Há algo de errado com a fotossíntese das algas, segundo estudo

Uma nova pesquisa revela que as plantas intensificaram seus níveis de fotossíntese ao redor do mundo, enquanto algas marinhas enfraqueceram no decorrer dos últimos vinte anos. Publicado na revista Nature Climate Change, o estudo abrange dados globais de satélites de 2003 a 2021 e indica como o aquecimento global tem alterado o comportamento desses organismos.

Plantas e algas são conhecidas como produtoras primárias: seres capazes de utilizar a luz para gerar energia e dar base à cadeia alimentar. Nesse processo, conhecido como fotossíntese, elas utilizam os raios solares para converter carbono em matéria orgânica e assim se manterem vivos.

Porém, esses organismos também liberam carbono por meio da respiração celular, procedimento em que absorvem oxigênio e expelem gás carbônico e água.

As algas são essenciais para a captura de carbono em todo o planeta. (Imagem: Ajm_a_l66 / Shuttersstock)

Ao se subtrair o carbono absorvido na fotossíntese com o liberado na respiração, o resultado é a produção primária líquida (PPL) – um potente indicador da quantidade de energia que os organismos fotossintéticos disponibilizam para sustentar as outras formas de vida em um ecossistema.

“Como base das teias alimentares, a PPL determina a saúde do ecossistema, fornece alimentos e fibras para os humanos, atenua as emissões antropogênicas de carbono e ajuda a estabilizar o clima da Terra”, disse o líder do estudo Yulong Zhang, pesquisador na Escola Nicholas de Meio Ambiente da Universidade Duke, em um comunicado.

Plantas terrestres fizeram mais fotossíntese, enquanto algas decaíram

No novo estudo, pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, buscaram entender como a PPL global variou nas últimas duas décadas e quais foram as tendências anuais. A equipe também procurou compreender como sistemas terrestres e oceânicos interagem durante esse processo.

Os autores utilizaram dados e imagens de seis satélites diferentes, três para a terra e três para os oceanos, do período de 2003 a 2021. Com métodos estatísticos, a equipe analisou a mudança na taxa de produção dos dois cenários durante o período separadamente e em conjunto.

Os ambientes terrestres tiveram um aumento significativo na PPL, a uma taxa de 200 milhões de toneladas métrica de carbono por ano. Essa tendência apareceu em áreas temperadas, boreais e de alta latitude (mais perto dos polos). A única exceção notada pela equipe foi em biomas tropicais da América do Sul.

Mapa das tendências anuais da PPL no período de 2003 a 2021. (Imagem: Yulong Zhang, et al, 2025)

Já os ecossistemas marinhos apresentaram um declínio na PPL de 100 milhões de toneladas métricas de carbono anuais durante o período. Os oceanos tropicais e subtropicais registraram as maiores quedas, principalmente o Pacífico.

O estudo conclui que o aumento da produtividade nas áreas terrestres compensou as perdas registradas nos oceanos. Em escala global, a PPL cresceu a uma taxa de 100 milhões de toneladas métricas de carbono por ano entre 2003 e 2021.

Aquecimento global pode ser o responsável, dizem cientistas

Os pesquisadores analisaram variáveis ambientais — como luz, temperatura do ar e da superfície do mar, chuvas e profundidade oceânica — para entender as origens desse aumento da fotossíntese na terra e da queda nos mares.

O principal fator para o grupo é o aumento das temperaturas ao redor do mundo, o que impactou os dois cenários de forma contrária:

  • O aumento de PPL terrestre ocorreu principalmente em plantas de latitudes mais altas, onde o aquecimento global estendeu as estações de crescimento e criou temperaturas mais favoráveis, além de aumentar a umidade em regiões temperadas.
  • A queda na PPL nos oceanos foi provavelmente causada pelo aumento da temperatura da superfície do mar, que afetou as algas ao dificultar a circulação de nutrientes essenciais à sua sobrevivência, um processo que depende de águas frias.

A equipe também percebeu que os fenômenos El Niño e La Niña tiveram uma influência maior nos oceanos do que na terra. Segundo o estudo, uma sequência de eventos La Ninã após 2015 foi em parte responsável pela diminuição na PPL oceânica, algo que destaca a maior sensibilidade dos ecossistemas marinhos às mudanças climáticas.

A Mata Atlântica, uma típica floresta tropical, contem a segunda maior biodiversidade das Américas. (Imagem: Wikimedia Commons/Reprodução)

Os cientistas concluem que os ecossistemas terrestres tiveram um papel fundamental na compensação dos declínios na PPL oceânica. Porém, o grupo alerta: a estagnação da produção em terra nos trópicos, junto à queda de produção nos mares, pode enfraquecer as teias alimentares tropicais, afetando a biodiversidade e a atividade econômica desses locais.

“Se o declínio da produção primária oceânica continuará — e por quanto tempo e em que medida os aumentos em terra podem compensar essas perdas — continua sendo uma questão fundamental sem resposta, com implicações importantes para avaliar a saúde de todos os seres vivos e orientar a mitigação das mudanças climáticas”, disse Zhang. Para os pesquisadores, é essencial que esse monitoramento continue.

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