O mito de Frankenstein atravessou mais de dois séculos, e em 2025 ganhou nova vida com a aguardada adaptação dirigida por Guillermo del Toro, lançada pela Netflix.
Conhecido por unir horror, poesia e sensibilidade, o cineasta reinterpreta a obra-prima de Mary Shelley, publicada em 1818, sob uma ótica visualmente sombria e emocionalmente devastadora.
Estrelado por Jacob Elordi, Oscar Isaac, Christoph Waltz e Mia Goth, o longa mergulha em temas como solidão, culpa e criação, mas com uma abordagem muito diferente da narrativa literária original.
A seguir, listamos as 7 principais diferenças entre o filme da Netflix e o livro de Shelley. Confira!
Frankenstein: diferenças entre o filme da Netflix e o livro
7. A ambientação muda completamente
Enquanto o romance de Mary Shelley se passa em boa parte na Europa do século XIX, alternando entre a Suíça, a Alemanha e o Ártico, o novo filme de Guillermo del Toro escolhe uma atmosfera mais expressionista e cinematográfica.
A história ganha contornos de um mundo fictício, inspirado por cenários góticos e industriais, lembrando o tom visual de filmes como A Forma da Água e O Labirinto do Fauno.
Del Toro mantém a essência trágica da criação de Victor Frankenstein, mas deixa claro que sua versão não busca fidelidade histórica e, sim, uma reflexão universal sobre poder, remorso e o preço de brincar de Deus.
6. O monstro ganha mais humanidade
No livro, a criatura de Frankenstein é articulada, inteligente e, acima de tudo, atormentada pela rejeição. Já no filme da Netflix, interpretado por Jacob Elordi, o ser criado em laboratório é retratado de forma mais sensível e introspectiva.
Del Toro constrói um personagem que equilibra brutalidade e inocência, dando destaque à dor de existir e à busca por aceitação.
A criatura passa a ser menos um símbolo do medo e mais um espelho do próprio criador, alguém que sente, ama e sofre, questionando a moralidade humana e o limite entre criador e criação.
5. Victor Frankenstein é mais complexo (e trágico)
No livro original, Victor Frankenstein é um jovem cientista obcecado por vencer a morte, movido pela ambição e pela culpa. Já no filme, Oscar Isaac interpreta uma versão mais melancólica e contraditória do personagem.
Del Toro enfatiza as motivações emocionais do cientista, apresentando-o como um homem destruído pela própria criação. O diretor transforma Victor em uma figura quase romântica, incapaz de lidar com as consequências de seu experimento.
Assim, o enredo desloca o foco da ciência para o drama humano, explorando temas como luto, paternidade e responsabilidade moral.
4. A presença de Elizabeth ganha força
Em Frankenstein, Elizabeth Lavenza, noiva de Victor, é um símbolo de inocência e vulnerabilidade. Sua morte no livro é um dos eventos mais trágicos e repentino da história.
Na versão da Netflix, Mia Goth assume o papel com uma presença muito mais ativa. Elizabeth deixa de ser apenas vítima para se tornar uma figura central na jornada emocional dos protagonistas.
Del Toro reinterpreta a personagem como uma mulher que compreende a dor e a solidão tanto de Victor quanto da criatura, uma ponte entre o humano e o inumano. Essa mudança adiciona camadas de empatia e tragédia à narrativa.
3. O tom filosófico dá lugar ao horror emocional
O romance de Shelley é um texto profundamente filosófico, repleto de reflexões sobre ética, ciência e natureza. O filme da Netflix, por outro lado, enfatiza o terror psicológico e a dor existencial.
Guillermo del Toro usa o horror não para assustar, mas para emocionar. Em vez de longos debates sobre moralidade, o longa se concentra na tragédia das relações entre pai e filho, criador e criatura, homem e sociedade.
A abordagem torna a história mais acessível para o público contemporâneo, sem perder o peso simbólico que consagrou a obra original.
2. O desfecho é mais íntimo e simbólico
Enquanto o livro termina em uma paisagem gelada, com a criatura desaparecendo no Ártico, o filme opta por um final mais emocional e metafórico.
Guillermo del Toro fecha a narrativa com um tom de redenção e arrependimento, destacando o elo trágico entre criador e criação.
Em vez de uma fuga rumo ao nada, o longa propõe uma catarse emocional, em que o perdão, ainda que impossível, parece mais próximo do que a vingança.
É um encerramento que se alinha à visão poética e espiritual do diretor.
1. Guillermo del Toro transforma o mito em arte
Por fim, a maior diferença não está apenas na história, mas na forma como ela é contada. O Frankenstein de Del Toro é uma releitura visual e sensorial, que mistura terror, romance e melancolia.
O diretor insere sua assinatura autoral em cada detalhe, das composições de cena aos figurinos, passando pela trilha sonora melancólica e pelo ritmo contemplativo.
O resultado é uma obra que respeita o legado de Mary Shelley, mas também reivindica sua própria identidade artística, fazendo de Frankenstein uma adaptação mais pessoal e impactante.
O Frankenstein da Netflix, portanto, não é apenas uma nova versão, é uma reinterpretação sobre o que significa ser humano em um mundo que cria e destrói ao mesmo tempo.
Guillermo del Toro, nesse sentido, entrega um filme que combina horror e poesia, reinventando um mito que ainda hoje nos obriga a encarar nossos próprios monstros.
E, você, o que achou do filme Frankenstein, da Netflix?