Fusão de buracos negros mais barulhenta já detectada confirma teoria de Stephen Hawking

Em 2015, uma das ideias centrais da teoria da relatividade geral de Albert Einstein foi comprovada. Na ocasião, cientistas registraram pela primeira vez ondas gravitacionais, minúsculas ondulações no espaço-tempo previstas por ele quase um século antes, abrindo uma nova forma de explorar o Universo.

Agora, no aniversário de 10 anos dessa conquista, uma descoberta publicada na revista Physical Review Letters, permite testar uma ideia ousada de outro grande ícone, o físico Stephen Hawking, famoso por seus estudos sobre buracos negros.

Confirmado: buracos negros resultantes de fusões não podem ser menores que aqueles que os formaram. Crédito: Aurore Simonnet (SSU/EdEon)/LVK/URI

Em poucas palavras:

  • Cientistas detectaram uma fusão de dois buracos negros gigantes a mais de um bilhão de anos-luz;
  • Denominado GW250114, o sinal foi quase quatro vezes mais nítido que o primeiro descoberto;
  • Atualizações tecnológicas permitiram calcular áreas e spins dos buracos negros envolvidos;
  • Resultado confirmou a previsão de Hawking de que a área final nunca diminui;
  • Descoberta amplia as possibilidades de exploração cósmica.

Primeira detecção de ondas gravitacionais rendeu Nobel de Física

Ondas gravitacionais são vibrações que viajam à velocidade da luz, provocadas por eventos cósmicos extremos, como a fusão de buracos negros ou estrelas de nêutrons. A primeira observação aconteceu em 14 de setembro de 2015, quando o Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferometria a Laser (LIGO), nos EUA, captou o sinal GW150914. Ele se originou da colisão de dois buracos negros, cada um com mais de 30 vezes a massa do Sol, a mais de um bilhão de anos-luz.

Além de confirmar uma previsão fundamental da teoria da relatividade geral de Einstein, a detecção rendeu o Prêmio Nobel de Física de 2017 a Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne. Desde então, mais de 300 sinais semelhantes foram identificados pelos detectores LIGO, Virgo (Itália) e KAGRA (Japão), dobrando recentemente o número de eventos conhecidos.

A equipe internacional que reúne esses observatórios, com participação do centro australiano OzGrav, acaba de anunciar um novo registro: o GW250114. Ele lembra muito o primeiro sinal, mas a tecnologia atual tornou a detecção quase quatro vezes mais nítida, permitindo análises mais detalhadas.

De acordo com um comunicado, foi essa clareza que possibilitou colocar à prova uma das principais teorias de Hawking. Na década de 1970, ele e o físico Jacob Bekenstein propuseram que a área do horizonte de eventos de um buraco negro – a região de onde nada escapa – nunca diminui. Em termos simples, buracos negros não encolhem.

Sinais de ondas gravitacionais registrados pelo detector LIGO com quase dez anos de diferença. Crédito: LIGO/J. Tissino (GSSI)/R. Hurt (Caltech-IPAC)

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GW250114 é a maior prova de que buracos negros só aumentam

Bekenstein também mostrou que a área do horizonte está ligada à entropia, que mede a desordem do Universo. Como a segunda lei da termodinâmica afirma que a entropia sempre aumenta, a área dos buracos negros também deve crescer. Hawking formulou matematicamente essa ideia na chamada “lei da área de Hawking”.

Colisões de buracos negros são o cenário ideal para testar essa ideia. Medindo a massa e a rotação (spin) dos objetos antes e depois da fusão, os cientistas podem calcular se a área total final realmente supera a soma das áreas iniciais.

Os resultados do evento GW250114 confirmaram com precisão inédita que a área do buraco negro final é maior que a soma das originais. É a prova mais sólida até hoje da lei da área de Hawking, reforçando que esses titãs cósmicos seguem uma lógica simples, regida por massa e spin.

A expectativa é que futuras medições de ondas gravitacionais possam examinar teorias ainda mais ousadas e, quem sabe, ajudar a desvendar mistérios como a matéria escura e a energia escura, que continuam desafiando a ciência.

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