são um achado raro.

Os fósseis utilizados no estudo incluíam estruturas de tecidos moles excepcionalmente preservadas. Crédito: P. Loubry, CR2P

Eles foram examinados pela primeira vez em 2002, quando os cientistas determinaram que os animais pertenciam a uma espécie até então desconhecida, de acordo com um relatório publicado na revista Annales de Paléontologie.

Nesse artigo, os pesquisadores descreveram uma pequena criatura com oito tentáculos e apêndices espetados chamados cirros. Naquela época, ficou claro que cada braço tinha uma fileira ladeada por cirros em ambos os lados. Mas a estrutura exata dessas características era difícil de discernir, e a anatomia interna de V. rhodanica permaneceu misteriosa por quase 20 anos.

Por meio do novo estudo, análises de raios-X permitiram que a equipe reconstruísse as ventosas dos cefalópodes em alta resolução, de tal forma que eles pudessem praticamente dissecá-las e descobrir as semelhanças e diferenças entre essas criaturas e as lulas modernas.

Essas reconstruções 3D mostram os braços da criatura. É possível notar que um par de braços é mais longo. A estrutura amarela destacada é a ventosa usada para conter as presas. Crédito: Scientific Reports

Enquanto suas formas se parecem, as ventosas do antigos vampiros do mar eram maiores, mais numerosas e mais próximas umas das outras. Os cientistas também descobriram uma configuração ligeiramente diferente de ventosas e cirros em dois dos braços da criatura, um pouco maiores do que seus outros seis braços.

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Com base nessa combinação de características e no corpo estreito e musculoso de V. rhodanica, os autores do estudo teorizaram que o animal provavelmente caçava presas no oceano aberto e usava seus grandes e braços especializados para capturar e manipular suas vítimas.

“Parece razoável dizer que esse animal era predatório”, disse Christopher Whalen, pesquisador de pós-doutorado cotutela pela Fundação Nacional de Ciências de Paleontologia, a Universidade de Yale e o Museu Americano de História Natural, nos EUA, que não estava envolvido no estudo.

Isso diferencia o cefalópode jurássico da lula atual, já que os animais modernos não caçam e, em vez disso, se alimentam de pequenos organismos e pedaços de material orgânico que descem até o mar profundo.

Segundo Whalen, essa diferença pode indicar duas coisas: ou os animais antigos não eram parentes próximos das lulas e sim dos polvos (que apresentam as mesmas características) ou essas ventosas foram eliminadas ao longo da evolução das espécies.

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