Guerra fria da inteligência artificial intensifica disputa entre EUA e China

A corrida global pela inteligência artificial está se transformando em uma nova guerra fria tecnológica. Estados Unidos e China competem para dominar o setor, com o potencial de reconfigurar economias, indústrias e relações geopolíticas. O avanço acelerado da tecnologia tem levado ambos os países a priorizar o desenvolvimento de modelos de IA cada vez mais sofisticados, mesmo diante de riscos éticos e de segurança. O cenário foi assunto de uma reportagem do The Wall Street Journal.

China intensifica corrida tecnológica pela inteligência artificial

No início de 2024, o governo chinês intensificou a pressão sobre suas empresas de tecnologia. Pequim relaxou regulações, ampliou investimentos e reforçou sua infraestrutura digital, buscando reduzir a dependência de modelos estrangeiros e de chips norte-americanos. Essa estratégia culminou na criação do DeepSeek, um modelo de IA que chamou a atenção do Vale do Silício e marcou uma virada de confiança na indústria chinesa.

Governo chinês intensificou a pressão sobre suas empresas de tecnologia (Imagem: xtock – Shutterstock)

O esforço nacional inclui um plano para criar uma “nuvem nacional” até 2028, conectando centenas de centros de dados em regiões como a Mongólia Interior, onde a energia solar e eólica é abundante. Essa iniciativa faz parte de um movimento mais amplo que visa transformar o país em uma potência global de IA.

Entre os principais pontos do plano de expansão da China estão:

  • Construção de grandes clusters de computação em todo o país;
  • Investimentos bilionários em energia e infraestrutura digital;
  • Apoio estatal com empréstimos de baixo custo e incentivos fiscais;
  • Mobilização de engenheiros e universidades em projetos estratégicos.

Enquanto isso, líderes chineses apontam a IA como ferramenta essencial para impulsionar a economia e a inovação. Segundo o premiê Li Qiang, a China finalmente possui um modelo do qual pode se orgulhar — uma mensagem que reforça o compromisso do governo em alcançar os Estados Unidos no setor.

EUA mantêm liderança, mas com sinais de alerta

Apesar do avanço chinês, os Estados Unidos continuam à frente na corrida da inteligência artificial. O país domina a produção de chips avançados e conta com investidores privados dispostos a injetar bilhões de dólares em startups de IA — somente no primeiro semestre de 2025, foram US$ 104 bilhões em novos aportes.

No entanto, especialistas alertam que a vantagem norte-americana pode ser temporária. A China já ultrapassa os EUA em aplicações práticas, como veículos autônomos, drones e robôs humanoides, e seus modelos de IA estão entre os mais competitivos do mundo em diversas tarefas, de programação à geração de vídeos.

Apesar do avanço chinês, os Estados Unidos continuam à frente na corrida da inteligência artificial (Imagem: gguy/Shutterstock)

Para analistas, o cenário atual lembra os confrontos tecnológicos da guerra fria original, como a corrida espacial entre EUA e União Soviética. A diferença é que, agora, a disputa se concentra em algoritmos e superprocessadores, com consequências ainda mais amplas. A inteligência artificial promete transformar desde diagnósticos médicos até a defesa militar, tornando-se um pilar de poder global.

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Com ambos os países investindo pesadamente e desconfiando um do outro, especialistas preveem que a nova guerra fria da IA aumentará os custos de desenvolvimento, estimulará o ciberespionagem e reduzirá as chances de cooperação internacional. O resultado pode ser um mundo mais dividido — e profundamente moldado pela inteligência artificial.

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