Furtos e roubos de celulares caíram 13% em 2024 no Brasil; o que explica esse número?

Roubo e furtos de celulares no Brasil acontecem em períodos diferentes da semana e São Paulo registra uma a cada cinco dessas ocorrências. Essas são algumas das conclusões do 19º Anuário de Segurança, um levantamento divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) nesta semana sobre crimes em geral no país.

Ao todo, foram 917.748 celulares roubados e furtados em 2024 no país — um número ainda bastante alto, mas que representou uma queda de 13,4% em comparação com o ano anterior. A pesquisa também traz detalhes sobre os dispositivos recuperados, normalmente em operações policiais contra os responsáveis pelo crime. Isso ocorre em 8% dos casos, ou um em cada 12 dispositivos, uma porcentagem que ainda possui margem para melhora.

O relatório inclui dados fornecidos ou obtidos por secretarias estaduais de segurança pública, autoridades policiais e outras organizações. O documento completo, que traz também detalhes sobre homicídios, violência doméstica e estelionato, pode ser consultado por este link.

A queda em furtos e roubos de celulares

Segundo o estudo, essa é a primeira diminuição significativa na quantidade de ocorrências que não envolve um caso especial: a pandemia da covid-19, que fez os registros caíram entre 2020 e 2021 pela menor circulação de pessoas no geral.

A própria pandemia explica parte da queda: o “perfil” do crime no país se alterou e a quantidade de estelionatos e golpes digitais cresceu de forma considerável. Além disso, a população está mais atenta e tende a usar serviços que dificultam o acesso aos aparelhos, como a biometria.

Alguns dos principais números obtidos pelo relatório. (Imagem: Reprodução/Fórum Brasileiro de Segurança Pública)

As operações policiais focadas nesse tipo de crime e iniciativas, como a recuperação e devolução de aparelhos, também contribuem para reduzir um pouco esses números. Veja abaixo mais alguns dados obtidos pelo relatório:

  • a queda foi liderada pelo estado do Piauí (com 29,7% menos registros de roubo ou furto desses aparelhos);
  • os furtos são mais comuns no fim de semana (34% dos casos), enquanto os roubos tendem a acontecer em dias úteis (com 29,8% dos casos só nas quintas e sextas-feiras);
  • os horários de pico desses crimes também diferem: roubos acontecem mais entre 4 e 6 horas da manhã e das 18 às 23 horas, enquanto os furtos ocorrem de forma mais distribuída ao longo do dia;
  • nos dois casos, a maior parte das vítimas é negra e tem idade entre 20 e 39 anos. Os roubos tendem a ser mais comuns contra homens (59,1%), enquanto as vítimas de furto são mais mulheres (50,2%), embora a margem de diferença seja pequena;
  • vias públicas são os locais mais perigosos por serem os mais citados em roubos (79,6%) e furtos (43,7%). No caso de furto, porém, estabelecimentos comerciais (14,6% dos furtos), a própria casa (12%) e transporte público ou privado (11%) também são considerados pontos de risco;
  • São Paulo tem a terceira maior taxa de casos do país proporcionalmente à população: São Luís (MA) tem o pior registro, com 744 roubos e furtos por 100 mil habitantes, seguida de Belém (PA);
  • Samsung e Motorola são as marcas mais procuradas pelos criminosos — ou então as mais encontradas, já que ambas tendem a ser líderes em venda de dispostivos no país. Já a Apple, mesmo com um mercado consideravelmente menor, é a terceira mais visada;

Recuperação de celulares pode melhorar

A taxa ainda reduzida e considerada instável na recuperação de aparelhos é vista pelo relatório como um ponto de preocupação. O estado com a pior relação entre celulares furtados ou roubados e os que foram recuperados é o Pará, com taxa média de um celular recuperado para cada 65,3 tirados do dono. O Piauí, por sua vez, tem a maior taxa de recuperação: um dispositivo é obtido por forças policiais para cada 2,7 crimes.

Para além da redução geral nos furtos e roubos, a ação de forças de segurança do estado é vista como um dos motivos desses dados: o Piauí foi o primeiro a implementar o serviço de alerta de celulares roubados ou furtados, que foi expandido nacionalmente pelo programa Celular Seguro após bons números na região. Ainda assim, o desafio para 2025 é ampliar a porcentagem nacional e desenvolver melhores ações para lidar com o que acontece com os eletrônicos após o crime.

“Se os dados de ocorrências de furtos e roubos sinalizam para uma queda de registros, o que é sim uma boa notícia, o número de registros de recuperação de celulares pela polícia e devolução para seus legítimos proprietários oscila bastante e parece indicar limitações na capacidade de processamento e investigação”, conclui uma das análises do Anuário.

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