Humanos têm ‘sétimo sentido’ semelhante ao de aves, segundo estudo

Seres humanos podem sentir objetos sem tocá-los, por meio de uma espécie de “sétimo sentido”. É o que revela uma pesquisa da Queen Mary University of London e do University College London, que analisou sistemas sensoriais de aves costeiras, como maçaricos e borrelhos. Os resultados fornecem evidências quantitativas de uma habilidade tátil até então desconhecida em humanos.

“É a primeira vez que o toque remoto é estudado em humanos, e isso muda nossa concepção do mundo perceptivo (o que é chamado de ‘campo receptivo’) em seres vivos”, afirmou Elisabetta Versace, professora sênior de Psicologia e líder do Laboratório Prepared Minds da Queen Mary, idealizadora dos experimentos com humanos.

As descobertas também oferecem parâmetros valiosos para o aprimoramento de tecnologias assistivas e sensores táteis em robôs. Ao utilizar a percepção humana como modelo, engenheiros podem projetar sistemas robóticos que integrem sensibilidade tátil semelhante à humana para aplicações práticas, como sondagem, escavação ou busca em ambientes com visão limitada.

Pesquisa usou como base sistemas sensoriais de aves costeiras, como maçaricos e borrelhos (Imagem: johnemac72/iStock)

“Essas informações podem orientar o desenvolvimento de robôs avançados capazes de realizar operações delicadas, como localizar artefatos arqueológicos sem danificá-los ou explorar terrenos arenosos ou granulares, como o solo marciano ou o fundo do oceano”, disse Zhengqi Chen, estudante de doutorado do Laboratório de Robótica Avançada da Queen Mary.

O experimento

Os pesquisadores fizeram duas análises:

  • Uma com humanos para avaliar a sensibilidade da ponta dos dedos a estímulos táteis de objetos enterrados;
  • A outra um experimento utilizando um braço robótico equipado com sensores táteis e um modelo de memória de longo prazo (LSTM) para detectar a presença de objetos. 

No teste inicial, participantes moviam os dedos suavemente na areia para localizar um cubo escondido antes de tocá-lo fisicamente. Surpreendentemente, os resultados revelaram uma habilidade comparável à observada em aves costeiras, apesar de os humanos não possuírem as estruturas especializadas do bico que possibilitam esse sentido nas aves. 

Mão humana detecta a presença de objetos enterrados ao perceber deslocamentos mínimos na areia (Imagem: krblokhin/iStock)

Os resultados mostram que as mãos humanas têm mais sensibilidade do que o esperado. Ao modelar os aspectos físicos do fenômeno, o estudo descobriu que as mãos humanas são notavelmente sensíveis, detectando a presença de objetos enterrados ao perceberem deslocamentos mínimos na areia ao redor deles. 

Essa sensibilidade se aproxima do limite físico teórico do que pode ser detectado a partir de “reflexões” mecânicas em material granular, quando há um movimento de areia que é “refletido” em uma superfície estável (o objeto escondido).

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Como se saiu o robô?

Ao comparar o desempenho humano com o de um sensor tátil robótico treinado com um algoritmo de Memória de Longo Prazo (LSTM), os humanos alcançaram uma impressionante precisão de 70,7% dentro da faixa detectável esperada. 

Curiosamente, o robô conseguiu detectar objetos a distâncias ligeiramente maiores, em média, mas frequentemente apresentou falsos positivos, resultando numa precisão geral de apenas 40%. Tanto humanos quanto robôs apresentaram desempenho muito próximo da sensibilidade máxima prevista pelos modelos físicos e pelo deslocamento. 

Descobertas oferecem parâmetros para o aprimoramento de tecnologias assistivas e sensores táteis em robôs (Imagem: quantic69/iStock)

“O que torna esta pesquisa particularmente empolgante é a forma como os estudos com humanos e robôs se influenciaram mutuamente. É um ótimo exemplo de como a psicologia, a robótica e a inteligência artificial podem se unir, demonstrando que a colaboração multidisciplinar pode gerar tanto descobertas fundamentais quanto inovação tecnológica”, disse Lorenzo Jamone, professor associado de Robótica e IA na University College London.

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