Testes feitos por usuários da rede social X com a inteligência artificial (IA) Grok indicam que, aparentemente, o chatbot agora consulta a opinião de Elon Musk antes de comentar certos assuntos considerados mais complicados. Uma série de postagens na própria plataforma indica que esse é um novo parâmetro da ferramenta.
A situação supostamente ocorre na Grok 4, versão recém-lançada da IA e por enquanto exclusiva para assinantes dos planos Premium do X. Capturas de tela e até vídeos mostram como é o comportamento do serviço ao ser questionado sobre temas como o conflito entre Israel e Palestina, entre outros exemplos que resultam em disputa de opiniões.
Here’s a complete unedited video of asking Grok for its views on the Israel/Palestine situation.
It first searches twitter for what Elon thinks. Then it searches the web for Elon’s views. Finally it adds some non-Elon bits at the end.
ZA
54 of 64 citations are about Elon. pic.twitter.com/6Mr33LByrm— Jeremy Howard (@jeremyphoward) July 10, 2025
No caminho utilizado para o Grok para “raciocinar” e formular um conteúdo, ele explicitamente mostra que “Considerando as visões de Elon Musk” é uma das etapas, que na prática significa procurar as postagens do perfil do bilionário no X sobre o assunto.
No caso do atual conflito, segundo um dos materiais compartilhados, o Grok entendeu que Musk “mostra alinhamento com [Benjamin] Netanyahu”, primeiro-ministro israelense, além de “criticar os esquerdistas que apoiam o Hamas”, grupo terrorista e extremista da região de Gaza. Ao clicar nesse passo, é possível ver uma série de publicações de Musk sobre o tema.

Além das postagens do empresário dono da x.AI, companhia que controla o Grok e o X, a IA também avalia outras contas relevantes e notícias publicadas em portais internacionais. Já ao fazer o mesmo questionamento no Grok 3, que é a versão liberada para usuários que não pagam a assinatura do X, o comando resulta em uma explicação ponderada e até neutra, sem menções ao empresário.
Veículos de imprensa como o TechCrunch e a CNBC conseguiram replicar o comportamento da IA do X neste e em outros assuntos. Os testes encontraram evidências de que postagens ou a opinião prévia de Musk sobre um tópico foi considerada na formulação da resposta.
O Grok é mesmo controlado por Musk?
Os experimentos feitos por mais de um usuário indicam que, ao menos por enquanto e envolvendo tópicos polêmicos, a IA do X realmente leva em consideração as opiniões de Musk para formular respostas na versão Grok 4.
O que ainda não foi explicado é o motivo desse parâmetro dentro da cadeia de raciocínios da plataforma: não há provas de que o código do Grok explicitamente traz a indicação de consulta às visões de Musk ou se o próprio chatbot decidiu que, ao pesquisar postagens de pessoas relevantes na rede social, a resposta que passa a ser considerada é a do dono da empresa que o criou. Essa segunda visão é a defendida pelo programador Simon Willison, que compartilhou a tese em seu blog pessoal.
Até o momento, não há pronunciamentos sobre o caso do próprio Musk ou da x.AI. A rede social recentemente também trocou de CEO, com Linda Yaccarino deixando o cargo após dois anos e ainda sem uma pessoa no lugar.
O próprio Grok também acaba de passar por problemas: nos últimos dias, a IA passou a elogiar o ditador nazista Adolf Hitler, mudou o próprio nome para MechaHitler, fez observações antissemitas e incitou violência e discurso de ódio. A plataforma apagou as publicações e disse que corrigiu o modelo após um comportamento “inapropriado”.
Dias antes, Musk revelou que o Grok foi atualizado para “ficar significativamente melhor” ao ser perguntando sobre algumas coisas. A IA anteriormente recebeu críticas de usuários da extrema-direita por ser “woke”, até mesmo adotando uma postura mais progressista sobre certos tópicos.