Um artigo publicado este mês na revista Nature Astronomy relata a descoberta de uma anã branca formada a partir da colisão de duas estrelas. A detecção foi possível graças ao Telescópio Espacial Hubble, da NASA, em um estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Warwick, na Inglaterra.
Em poucas palavras:
- Pesquisadores britânicos descobriram uma estrela anã branca rara;
- O Telescópio Hubble identificou sinais ultravioleta revelando origem incomum;
- A anã branca WD 0525+526 formou-se por colisão, não pelo envelhecimento estelar;
- Sua atmosfera exibe carbono exposto, que evidencia evento catastrófico passado dramático;
- Ela é mais quente e mais pesada até que outras anãs brancas de origem semelhante.
Localizada a cerca de 128 anos-luz da Terra, a estrela WD 0525+526, à primeira vista, parecia uma anã branca típica, mas observações em luz ultravioleta do Hubble mostraram sinais de uma história diferente.
De acordo com esses sinais, ela surgiu de uma fusão estelar, e não do envelhecimento padrão de uma estrela, como é o caso do Sol. A descoberta mostra que nem todas as anãs brancas seguem trajetórias previsíveis e que algumas carregam memórias de eventos extremamente energéticos.
Anãs brancas padrão nascem do ciclo de vida previsível de uma única estrela
As anãs brancas são remanescentes densos de estrelas que esgotaram seu combustível nuclear. Apesar de pequenas, com cerca do tamanho da Terra, elas podem concentrar até 1,4 vez a massa do Sol. Normalmente, surgem do ciclo de vida previsível de uma única estrela, que expulsa suas camadas externas e deixa para trás o núcleo.
No caso da WD 0525+526, no entanto, marcas na atmosfera da estrela entregam um passado muito mais dramático do que se poderia imaginar.
Os cientistas envolvidos na pesquisa notaram uma quantidade incomum de carbono na superfície da estrela. Em anãs brancas típicas, esse elemento fica escondido sob camadas de hidrogênio e hélio. Durante uma colisão, essas camadas externas podem ser removidas, permitindo que o carbono suba à superfície. De acordo com um comunicado da NASA, esse detalhe é difícil de perceber na luz visível, mas a visão ultravioleta do Hubble tornou o fenômeno claro para os pesquisadores.
A presença do carbono é um indicativo de que a estrela passou por um evento catastrófico no passado: a colisão de duas anãs brancas ou de uma anã branca com uma estrela subgigante.
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Outros casos semelhantes podem estar escondidos no Universo
A WD 0525+526 se destaca mesmo entre as poucas anãs brancas originadas por fusões já conhecidas. A temperatura de sua superfície chega a cerca de 20,7 mil graus Celsius, e ela tem apenas um pouco mais de massa que o Sol. Isso a torna mais quente e mais pesada que outras estrelas da mesma categoria, fazendo deste um caso raro e especial.
Além disso, a análise sugere que estrelas similares podem estar escondidas entre as anãs brancas aparentemente normais no Universo. Segundo os pesquisadores, a descoberta abre espaço para novas investigações.
“Gostaríamos de ampliar nossa pesquisa sobre este tópico, explorando o quão comuns são as anãs brancas de carbono entre anãs brancas semelhantes e quantas fusões estelares se escondem na família normal das anãs brancas”, disse o astrofísico Antoine Bédard, que coliderou o estudo. “Isso será uma contribuição importante para a nossa compreensão dos binários de anãs brancas e dos caminhos para as explosões de supernovas”.
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