A Google abertamente admitiu pela primeira vez que a internet aberta, acessível e independente das plataformas está “em rápido declínio“. A fala foi encontrada em documentos submetidos pela companhia como parte da defesa em uma ação judicial nos Estados Unidos.
O caso envolve a acusação já aceita pelo juiz de que a Google é um monopólio no setor de publicidade online, restando apenas a determinação da pena. Na argumentação, a gigante alega que auxilia uma série de páginas com o atual modelo de compartilhamento de receita com sites e ferramentas que concordam em exibir banners e outras formas de anúncio.
O processo é parecido com a batalha judicial já encarada pela companhia sobre as alegações de ser um monopólio no setor de buscas. Esse status foi confirmado pelo juiz, mas a punição para a empresa foi a menor possível — algumas das possibilidades incluíam até vender a divisão do navegador Google Chrome, o que não precisa mais acontecer.
Google admits in a court doc filed Friday afternoon that the “open web is already in rapid decline” after Google execs for months have been saying the “web is thriving” https://t.co/edtgjUdEC2 via @jason_kint pic.twitter.com/MHfBt90bNS
— Barry Schwartz (@rustybrick) September 8, 2025
Caso seja punida, a Google pode ter que separar ou vender algumas unidades ou ferramentas de gerenciamento de anúncios, ou então compartilhar o código dessas plataformas com concorrentes. A companhia alega que, se fizer isso, vai “prejudicar publicadores que atualmente dependem da receita de exibição de anúncios da internet aberta“.
Acusada várias vezes de prejudicar o tráfego de sites com mudanças no algoritmo ou a implementação do recente resumo por inteligência artificial (IA) que reduz o tráfego direto para outras páginas, a Google nos últimos meses adotou o discurso contrário por meio de falas de executivos. Além de um deles citar que a web na verdade está “prosperando”, o próprio CEO da empresa, Sundar Pichai, disse que a web não está morrendo.
O que é a internet aberta?
- A internet aberta (ou open web, no termo original e mais usado em inglês) é tudo aquilo da internet que não está em plataformas específicas e que restringem o acesso ao conteúdo por meio do próprio serviço;
- O termo serve tanto para indicar tecnologias e seus padrões, como código aberto de serviços, ou ferramentas disponibilizadas para desenvolvedores, quanto um espaço diverso, plural e acessível, que contribui para o ambiente de livre expressão e inclusão digital;
- O princípio da internet aberta é ser criada, mantida e acessada por usuários, não governos ou grandes corporações, e não ter uma curadoria de conteúdo definida por filtros pouco transparentes e altamente customizados;
- A tese de que a internet aberta está em declínio e hoje a rede é ocupada cada vez mais por “jardins murados”, como redes sociais e outras plataformas digitais, é defendida já há alguns anos por especialistas e ganhou ainda mais força recentemente;
O que diz a Google
Na postagem do jornalista no X, o vice-presidente de Anúncios Globais da Google, Dan Taylor, respondeu a uma das primeiras publicações sobre o assunto com outra versão sobre a fala.
De acordo com o executivo, a fala da Google envolve apenas a exibição visual de anúncios nesse ambiente e não a internet aberta como um todo. “Como você sabe, os orçamentos de anúncios acompanham o tempo gasto pelos usuários e os profissionais de marketing enxergam os resultados cada vez mais em áreas como TV conectada, mídia de varejo e muito mais” argumenta.
Em resposta, Barry alega que isso na verdade “não faz diferença alguma” e é apenas o reconhecimento de um mesmo cenário, porém do ponto de vista da própria companhia.
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