O lançamento do Gemini 3 movimentou o setor de inteligência artificial nesta semana. O novo modelo do Google chamou atenção logo nas primeiras horas após a divulgação, gerando comentários entusiasmados, comparações diretas com concorrentes e grande adoção inicial. De acordo com o Google, mais de um milhão de pessoas testaram a novidade no AI Studio e na API da plataforma em apenas 24 horas.
O anúncio marcou também a integração imediata do modelo à busca do Google, algo inédito nas estreias anteriores da empresa. Dentro e fora do mercado, a percepção inicial é positiva, com especialistas destacando evolução em diferentes áreas. No entanto, apesar dos resultados promissores, usuários profissionais indicam que não pretendem abandonar outros modelos por enquanto.

Gemini 3 tem resultados elevados em benchmarks
O Gemini 3 passou a ocupar o topo do ranking do LMArena, plataforma colaborativa de avaliação que funciona como uma espécie de parada de sucessos dos modelos de IA. Segundo Logan Kilpatrick, líder de produto do Google AI Studio e da API do Gemini, essa foi a melhor adoção já registrada na estreia de um modelo da empresa, em declaração ao The Verge.
Alguns concorrentes conhecidos elogiaram publicamente o desempenho, como o CEO da OpenAI, Sam Altman, e o CEO da xAI, Elon Musk. Marc Benioff, CEO da Salesforce, afirmou ao The Verge que a experiência de duas horas com o novo modelo mudou completamente sua percepção ao compará-lo com o uso diário que já fazia de outras ferramentas.
Avanços em raciocínio e análises especializadas
Wei-Lin Chiang, cofundador e CTO do LMArena, afirmou que o Gemini 3 Pro tem uma “vantagem clara” em categorias como programação, matemática e escrita criativa, superando soluções como Claude 4.5 e GPT-5.1. Ainda segundo ele, o modelo também se destacou em compreensão visual e atingiu uma pontuação inédita superior a 1.500 no ranking de textos da plataforma.
Alex Conway, engenheiro da DataRobot, destacou a performance em avaliações complexas, como o benchmark ARC-AGI-2. Ele afirmou ao The Verge que o Gemini alcançou quase o dobro da pontuação do GPT-5 Pro, com custo por tarefa muito menor. No teste SimpleQA, dedicado a perguntas de conhecimento geral e respostas curtas, o Gemini 3 Pro também ficou mais de duas vezes acima do GPT-5.1, o que indica potencial para temas especializados e pesquisa científica.
Uso profissional ainda depende do contexto
Embora os resultados impressionem, especialistas ouvidos pelo The Verge reforçam que testes práticos são essenciais. Para muitos setores, modelos consolidados continuam sendo ferramentas mais eficazes.
Vários profissionais de tecnologia ainda preferem o Claude para tarefas de código, mesmo com os avanços do Gemini. Tim Dettmers, professor da Carnegie Mellon University, afirmou que o novo modelo é bom, mas ainda apresenta limitações de experiência de uso e não segue instruções com precisão em alguns casos.

Tulsee Doshi, diretora de produto do Google DeepMind, explicou em entrevista ao The Verge que a prioridade inicial foi integrar o Gemini 3 a diversos produtos da empresa. Segundo ela, o feedback tem ajudado a identificar pontos que devem ser ajustados em versões futuras.
Resultados variam entre setores especializados
O CTO da Thomson Reuters, Joel Hron, disse que o modelo apresentou desempenho forte em benchmarks internos da companhia, incluindo comparação e interpretação de documentos extensos, bem como análise de contratos jurídicos. Para ele, o salto em relação ao Gemini 2.5 é significativo.
No setor médico, a impressão é mais cautelosa. Louis Blankemeier, CEO da startup de radiologia Cognita, afirmou que o Gemini 3 é animador “em números absolutos”, mas ainda não se mostra eficaz em casos clínicos complexos, como detecção de fraturas sutis em raios X ou condições raras. Ele comparou o desafio à evolução de carros autônomos, em que novos modelos precisam enfrentar uma grande variedade de situações do mundo real.
O mesmo vale para empresas que usam IA em segurança pública. Matt Hoffman, chefe de IA da Longeye, vê potencial no gerador de imagens Nano Banana Pro, mas ainda não acredita que a companhia conseguiria substituir seus modelos atuais e obter melhorias imediatas.
Mercado avalia integração sem substituir tudo
Outras empresas estudam migrar parte das suas soluções para o Gemini 3, mas não veem uma substituição total no curto prazo. A Built, plataforma de finanças imobiliárias, utiliza uma combinação de modelos de diferentes fornecedores para analisar documentos multimodais. Segundo o VP de engenharia Thomas Schlegel, o novo modelo do Google pode se encaixar bem nessas tarefas, mas ainda não há decisão final.
Tanmai Gopal, CEO da PromptQL, avalia que a reação ao Gemini 3 é justificada, mas não representa o fim da competição. Para ele, os ciclos de lançamento são rápidos, e lideranças mudam constantemente. Gopal revelou que ainda prefere Claude para geração de código, ChatGPT para busca na web e GPT-5 Pro para ideias complexas, mas pode incluir o Gemini como opção padrão em tarefas criativas e multimodais.

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Ainda há falhas em situações básicas
Mesmo com bons resultados, o modelo apresenta falhas em cenários simples. O pesquisador Andrej Karpathy relatou no X que o Gemini 3 teve excelente desempenho em tarefas como escrita, humor e programação, mas errou ao interpretar o ano de referência e chegou a “esquecer” a ativação da busca. Segundo ele, a falha pode ter ocorrido por conta de um prompt de sistema desatualizado durante os testes iniciais.
Em testes realizados pelo The Verge, o desempenho também foi descrito como positivo, mas com ressalvas. Para os entrevistados, o modelo representa um avanço importante para o Google, mas não deve manter a liderança por muito tempo em um mercado que evolui mês a mês. Hron, da Thomson Reuters, definiu o cenário como “um jogo de ultrapassagens contínuas”, em que o Gemini 3 se destaca por ter melhorado de maneira consistente em várias frentes, e não apenas em um único tipo de tarefa.
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