A recente demissão de cerca de 30 funcionários da Rockstar gerou protestos e forte repercussão dentro e fora da empresa. De acordo com relatos e declarações do sindicato IWGB (Independent Workers Union of Great Britain), os desligamentos estariam relacionados à tentativa de formação de um movimento sindical dentro do estúdio, o que a companhia nega.
Os protestos começaram após a notícia ser divulgada pela Bloomberg e confirmada por fontes internas. Em resposta, membros do IWGB e ex-funcionários organizaram manifestações em frente aos escritórios da Rockstar North e da Take-Two, em Edimburgo e Londres. Os manifestantes pedem a reintegração dos demitidos e denunciam práticas de repressão sindical.
A situação ocorre em meio a outro momento sensível para o estúdio: o adiamento de GTA 6, agora previsto para 19 de novembro de 2026 — o que aumentou o clima de incerteza interna. Segundo fontes ouvidas pelo canal People Make Games, o ambiente nos escritórios estaria “tenso e desmotivado” após as demissões e o novo atraso.
Demissões foram um “ato descarado” da Rockstar contra movimento sindical
O sindicato IWGB classificou as demissões como “um dos atos mais descarados de repressão sindical na história da indústria de jogos”. De acordo com a entidade, os funcionários desligados participavam de um grupo privado no Discord voltado à organização trabalhista e à discussão de melhorias internas.
A Rockstar, por outro lado, sustenta seus argumentos dizendo que o grupo compartilhava “informações confidenciais em um fórum público”, o que consequentemente violaria suas políticas corporativas.

Em nota, a Take-Two, empresa controladora da Rockstar, afirmou que “as medidas adotadas não têm relação com atividades sindicais”, reforçando que os desligamentos se basearam em “conduta grave” e “violação de confidencialidade”.
O presidente do IWGB, Alex Marshall, rebateu a explicação e disse que “a Rockstar tem medo de funcionários que buscam um ambiente de trabalho mais justo e coletivo”. Ele também anunciou que a entidade está estudando ações legais contra a companhia.
Segundo a organização, todos os funcionários afetados eram do Reino Unido e do Canadá. O sindicato pede a reintegração dos demitidos com compensação salarial e a responsabilização do estúdio pelas dispensas, classificadas como “claramente injustas”.
Em entrevista ao canal People Make Games, um dos organizadores do IWGB, identificado como Fred, afirmou que “a empresa não entende a força que existe em um coletivo de trabalhadores dispostos a lutar pelos seus direitos” e disse acreditar que a Rockstar “terá de responder à opinião pública e à justiça pelo que fez”.
Sindicato britânico está processando a Rockstar pelas demissões
Pouco tempo após a mobilização, um processo foi formalizado pelo IWGB contra a Rockstar por conta das demissões. O grupo alega que os desligamentos foram motivados pela tentativa dos trabalhadores de formar um sindicato interno, enquanto a empresa sustenta que as demissões ocorreram por “má conduta grave” relacionada a vazamentos de informações sigilosas.
De acordo com o IWGB, os funcionários foram dispensados “em circunstâncias que configuram vitimização e dispensa coletiva”, o que, segundo a entidade, viola leis trabalhistas do Reino Unido.

O sindicato afirma ter buscado diálogo com a Rockstar antes de entrar com a ação judicial, mas a empresa teria se recusado a negociar, levando o caso à Justiça britânica sob acusação de union busting — práticas destinadas a enfraquecer ou impedir movimentos sindicais.
“O que estamos vendo é uma tentativa clara e simples de repressão sindical”, declarou o presidente do IWGB em comunicado ao Eurogamer. Ele acrescentou que “espaços privados, como servidores de Discord de sindicatos, são protegidos por lei” e que “as cláusulas contratuais da empresa não estão acima da legislação do Reino Unido”.
Os profissionais desligados faziam parte do grupo Rockstar Games Workers Union, que reunia mais de 10% da força de trabalho da empresa no Reino Unido e buscava reconhecimento oficial do governo britânico. Segundo ex-funcionários, o movimento estava “muito próximo” de alcançar esse objetivo quando as demissões aconteceram, o que reforçou as acusações de retaliação.
Em resposta, a controladora Take-Two Interactive reafirmou apoio à Rockstar, afirmando que “as demissões ocorreram por má conduta grave e por nenhuma outra razão”. A empresa defende que os ex-funcionários violaram acordos de confidencialidade ao discutir informações internas em canais públicos.
Funcionários estão se mobilizando na porta da Rockstar
Desde o início de novembro, os protestos ocorrem em frente aos escritórios da Rockstar North e da Take-Two. Ex-funcionários e membros do sindicato exibem cartazes com frases inspiradas em jogos da empresa, como “Grand Theft Employment” e “All you had to do was follow the damn law, Rockstar” (“tudo o que você deve fazer é seguir a maldita lei, Rockstar”, uma referência à icônica fala de Big Smoke em GTA San Andreas).
Os manifestantes exigem a reintegração dos profissionais desligados e compensações financeiras pelas semanas sem trabalho.
O grupo também recebeu apoio público de figuras políticas britânicas, incluindo Ross Greer, co-líder do Partido Verde da Escócia, que declarou: “Reintegrem os trabalhadores e ofereçam as condições justas que eles merecem por fazerem um jogo que renderá bilhões”.

De acordo com o IWGB, os protestos devem continuar até que a empresa revise sua decisão. “Estamos na luta de nossas vidas”, afirmou um dos ex-funcionários. “Queremos apenas voltar a trabalhar no jogo que amamos, sem medo de sermos punidos por tentar melhorar nosso ambiente”.
A Rockstar e a Take-Two, até o momento, não comentaram oficialmente os protestos. Internamente, o estúdio teria reforçado políticas de sigilo e segurança de dados após o caso.
O movimento sindical também informou que pretende acionar órgãos trabalhistas do Reino Unido e buscar apoio internacional para pressionar a empresa.
Moral da Rockstar estaria no “fundo do poço”, segundo funcionário anônimo
Um suposto funcionário da Rockstar relatou em um fórum dedicado à franquia GTA que a moral interna do estúdio “está no fundo do poço” após o adiamento de GTA 6 e as recentes demissões. O relato foi validado por moderadores e descreve um clima de “medo e desmotivação” entre os desenvolvedores.
Segundo o relato, o ambiente nos escritórios estaria silencioso e tenso, com funcionários “evitando conversar entre si por medo de represálias”. O autor também afirma que “aqueles que permanecem trabalham com receio constante de serem os próximos” e que há frustração com a falta de transparência da gestão.
O funcionário ainda descreveu a sobrecarga de trabalho e a ausência de comunicação clara por parte da liderança como fatores que agravaram o desânimo interno. “Quando deveríamos estar animados com o próximo ano, estamos totalmente desmotivados”, escreveu.

Mesmo com o clima de instabilidade, o texto afirma que os esforços para a sindicalização continuam. “O que aconteceu mostra que nos importamos mais com o bem-estar dos nossos colegas do que a própria empresa”, diz um trecho do relato.
A crise na Rockstar Games expôs tensões trabalhistas e questionamentos sobre a cultura interna do estúdio responsável por GTA 6. O futuro das negociações com o IWGB e o impacto das demissões no desenvolvimento do jogo seguem em aberto.
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