O tsunami causado por um terremoto na Rússia no final de julho serviu de teste para uma nova tecnologia desenvolvida pela NASA. Chamada de GUARDIAN (Rede GNSS de Alerta e Informação de Desastres em Tempo Real da Atmosfera Superior), a estrutura foi criada para detectar distorções na atmosfera, contribuindo para a emissão de alertas mais precisos sobre a formação de um tsunami.
Atualmente, as previsões são feitas com base em dados sísmicos, além de instrumentos marítimos. Os dados de avaliação das ondas são coletados através de sensores de pressão em águas profundas, mas o custo elevado do equipamento acaba levando à escassez de informação em alguns locais, de acordo com a NASA.
“O GUARDIAN pode ajudar a preencher as lacunas”, disse Christopher Moore, diretor do Centro de Pesquisa de Tsunamis da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA). “Ele fornece mais uma informação, mais um dado valioso, que pode nos ajudar a determinar que, sim, precisamos tomar a decisão de evacuar.”

Teste na vida real
Em julho, o GUARDIAN sinalizou distorções na atmosfera e emitiu notificações em apenas 20 minutos após o terremoto. O sistema confirmou os sinais da aproximação do tsunami cerca de 30 a 40 minutos antes das ondas atingirem o Havaí e outros locais do Pacífico em 29 de julho (horário local).
“Esses minutos extras sabendo que algo está chegando podem fazer uma grande diferença na hora de alertar as comunidades no caminho”, disse Siddharth Krishnamoorthy, cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da agência. O tsunami foi desencadeado por um terremoto de magnitude 8,8 na Península de Kamchatka, na Rússia.
A tecnologia já é considerada uma das ferramentas de monitoramento mais rápidas do gênero, com resultados emitidos quase em tempo real. A interpretação dos dados é feita por especialistas treinados para identificar sinais de tsunamis.

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Como o GUARDIAN funciona?
De modo geral, a rede é capaz de detectar o movimento da superfície do mar de muito acima da Terra, globalmente e em tempo quase real. O sistema oferece uma perspectiva única da dinâmica oceânica do espaço, o que os cientistas acreditam ser uma “mudança de paradigma” tecnológica na área.
- Durante um tsunami, muitos quilômetros quadrados da superfície do oceano podem subir e descer quase simultaneamente;
- Isso desloca uma quantidade significativa de ar acima dele, enviando ondas sonoras e gravitacionais de baixa frequência em alta velocidade em direção ao espaço;
- As ondas interagem com as partículas carregadas da atmosfera superior — a ionosfera — onde distorcem levemente os sinais de rádio que chegam às estações terrestres científicas de GPS e outros satélites de posicionamento e cronometragem;
- Esses satélites são conhecidos coletivamente como Sistema Global de Navegação por Satélite (GNSS).

Uma das vantagens do GUARDIAN é que o sistema não depende de informações sobre a causa do tsunami, seja por grandes terremotos submarinos, erupções vulcânicas, deslizamentos de terra subaquáticos e certas condições climáticas. A tecnologia está focada em detectar e alertar sobre a formação do fenômeno, ajudando a minimizar a perda de vidas.
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