Gigante brasileira tem R$ 710 milhões desviados em ataque ao sistema PIX

Sinqia, empresa que fornece as tecnologias necessárias para conectar bancos ao PIX, registrou uma invasão em seus sistemas que resultou na transferência de mais de R$ 710 milhões de reais para contas de laranjas via PIX. As instituições mais afetadas foram o HSBC e a fintech Artta. Os dados da invasão constam em relatório da Evertec, controladora da Sinqia, enviado à SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos).

O ataque foi possibilitado pela exploração de credenciais de fornecedores legítimos de tecnologia da informação. Ou seja, os criminosos usaram o próprio acesso de fornecedores confiáveis para se passar por eles e movimentar dinheiro no sistema, sem levantar suspeita imediata

Apesar do ataque, as instituições afirmaram que a rede do Banco Central (BC) segue intacta, e o HSBC afirma em comunicado que “nenhuma conta dos clientes ou fundos foram impactados pela operação”, uma vez que ela ocorreu exclusivamente no sistema da Sinqia. Desde que o BC reconheceu a invasão, os acessos aos sistemas da empresa de tecnologia foram cortados. Os primeiros sinais de ataque foram registrados na última sexta-feira (29), e desde então os acessos da Sinqia estão restritos.

No relatório da Evertec, enviado à SEC, afirma-se que, ao detectar atividade suspeita no ambiente PIX, todos os processamentos de transações foram suspendidos e especialistas em cibersegurança foram acionados. Por isso, os clientes da Sinqia foram obrigados a recorrer a outros prestadores de serviço para continuar operando com transações instantâneas. A Evertec afirma que parte dos R$ 710 milhões foram recuperados e que as equipes ainda trabalham para recuperar o valor restante. 

“Depois que o ambiente for reconstruído e estivermos confiantes de que está pronto para ser colocado de volta em funcionamento, o Banco Central irá revisá-lo e aprová-lo antes de colocá-lo novamente online”, afirma a Sinqia em comunicado.

Caso lembra ataque bilionário à C&M Software

O ataque remete ao roubo bilionário sofrido pela C&M Software, que também desenvolve soluções de infraestrutura e software para integrar instituições financeiras e o Sistema de Pagamentos Instantâneos. Em julho deste ano, a companhia foi vítima de uma invasão em seus sistemas, que resultou na perda de um valor estimado entre R$ 400 milhões e R$ 1,5 bilhão. A investigação do caso levou ao envolvimento de um funcionário de TI da empresa que cooperou com os criminosos. 

A Polícia Civil de São Paulo prendeu João Nazareno Roque, o funcionário que deu acesso ao sistema sigiloso da empresa que permitiu que hackers fizessem transferências financeiras por PIX. Uma das seis instituições afetadas, a BMP, uma fintech de Banking as a Service, registrou um prejuízo de R$ 541 milhões. A polícia afirmou que o colaborador confessou a participação no esquema ao vender seu login e senha por R$ 5 mil e mais R$ 10 mil para criar um sistema que permitisse que o dinheiro fosse desviado sem alardes. 

A BMP registrou boletim de ocorrência relatando os desvios bilionários e então a C&M reportou que havia sofrido uma ataque. De acordo com o delegado do caso, as transferências foram feitas durante a madrugada, percebidas às 4h30 e continuaram até as 07h00.

Monbank também sofreu ataque ao PIX

Na última terça-feira (2), o TecMundo reportou o ciberataque ao sistema PIX da Monbank, que conforme relatado pela empresa, somou mais de R$ 4,9 milhões desviados. De acordo com a companhia, apenas R$ 200 mil do valor total ainda não haviam sido recuperados, mas já estavam em processo de bloqueio nas instituições que receberam as transferências indevidas.

O comunicado da empresa mostra que as suspeitas foram identificadas durante a manhã e interrompidas brevemente. O ataque foi direcionado ao Sistema de Transferência de Reservas (STR), usado em transferências bancárias como TED, e ao PIX. Assim como a Sinqia, a Monbank suspendeu as operações. A empresa também afirma não ter registrado nenhum vazamento de dados e nenhuma infração direta em contas de clientes. 

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